Transcrevo notícia do JN
Tiros disparados contra pavilhão onde José Sócrates discursou
JN.080628.01h55m
Seis tiros foram disparados esta sexta-feira à noite, em Portimão, acertando na cobertura do Pavilhão Arena, de onde saíra meia hora antes o primeiro-ministro José Sócrates, mas só dois projécteis acertaram na cobertura do recinto.
Fonte do gabinete do primeiro-ministro disse que José Sócrates já se encontrava, na altura dos disparos, perto de Albufeira, a cerca de 20 quilómetros do local. Segundo uma testemunha, que estava no exterior do Pavilhão, ouviram-se primeiro três tiros, seguidos de outros três, desconhecendo-se o local de onde foram feitos. A mesma fonte adiantou que não viu qualquer movimentação de veículos na estrada junto ao recinto, admitindo a hipótese que tenham sido efectuados por indivíduos que estivessem escondidos nas imediações ou ainda nas residências a cerca de cem metros.
Na altura, ainda se encontravam no interior e no exterior do Pavilhão, onde decorria um jantar da Federação do PS Algarve, centenas de pessoas que, apesar de tudo, mantiveram a calma.
O presidente da Câmara Municipal de Portimão, Manuel da Luz, desvalorizou o incidente atribuindo os disparos a indivíduos que se entretêm a disparar contra placas de sinalização. "Nos últimos quinze dias, têm aparecido sinais e placas de trânsito furadas por tiros, desconhecendo-se os autores do disparos", acrescentou. Ninguém ficou ferido no incidente.
A polícia viria a encontrar cinco invólucros de uma arma de calibre 7.65 milímetros, calibre normalmente utilizado pelas forças de segurança, num parque de estacionamento a cerca de cem metros do Pavilhão Arena.
Miguel Sousa Tavares - Uma opinião corajosa
Há 5 horas
15 comentários:
A máquina de propaganda do regime quer convencer que se tratou de brincadeira de mau gosto, por grupo de miúdos que atiram contra as placas de sinalização das estradas. Mas parece que a PJ está a levar o caso mais a sério e já tem no terreno muitos inspectores a investigar. Para ela, pode tratar-se de um alerta do género: «põe-te a pau que da próxima será a sério».
Agora a PJ tem um caminho lógico (já me criticaram por falar em lógica, coerência, racionalidade!) a seguir: investigar nos grupos sociais mais desagradados com as condições actuais: juízes, professores, médicos, bombeiros, forças de segurança, forças armadas, ex-combatentes, pescadores, agricultores, camionistas, beneficiários do SNS, funcionários públicos, clientes de bancos, clientes da EDP, etc., etc.
É de esperar que, usando de método criterioso e lógico, irão encontrar os meliantes que fizeram aquela «brincadeira de mau gosto».
Mas parece que a PJ já está a ser pouco coerente (!) pois por causa de tal brincadeira está a empenhar muitos mais meios do que quando é assassinado um segurança nocturno no Porto!
É claro que cada um dos militantes do partido que estavam no pavilhão e que nem deram por nada(!) se considera com mais valor do que o tal segurança que foi morto.
Coisas da nossa democracia.
“Valham-nos Deus e todos os santinhos!”, como é costume ouvir-se e/ou dizer-se depois de se lerem notícias destas. Ou, numa perspectiva mais reunificadora religiosa global, deveríamos dizer “Valham-nos Deus, Maomé, Alá, Buda… e todos os profetas!”? Por mim, já prefiro usar a expressão mais realista e pragmática “Valham-nos os pacificadores intervenientes reais, concretos ..e poderosos!”
Depois desta primeira reacção, assaltou-me logo a lembrança da guilhotina, aquele objecto “reinventado” pelo dr. Guilhotin, senhor de estranhas convicções humanitárias…(Só espero que a minha conclusão futurista no artigo “Luís XIV e a actualidade actual”não me faça convencer de que possuo poderes mediúnicos.:) É que não tenho nenhuma bola de cristal nem leio nas borras de café…)
Mas, como já percebi que “nada acontece por acaso”, até receio pensar no que, ou quem, poderá estar por detrás de notícias destas ou, tratando-se de propaganda, que resultados se pretendem atingir… Armas de fogo militares em mãos descontentes, o que implicaria um maior controlo das forças de segurança? Excesso de “meliantes” à solta, justificando a construção de mais cadeias? Algarve “perigoso”, de onde importa afastar turistas curiosos e críticos, como tal incómodos? Algarve anexado a Espanha ou até independente? Descontentamento popular avisando que “para a próxima é de vez”? Contestação a um bom jantar bem servido e regado a “ilusionistas” em quem muitos já não acreditam e quando outros não se alimentam em condições? Entretém de jovens sem outra ocupação que não seja o divertimento do “passar o tempo”? Demonstração de competências “CSI” da PJ? Alerta à importância da vida de uns em detrimento da de outros? Hum.. Terá o TGV alguma relação com os tiros? :)(Como a sua existência está cada vez mais justificada com a greve dos camionistas...já nem digo nada!)...esperemos o desenvolvimento!
Manuela :)
O pavilhão onde se realizou o comício de Sócrates, Arena de seu nome, fica rodeado de bairros degradados. Aliás, em Portimão é normal encontrar bairros degradados, ou da lata, ao lado de boas urbanizações. É a vida...
Agora, ouvir tiros num desses bairros, é normal, é o país real, em contraste com o país virtual do sr.Sócrates...
Um abraço
Compadre Alentejano
Cara Manuela,
Esta sua análise é muito completa e pouco se lhe pode acrescentar.
Realmente, a violência não é a melhor solução para tornar o País mais próspero. Um pequeno acto que faça abrir os olhos para a insegurança geral, seria conveniente, mas este nem isso foi.
Pode aqui haver encenação o que já é um truque velho; desde a bomba na sarjeta quando o Salazar ia passar, ou o incêndio no Bundestag são casos conhecidos. Este caso de ontem pode ser mais um caso desses, pela forma como foi concretizado e o facto de a arma ser do calibre usado nas Forças de Segurança, isto é, dos próprios seguranças pessoais do Secretário Geral do PS.
A partir de agora, fica aberta a porta para maior restrição das liberdades, mais controlo, mais aceitação por parte da população do cerceamento da liberdade.
Vejamos o que virá a saber-se nos próximos dias.
Um abraço
A. João Soares
Caro Compadre,
Será uma oportunidade para que os políticos fiquem a saber que existem tais bairros, que também dão votos e que merecem seja dada atenção às suas carências e problemas. Seria bom que os políticos deixassem de viver nas nuvens e nas suas redomas e passassem a interessar-se mais pelos problemas reais dos mais necessitados.
Um abraçoRealmente, a violência não é a melhor solução para tornar o País mais próspero. Um pequeno acto que faça abrir os olhos para a insegurança geral, seria conveniente, mas este nem isso foi.
A encenação já é um truque velho desde a bomba na sarjeta quando o Salazar ia passar, ou o incêndio no Bundestag são casos conhecidos. Este caso de ontem pode ser mais um caso desses, pela forma como foi concretizado e o facto de a arma ser do calibre usado nas Forças de Segurança, isto é, dos próprios seguranças pessoais do Secretário Geral do PS.
Virá a saber-se.
Um abraço
A. João Soares
A noticia surpreende-me...há muita coisa mal, senao grave no país e sobre isso estou plenamente de acordo, mas desculpem o meu simplismo ou a minha ingenuidade: nao vislumbro nada além de um possivel grupo a querer divertir-se com um assunto que saberia ter, possivelmente cobertura. Depois também acho que a imaginaçao é por vezes, em condiçoes semelhantes um acto para criar coincidencias....alguém disse um dia que tudo é imaginaçao...no entanto os novos teologos da politica e da comunicaçao também dizem que a verdade da realidade está na suspeita, ou tornou-se na própria suspeita... "to be or not to be, that is the question?".
Um abraço e bom fim de semana.
António
Caro António,
Muita imaginação pode nascer deste caso insólito, porque não existe nada que incline para uma intenção de fazer mal ao PM, nem existe vontade de alguém ter publicidade e visibilidade pois nem há acção de que possam orgulhar-se. É isso que leva alguns observadores a pensar que foi uma encenação para justificar o endurecimento das acções repressivas. E a apoiar esta tese há o facto de os tiros serem feitos por arma do tipo das usadas pelas polícias. Mas foi tudo muito infantil e inverosímil.
Abraço e bom fim-de-semana
João
Caro A. João Soares,
Na minha modesta opinião, tratou-se de uma tosca operação de propaganda do regime. Se Sócrates já não se encontrava lá, qual a relação entre os tiros e o primeiro-ministro? Para mim, a ideia é "vitimizar" o pobre do Sócrates, como se não lhe bastassem as enormíssimas preocupações que já tem em satisfazer os interesses do patronato, sem que isso pareça uma política deliberada deste governo...
Podia, talvez, ser utilizada uma arma menos óbvia, como, p.e., uma bomba de fragmentação, das que estão imenso na moda, especialmente no exército israelita.
Um abraço amigo
Caro Jorge,
Pode servir para vitimizar e servir de pretexto a mais repressão. Não faltará o incremento das escutas telefónicas, as buscas domiciliares à procura de armas, as perseguições a pessoas suspeitas, etc.
Na história do último século não faltam casos parecidos aproveitados dessa maneira.
Um abraço
João
Mais um acontecimento neste nosso Portugal tão débil. Seria bom que as cabeças "brainless" que se encontram refasteladas nas cadeiras do poder e nas mesas de lautos jantares e almoços começassem a pensar em promover justiça social, a bem da sua própria vida. Um pouco de medo não lhes assentaria nada mal. Querem tapar-nos os olhos com a peneira mas esquecem-se que os portugueses em apuros e muitos deles com fome estão a arregaçar as mangas. Em frente...
Milai
O caso parece não ter sido fruto de um movimento organizado. Mas mesmo uma única pessoa, movida por idealismos ou por desespero em luta contra necessidades prementes que não consegue satisfazer, pode causar «estragos».
Recorde-se o caso da morte de Sidónio Pais, por José Júlio Costa há quase 90 anos http://www.correioalentejo.com/index.php?go=alentejanos&id=12
Para evitar, não há soluções milagrosas, mas a medida mais eficiente consiste em cuidar do bem estar das pessoas por forma a eliminar os motivos de maior descontentamento.
Um abraço
João
Penso que o que esta troca de opiniões, no sentido de se encontrarem razões para um acto que “alertou” algumas pessoas, não terá tanta importância como as consequências que dele advirão. Como diz o compadre alentejano, em qualquer “bairro de lata” há troca de argumentos balísticos,situação que é considerada perfeitamente "normal", tendo sido já há muito tempo esquecida a diferença entre o "normal" e o "anormal", mas a verdade é que este acto, “inocente” ou “trabalhado”, vai dar frutos. De que tipo, é que ainda não sei, mas brevemente o país irá deles ter conhecimento. O mais provável é aparecerem já maduros porque foram injectados em catacumbas e longe de olhares atentos…
Manuela
Cara Manuela,
Nada acontece por acaso. Tudo teve as suas causas e terá os seus efeitos, quanto mais não seja, pelas reacções do poder. Os frutos só serão conhecidos depois de amadurecidos e apenas para as pessoas mais atentas que consigam relacionar os factos.
Os valores éticos desaparecerem e já se confunde «normal» com «anormal». Bate-se em Juízes, polícias e professores, matam-se os pais e os filhos, etc. com ares de normalidade democrática!!!
Abraço
João
Este pode ser mais um episódio para preparar nova maioria absoluta nas próximas eleições, o povo português tem a tendência a dar tudo às vítimas, mesmo que sejam falsas ou virtuais, como acontece nas telenovelas da ficção ou da vida real, como parece ser esta.
No entanto é estranho que o presidente da câmara, fale em vandalismo, com armas de guerra (7,65mm), contra os sinais e não diga se a pj está a investigar o caso.
Confundir uma tenda pavilhão com um sinal de trânsito também é obra.
Estou de acordo com o amigo Soares, quanto aos meios disponibilizados para investigar um caso, que não o foi, comparando com a morte real duma pessoa como a do referido segurança.
Volto a dizer que pode ser o início da produção (por encomenda ou por excesso de zelo) de factos, que podem levar a um aumento de repressão, como foi referido, com vista ás próximas eleições, as vítimas têm a compaixão do povo, e o primeiro-ministro é “mestre” em culpar os outros, até me parece que ele já culpou todo o povo, de querer mal ao país que é o dele e só dele e que só ele vê como um paraíso, menos aqueles, claro, que são das suas relações pessoais e não deve ser só o dirigente CAP.
Um abraço
Carlos Rebola
Carlos Rebola,
A seu tempo, embora nunca haja uma certeza absoluta, a verdade começará a aclarar-se. De qualquer forma o uso da violência é um mau sintoma e isto pode entusiasmar algum mais louco a imitar o acto do ex-combatente sargento José Júlio Costa contra o Presidente Sidónio Pais, em 14 de Dezembro de 1918. Não seria bom para o País cair em tal situação.
Abraço
A. João Soares
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