Há dias falou-se da diferença entre os salários mais altos e os mais baixos, como indicador da injustiça social na distribuição da riqueza, criador de mal-estar preocupante. Hoje, chegam notícias da ostentação de riqueza dos nossos políticos em relação a homónimos dos países nossos parceiros.
Par começar, surgem duas perguntas:
1.Nicolas Sarkozy, o presidente da distinta França em que o Produto Nacional Bruto (PND) per capita é mais de 2,5 vezes o de Portugal, ganha mais todos os meses que o nosso chefe de Estado?
2. Os deputados da vizinha Espanha em que o PNB per capita é 1,5 vezes o de Portugal e que nos bate aos pontos em crescimento económico, têm direito a salários mais fortes que os seus colegas portugueses?
Pense duas vezes antes de responder, porque a resposta não é de todo evidente.
A diferença não ultrapassará os 700 euros, mas o vencimento de Cavaco Silva ultrapassa o do seu homólogo francês, mesmo tendo este funções executivas. E também os deputados portugueses batem os espanhóis, em termos de ordenado base, por cerca de 600 euros. Quanto a demais benesses e ajudas de custo nem vale a pena compará-las existem em todos os países.
E quanto a salários mínimos nacionais? Nisto nem vale a pena falar!
E, entretanto, ouve-se as pessoas exclamarem «Já viste o que ganham os deputados? E a Assembleia da República sempre vazia!». Por outro lado, enquanto lá fora a riqueza e as condições médias de vida são cada vez melhores, por cá, os políticos apesar de usufruírem das regalias dos maiores, mandam o povo apertar o cinto sem prazo definido.
Até poderiam ganhar mais se tal fosse justificado pelo que fazem e se o seu labor pudesse ser devidamente apreciado de forma positiva pelos contribuintes, o que poderia fazer o nosso sistema ter condições para funcionar melhor, em vez de criar défice, por má gestão dos recursos públicos em obras pomposas e de ostentação.
Para melhor conhecimento do tema poderá ser lido:
Cavaco ganha mais que Sarkozy e deputados batem espanhóis
Os salários dos políticos
O regresso de Seguro
Há 24 minutos
4 comentários:
Estamos muito rapidamente a colocar-nos no patamar parecido com o Brasil. Eles sao a maioria pobres em pais rico, e nos somos uma minoria ricos em pais pobre!!!
Um abraco d'Algodres.
Uma disparidade chocante. E, ainda, mais grave parece ser o facto de não existir nenhuma entidade oficial que possa controlar estes abusos relativos aos ordenados dos cargos públicos. Uma vez que são os próprios detentores desses cargos - a nível dos legisladores, ou seja, os deputados - que definem bitolas, níveis de remuneração, o sistema fecha-se sobre si próprio, permitindo-se tudo.
Um abraço
Caros Albino e Jorge,
Panorama complicado e sem solução à vista pelos meios legais e formais. É preciso não calar estas discrepâncias e gritar bem alto que «o rei vai nu». Depois, virá o momento em que o povo, o verdadeiro detentor da soberania, dê um berro selvagem de «BASTA!».
A partir daí, talvez se enverede por um novo rumo mais consentâneo com os interesses colectivos e que elimine explorações injustas e imorais.
Entretanto os detentores de poderes sem ética hão-de, apavorados, vendo uma ameaça em cada canto, aumentar as perseguições e as repressões, como a do Charrua, a do António Caldeira, a da directora do Centro de saúde Vieira Minho e de vários outros. Os ditadores sofrem todos desse desequilíbrio mental que os torna alheios às realidades do meio ambiente e obcecados pelos seus objectivos de mais poder.
É preciso estar atentos aos sintomas precoces mais perceptíveis.
Abraços
Se fosse só isso...abraço,
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