Transcrição do segundo parágrafo da crónica de Rafael Barbosa no Jornal de Notícias de hoje:
Rui Pereira é um ministro extraordinário. Ano após ano, estatística após estatística, vislumbra sempre uma melhoria por entre a vaga de criminalidade que atormenta o resto dos portugueses.
Há cerca de um ano, perante a subida galopante da criminalidade violenta registada em 2008, argumentou que os números seriam melhores em 2009. Um ano depois, apresenta a fabulosa queda de 0,6% na tal criminalidade violenta.
Que interessa que nos distritos do Porto e de Viseu o crime esteja em crescendo?
Porquê destacar o facto de a criminalidade juvenil registar uma escalada de 10%?
Acaso isso será um sinal de um futuro cada vez mais violento?
Quem se incomodaria com o facto do número de processos por crimes sexuais crescer 12%?
Um destes dias contribuí, enquanto vítima, para engordar as estatísticas de assaltos a garagens. E fiquei esclarecido quanto ao que se pode esperar: o agente tratou logo de explicar que não vale a pena contar com a Polícia. Na zona que ele tem de patrulhar moram muitas dezenas de milhares de pessoas, mas há apenas um carro-patrulha para fazer a ronda nocturna. E pelo que percebi, está quase sempre ocupado a registar ocorrências, não a evitar que elas aconteçam.
NOTA:
Como levar o ministro a sério? Como ter confiança nas suas perspectivas de segurança? Como será no fim deste ano e em 2011 e em 2012? Até quando poderemos resistir? Entretanto vem a notícia «Associação criminosa sobe 60%».
Mas apesar deste panorama de ‘verdade e transparência’ nas palavras dos governantes, «Sócrates pede aos jovens que tenham confiança no país».
Como compreender? Como nos orientarmos? Nem um GPS nos levará a um objectivo salutar.
O regresso de Seguro
Há 47 minutos
6 comentários:
Caro João,
O último parágrafo diz tudo: sem meios e com os agentes a serem "atacados" nos tribunais como é que se pode debelar este problema? Portugal tornou-se o "Eldorado" do banditismo na Europa!!! Vêm de todo o lado: Brasil, Colombia, Espanha, Roménia, Máfias do Leste e da China, etc., etc.
Não sei onde isto vai chegar...
Um abraço amigo.
Caro Luís,
Este artigo que transcrevo e a minha nota estão cheios de ironia, há palavras entre aspas que querem dizer o contrário daquilo que consta nos dicionários. Mas uma pessoa mais apressada pode não dar conta disso.
Recebi um e-mail de discordância deste post, noutro blogue, vindo de um amigo extremamente rigoroso que ficou chocado com o início do artigo «Rui Pereira é um ministro extraordinário.», e isso abespinhou-o ao ponto de não dar conta da ironia tanto do autor do artigo como da NOTA final que lhe acrescentei.
A intenção era mostrar a falta de seriedade, de transparência de franqueza, de lealdade dos políticos e incoerência entre o que pediu e aquilo a que o ministro se referiu com menos verdade, usando do seu habitual esforço de persuasão que se lhe nota na cor do rosto e nas carótidas intumescidas, ao dizer coisas falsas e difíceis de convencerem o mais tapado’.
A ironia tem este inconveniente, o de poder passar despercebida e vir a ser interpretada no sentido contrário ao pretendido ou se, pelo contrário, for explícita de mais deixa de ter graça.
Um abraço
João
Este Ministro é um dos meus favoritos.
Sobretudo a partir do dia em que disse que o Sarkozy era um "seboso" (sic), mas que tinha deitado a mão à Carla Bruni, que ele não percebia como, mas que era preciso ter cuidado a dizer estas coisas por causa dos microfones direccionais que para aí há e que escutam tudo.
Quando o parvo tem esta conversa e não percebe que está a ser escutado por um deses tais microfones (- Diga qualquer coisa ao microfone.
- Ok. Olá microfone!)o que é se espera dele que não seja entrar no anedotário nacional?
Parece realmente o mais anedótico do Governo e não compreendo a razão de ter passado do anterior para este. Deve haver grandes compromissos e cumplicidades entre ele e o PM. Quais?
Um abraço
João
Cheira-me a Lojas, caro João....
O fenómeno das lojas é curioso. Tal como as religiões, têm doutrinas muito positivas, mas as realidades são vizinhas das piores realidades das sociedades menos éticas.
Nada é perfeito entre os humanos, mas a imperfeição parece sobrepor-se a tudo. Deixou de ser excepção para ser regra. Organizações que nascem com bons propósitos, viram em bandos de coniventes, cúmplices, encobridores, como em qualquer mafia ou bando de criminosos.
Veja-se o que se passa nos clubes de futebol, e nas claques organizadas aparecidas há poucos anos. E nos partidos políticos, em que o mais significativo foi a unanimidade na aprovação da Lei do financiamento dos partidos.
Abraço
João
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