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Armadilha política
Correio da Manhã. 03 Março 2010, por Eduardo Dâmaso
O comunicado do Conselho Superior do Ministério Público vem repudiar a "politização da justiça". Tem toda a razão, mas espera-se que os conselheiros tenham começado por explicar ao procurador-geral da República que não pode dar entrevistas a falar de "armadilhas políticas" montadas nos processos e a partir da PJ e do Ministério Público.
Esta tese incendiária veio ajudar os que olham para a acção da polícia e dos magistrados de Aveiro como um acto de "espionagem política" e colocou Pinto Monteiro no terreno da política. Foi o próprio que aí se colocou em vários momentos e foi o próprio quem abriu caminho a ataques aos magistrados em geral.
Em vez de falar de armadilhas políticas, o procurador-geral deveria explicar porque é que a justiça é tão forte com os fracos e tão fraca com os fortes. Porque é que em três décadas, seja pelas intrincadas leis, pela falta de meios e, agora, pelo bloqueio hierárquico, não consegue investigar ninguém com influência política.
Ontem, o Conselho deixou claro que só lhe deu um aval se ele se estendesse também aos magistrados de Aveiro. É salomónico mas adequado às circunstâncias: o procurador-geral não sai mais forte da reunião e os magistrados de Aveiro e Coimbra, implicitamente atacados por Pinto Monteiro e abertamente pelo PS, saem reforçados. Ainda bem: a democracia fortalece-se pela base e não por cúpulas iluminadas.
Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto
A Decisão do TEDH (399)
Há 36 minutos
2 comentários:
Caro João,
Com o perigo de me repetir direi que dou inteira razão ao articulista! Foi o PGR que se politizou e que politizou a Justiça, com as suas declarações.
Um abraço amigo.
Amigo Luís,
A vaidade está a levar os políticos e outros ocupantes de cargos públicos a entrarem numa competição desenfreada para ver quem mais aparece nos media. E isso presta-se a afirmações impensadas, insensatas e inoportunas que vão degradando a credibilidade do sistema e a retirar da população a pouca confiança que tinham e que já era pouca. Os maus exemplos sucedem-se e a sociedade perde qualidade, com prejuízo para todos os portugueses.
Deviam ir todos para a escola, uma boa escola ao estilo eficiente de muitos países onde se educa de forma integral, completa, um pouco à maneira de há meio século por cá, ou das «escolas regimentais».
Um abraço
João
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