Medina Carreira não vê hipóteses de mudança na próxima legislatura
Porto, Portugal 30/09/2009 21:04 (LUSA)
Porto, 30 Set (Lusa) - O fiscalista português Medina Carreira afirmou hoje que a nova legislatura não vai resolver os grandes problemas nacionais, uma vez que "andam há anos a enganar o país", acrescentando que "seria igual se [o resultado das eleições] fosse ao contrário".
"Não vejo, na próxima legislatura, a mínima hipótese de mudança", referiu o antigo ministro das Finanças, acrescentando que "os políticos das novas oportunidades são maus demais para entender este país".
Na apresentação do livro "Portugal que Futuro?", Medina Carreira disse que "a questão do momento não é o discurso do Presidente da República mas saber por que não se investe cá".
Confrontado pelos jornalistas, o ex-ministro das Finanças desvalorizou o discurso de Cavaco Silva, contrapondo que "é urgente criar as condições para o investimento em Portugal porque, se não se faz isso agora, vamos ter graves problemas".
"Ninguém apresentou um estudo sobre as razões da falta de investimento em Portugal. O primeiro-ministro é muito hábil a distribuir dinheiro mas não sabe onde o vai buscar", criticou o fiscalista na apresentação do livro em co-autoria com o jornalista Eduardo Dâmaso, na Associação Comercial do Porto.
Segundo Medina Carreira, "não são só as pequenas e médias empresas que vão fazer subir o peso do sector secundário", que considerou vital para aumentar as exportações e reduzir a dependência portuguesa em relação ao estrangeiro.
"O problema que temos de imediato é o financiamento exterior da nossa economia. Se falhar o acesso à tesouraria estrangeira, vamos ter um problema de finanças públicas dentro de poucos anos", alertou.
Neste contexto, o fiscalista criticou os grandes investimentos públicos, considerando que "se se fizerem as auto-estradas planeadas, seremos o quarto ou o quinto país com maior densidade de auto-estradas no mundo, o que é uma loucura e quem o fizer devia ser internado".
Questionado sobre um eventual aumento dos impostos, Medina Carreira disse "não ver por onde se possa mexer", referindo a tentação de aumentar o IVA como um erro, uma vez que "atinge sobretudo as classes mais modestas".
JNM. Lusa/Fim
Transcrito do blog A Tulha do Atílio, onde foi publicado pelo migo Luís
A Decisão do TEDH (397)
Há 2 horas
2 comentários:
Caro João,
Realmente é pena que os nossos (des)governantes não dêm a devida atenção a este senhor.
Um abraço.
Caro Amigo Luís,
Será bom que apareçam mais analistas independentes como este, que saibam olhar para os interesses de Portugal acima dos interesses corporativos que, embora legítimos, devem ser vistos na sua escala.
Sem uma visão do conjunto não será possível colocar tudo a girar de forma coerente e harmónica.
Precisamos de uma pequena equipa de pensadores descomprometidos que façam um bom diagnóstico e proponham a terapia adequada.
Um abraço
João
Enviar um comentário