Ontem em Belém, o Presidente da República pediu união e transparência na vida pública. Palavras muito significativas que deviam ser levadas muito a sério por todos os que ocupam cargos de responsabilidade pública e nos destinos do País. Porém, quando foram pronunciadas, o seu autor, qual Frei Tomás, estava a fazer o contrário. Naquele dia devia estar unido aos portugueses na comemoração do 99º aniversário da implantação da República. É essa a tradição histórica que, pela verdade dos factos, sempre teve na varanda do município de Lisboa o seu local próprio. Não se trata deste ou daquele partido, deste ou daquele município, é um local de Portugal onde se deu um facto histórico, em 5 de Outubro. A ida do PR discursar para Belém, tendo faltado na cerimónia nacional nada contribuiu para a união. Antes pelo contrário. Houve uma desunião, mesmo no aspecto pessoal entre o que falou e o que agiu.
Quanto à transparência, também não ficou clara a justificação para tal acto dissidente. O receio de influência partidária na campanha para as eleições autárquicas de dia 11 não colhe. A cerimónia nacional nada tem a ver com um ou outro dos concorrentes, sendo apenas histórica, sendo de todos os portugueses e situando-se a um nível muito superior a qualquer interesse partidário. A forma como tudo se passou, sendo o discurso feito noutro cenário diferente do tradicional e em local alheio ao facto evocado pode ser interpretado como uma ingerência na campanha eleitoral, por evidenciar hostilidade ao PS ( na cúpula da gestão camarária), um pecado por omissão (?).
Também ficou provado que não se tratou de não querer discursar porque acabou por fazê-lo mas fora do local do costume. Se aqui há transparência, há que ensinar às pessoas o novo significado desta palavra. Este assunto faz lembrar os artigos hoje constantes da imprensa «Nada de novo» de Luísa Castel-Branco no Destak e «Mau, mau!» de Sérgio Andrade no JN.
Num período em que se prepara um novo Governo e se inicia nova legislatura, seria de esperar que o PR exercesse uma função de liderança procurando levar os partidos a uma melhor união e cooperação, para se tomarem sem dificuldades as maiores decisões de que o País carece para restabelecer o rumo para o progresso, o desenvolvimento e a felicidade dos portugueses. Mas, com actos falhados, perde-se credibilidade e torna-se difícil levar os partidos a uma plataforma de entendimento e de transparência no combate aos piores vícios de que sofrem os actuais políticos.
Não percamos as esperanças de melhores dias, mas os sintomas não parecem animadores.
O dia mais longo do ano
Há 2 horas
6 comentários:
Frei Tomás... façam o que ele diz e não o que ele faz. Os jogos de poder não sãomodos de servir os cidadãos, mas a ambição e desejo de poder cegam muita gente.
Abraço do Zé
Amigo Zé Povinho,
É isso. Só pensam em jogos de poder. As campanhas eleitorais não passam disso. Não esclarecem ninguém sobre os problemas que nos apoquentam nem nas soluções que pretendem aplicar.
São como uma espécie de reles atletas que pretendem chegar à meta, não pela sua capacidade física mas pelas rasteiras que pregam aos rivais. As tricas e politiquices é que imperam.
As palavras são truques de vendedor de banha da cobra ou de ilusionistas para enganar o povo que vive longe da porcaria do chiqueiro ou pântano em que tudo se passa. Salvo eventuais excepções, são todos iguais.
Abraço
João
Como respeito a isenção, o rigor e a transparência, coloco aqui este link com explicação da Presidência da República
Cavaco Silva volta a dizer que seguiu a “tradição” em ano de eleições.
Caro A. João Soares,
Por falar em sintomas nada animadores,atente-se que em recentes sondagens, candidatos como o Isaltino Morais, Ferreira Torres, Fátima Felgueiras e o Valentim Loureiro, estão bem posicionados para serem eleitos/reeleitos!
Está tudo dito e atrevo-me a dizer que realmente não merecemos uma democracia melhor... infelizmente!
Cumprimentos,
ALG
Caro ALG,
Gosto de começar por dizer «salvo eventuais excepções», estão todos unidos, são muito iguais nos interesses e ambições. Nunca se esqueça que em casos de grande importância nacional sempre houve dicotomia Governo-Oposição, mas na votação da lei de financiamento dos partidos em que discretamente se favorecia a corrupção, o compadrio o apoio a lavagem de dinheiro e a negócios escuros, todos estiveram unidos na AR. Houve apenas a excepção de António José Seguro que, talvez estivesse distraído, a pensar noutra coisa.
Tudo muito boa gente!!!
Abraço
João
Caro João,
No que concerne à não ida ao edificio da Camara Municipal fizeste bem em referir que outros Presidentes em situações idênticas assim fizeram e não foram criticados. O erro do Cavaco foi ter falado antes em resposta às escutas. Agora será sempre criticado "por ter cão e por não ter"... Há que deixar "que a caravana passe ainda que os cães não parem de ladrar"... O "Bruahah" da malta acaba por se diluir quando não há respostas ao mesmo!
Um abração amigo.
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