É comum ouvir-se e ler-se que a menor longevidade do homens em relação às mulheres se deve a eles estarem dispostos a correr mais riscos, muitas vezes de forma pouco racional. Hoje as mulheres também ousam praticar desportos radicais. Também é da opinião generalizada que a escola não prepara as crianças para serem adultos responsáveis, o que significa saberem gerir as suas vidas com sensatez, lógica, rigor, responsabilidade, dedicação às tarefas que realizam.
Começam de pequeninas a não estudarem, não fazerem os trabalhos de casa, sem com isso receberem admoestação ou qualquer tipo de penalização adequada. A prática da vida mostra que a permissividade traz más consequências na vida prática. As empresas queixam-se da falta de dedicação do pessoal às tarefas, da falta de cuidado na procura da perfeição, da carência de profissionalismo e de sentido das responsabilidades, etc.
Há dias, a propósito da alta sinistralidade nas estradas, apesar do bom estado destas e da boa qualidade do parque automóvel, foi referida a deficiente preparação dos condutores, do seu civismo, etc, denunciando «desleixos trágicos» que lesam a vida, a saúde e os haveres de pessoas inocentes, vítimas da «loucura» de aventureiros incapazes de dominarem os veículos que levam nas mãos.
Agora chega a notícia realçada em todos os jornais (por exemplo: Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público) da explosão de um camião-cisterna que ocasionou um morto, seis feridos e a destruição de duas vastas instalações industriais, em Vila do Conde. Certamente, que ainda não se sabe oficialmente a causa do acidente mas, provavelmente, houve algum descuido no cumprimento de regras sensatas para o manuseamento de substâncias tóxicas, incendiárias e explosivas. Conduzir um camião carregado com tais produtos não é a mesma coisa que o fazer no transporte de madeira ou brita. Tenho muitas dúvidas que os condutores de tais veículos estejam devidamente preparados para salvaguardarem as suas vidas e as dos outros. Não basta saber mexer bem no volante e no acelerador. O tipo de carga exige preparação especial.
Mas a generalidade dos portugueses fiam-se na virgem e desprezam os cuidados mais essenciais, pensam que os acidentes graves só acontecem aos outros e depois, infelizmente, muitos nem podem contar como tal lhes aconteceu.
As escolas devem ensinar as crianças a ser ponderadas e pensar antes de fazer algo, mesmo que se trate de uma rotina, porque mesmo estas devem adaptar-se às circunstâncias de momento e de local.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Perigo desprezado
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