Transcrição do blog contrastes e bipolaridades, com anuência do seu autor.
Há imagens que nos magoam, revoltam e marcam para sempre.
Imagens que desejamos esconder bem fundo na alma, pois as julgávamos impossíveis de existir. São retratos da desilusão sobre uma realidade que a nossa imprensa pinta bem mais agradável, como se fosse o paraíso na terra. O El Dorado para os nossos empresários e investidores. O que se segue são apenas alguns retratos dos bairros pobres da periferia de Luanda (os famosos Musseques), onde falta de tudo, desde asfalto nas estradas, a energia eléctrica e água potável ou saneamento básico.
(Peço desculpa pela fraca qualidade de algumas das imagens, já que as mesmas foram tomadas com o telemóvel.)
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Imagens de Luanda
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11 comentários:
Amigo João,
Que espectáculo degradante...que triste.
Uma das minhas sobrinhas, economista, foi há dois meses trabalhar para lá.
Se isto são imagens da capital, não lhe dou mais um mês, por melhor que seja o vencimento.
Beijos
Ná
Cara Amiga Ná,
Lá como por muitas partes do mundo, os governantes ignoram e procuram não conhecer as realidades, porque só pensam nos benefícios que podem auferir para si, seus familiares e amigos.
Já pensou o que leva os políticos a esfalfarem-se durante as campanhas eleitorais para ganhar votos? Só pode ser porque esperam ficar ricos dentro de poucos meses.Já a juíza Maria José Morgado o diz. Eles não fariam tanto esforço pelos votos se quisessem tornar os portugueses mais felizes.
Casos como estes devem ser tornados públicos, para serem corrigidos, para que os políticos tomem conhecimento e procurem soluções.
O autor tem trabalhado ora lá ora cá e conhece bem os problemas.
Beijos
João
Caro A. João Soares,
Essas imagens fazem doer a alma, a quem teve o privilégio de "sentir" (não consigo descrever de outro modo)África e em particular Luanda, em tempos idos, infelizmente em tempo de guerra, mas mesmo assim as memórias da cidade apesar de tenra idade, não deixam de estar em confronto com as que aqui deixa.
E saber, que, o presidente angolano é "só" o detentor de uma das maiores fortunas de África, ainda é mais confrangedor!
E não deixamos de ter culpas nesse cartório, pela descolonização e pelo modo como não estamos a aproveitar a fase de crescimento em Angola onde outros, sem ligações históricas ou de outra espécie, já se instalaram percebendo que os dividendos serão muito elevados.
Enfim... mais uma nódoa na nossa história.
Cumprimentos,
ALG
Caro ALG,
O maior escândalo está nesse enriquecimento demasiado rápido e exagerado, à custa dos interesses nacionais, e da desgraça da quase totalidade da população. Sugiro a leitura do post recente Injustiça social.
O mundo está a dezcambar para o abismo, e a pacificação não passa de um sonho de alguns.
Abraço
João
Caríssimos,
A verdade é que sempre houve "musseques" à volta de Luanda! Só que não eram em tão grande quantidade e, apesar de tudo, tinham melhores condições do que os actuais! Esse crescimento deveu-se às guerras pós indepência que fez com que as populções procurassem Luanda para fugirem aos massacres que essas mesmas guerras traziam consigo. Para agravar os contrastes agora apresentados temos que os governantes na procura de se "encherem" têm criado uma "cidade nova fabulosa" em prejuízo de antes remediarem as condições miseráveis desses "musseques"! É que essas melhorias não fariam entrar novos investimentos e sem eles deixavam de haver "os mata-bichos" tão gostosos para os tais governantes... E o que passa por cá não será o mesmo? ainda que em menores proporções? É o mundo actual em toda a sua plenitude!!!!
UMA MISÉRIA!!!
Por cá a imagem que salta aos olhos não é a mesma, contudo as desigualdades aumentam e a miséria começa a revelar-se apesar da vergonha sentida. Os poderosos, os que têm capital ou influência "conduzem" o rebanho de modoa "abicharem" mais lucros ainda que à custa de muita exploração e fartura de miséria, que atirada para os guetos não incomoda aqueles senhores.
Abraço do Zé
Caros Luís e Zé Povinho,
Nada acontece por acaso e é sempre possível encontrar as causas do bem e do mal, mas o conhecimento das causas não nos teve conformar com os factos negativos, antes pelo contrário, deve servir de impulso para a procura de soluções para acabar com aquilo que é negativo e socialmente injusto.
É preciso garantir dignidade a todos. Não significa que se premeie o desleixo e a incúria dos pobres com a acumulação de subsídios, mas sim dar-lhes orientações e condições para eles contribuírem para melhorar as suas condições de vida: esclarecimento, mentalização, organização e enquadramento técnico, e o financiamento equilibrado e indispensável.
Abraços
João
Caro amigo João Soares,
O meu comentário vai, certamente, ser 'débil' de conhecimentos, mas quem dá o pouco que sabe, poderá contribuir para, não só enriquecer o seu saber através do que possam aprender com o contra-comentário dos outros mas, também, porque revela vontade de participar nessa bonita missão de nos mantermos acordados.
Portugal tem muitas 'culpas no cartório', no que se refere ao que fez pela cultura dos povos africanos, enquanto dominados por o sistema político português vigente na altura. Dado que argumento sempre que a base para solução de todos os problemas dum país assenta sempre no grau de 'boa' cultura do mesmo, atrevo-me a dizer que o que se passa hoje, nesses países africanos - refiro-me às ex-colónias potuguesas, neste momento - é, tão somente, fruto da incultura e da má formação dos que as governam actualmente. Os governantes de hoje, eram meninos desse tempo em que dominámos em Angola, etc.. Não podemos pedir o que não lhes foi dado: CULTURA, alicerçada em rigorosos princípios de respeito pelo semelhante. A análise das coisas que estão a acontecer 'hoje', deve passar, primeiro, pela análise do que fizemos 'ontem'. Os governantes desses países africanos (e porque não de outros ..., muitos!) - cuja má formação não 'desgruda' deles quando actuam - estão 'colados' a directrizes lançadas por outros países, com actuações muito bem orquestradas. Sem se aperceberem (ou talvez sim)de que não passam de simples instrumentos que grandes nações usam para defesa dos seus próprios interesses, levam à desgraça milhões de pobres incultos, vítimas directas de todo um complô.
Vou ficar-me por aqui, amigo João Soares. 'Eu não fervo, NORMALMENTE, em pouca água', mas quando se trata de não ver solução para inocentes ... isso, amigo João, põe-me fora do meu estado natural.
Beijinhos, um bom domingo e BEM HAJA pelo que faz na tentativa de melhorar a vida dos que sofrem quando, apesar de tudo, ainda é (somos) dos poucos privilegiados.
Maria Letra
Querida Amiga Mizita,
A evolução das sociedades, depende de uma grande variedade de factores que interagem em todas as direcções, tornando a explicação dos fenómenos muito complexa.
Tive oportunidade de ver que as crianças e adolescentes africanos têm vontade de aprender, de estudar, de fazer os trabalhos de casa. Mas o que as escolas lhes ensinavam poderia não ser o mais adequado para mais tarde assumirem responsabilidades. Por outro lado, e ligado a isso, não se viam muitas pessoas naturais em cargos de chefia, de direcção. No momento da independência não era fácil estabelecer uma boa estrutura administrativa, a todos os níveis, quer pública quer nas empresas. Mas não faltava ambição de poder, de riqueza, de imitação dos «grandes».
Daí resultou uma luta fratricida pela posse das rédeas do domínio, sem regras nem valores morais.
E o que é mais preocupante é que este retrato adapta-se a muitos países que se consideram civilizados. Os quadros dos partidos deixaram de se preocupar com o bom desempenho da defesa dos Países (para merecerem votos), e passaram a limitar-se â luta de galos em que desperdiçam energias e recursos nacionais, em benefício próprio e prejuízo do Estado.
Por lá e por cá, não faltam exemplos, desde a retórica das campanhas eleitorais até às decisões concretas da governação.
Como modificar isto?
Não é fácil, poerque quem tem poder para fazer uma alteração pacífica, não interesse nisso. De forma que um dia será a revolta generalizada, de cujos resultados muito há a recear. É necessário acordar sem adiamentos, para que a solução não venha a ser demasiado dolorosa.
Beijos
João
Caro João,
Como compreendo e sigo as tuas sensatas palavras. Esperam-se graves reacções a toda esta incúria e falta de solidariedade em que se vive! Quando acordarem pode ser tarde...
Um abraço,
Amigo Luís,
As reacções, para parar os actuais erros e melhorar as políticas de gestão dos países, deveria partir dos governantes que detêm o poder. Deviam Pensar antes de decidir, parar para pensar com lógica e com dedicação ao povo que depende das suas decisões, para tomarem as medidas mais adequadas à uma boa governação, sem tanta obsessão pelos interesses pessoais e pelos favores a grandes potências. O compromisso dos governantes é com o seu povo. Não o devem esquecer em momento algum.
Abraço
João
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