Transcrição do post com igual título publicado por Paulo Sempre no blogue «Filhos de um Deus Menor».
Hoje, as instituições militares estão a «saque». O «diapasão» do funcionalismo publico, a retórica politicamente correcta, a crise da palavra dada, o crescimento desmesurado de pantominas nas coisas sérias, os efeitos dos poderes ocultos que “mascaram” a realidade, há muito que “arrancaram” a «alma» da profissão militar.
Face às pressões desestimulantes, injustas e irreflectidas de que os militares são vitimas por parte de certos segmentos da sociedade, dentro da estratégia de dividir e desacreditar para reinarem, urge, na minha opinião, reflectir sobre a profissão militar, pouco visível aos olhos dos comuns cidadãos.
Como as demais funções sociais, a profissão militar tem que possuir a sua escala de valores específica, traduzida na defesa constante das virtudes militares.
Os militares só se elevam quando são inspirados por um alto ideal, quando o seu olhar contempla o orgulho de serem comandados por verdadeiros Comandantes/Chefes, agitados pela paixão de uma grande “aventura” colectiva e um poder político culto no que concerne à escala de valores em que se forjaram as virtudes e qualidades castrenses. A história militar mostra-nos que a confiança e a estima são nos momentos de crise as mais seguras garantias da disciplina e o melhor “bálsamo” para enfrentar os dias de miséria e de desgraça.
Infelizmente, hoje são raros os discursos que possam em determinado momento, dar coragem às vitimas das expectativas politicas sempre adiadas, ou incutir fortemente no espírito dos militaras que ainda vale mais morrer combatendo de que “salvar” a vida por uma “fuga” preparada nos labirintos da anárquica gestão de pessoal onde cada militar é conhecido por um numero.
Os sentimentos de coragem e energia dos militares só serão eficazes quando estes forem reconhecidos com dignidade por leis que promovam a consideração dos realmente mais válidos e a punição efectiva dos criadores de expectativas frustradas ou sempre adiadas e dos que consideram os militares meros servidores do Estado.
Qualquer desconsideração da profissão militar é, pois, um “atentado” à própria autoridade do Estado e à segurança e tranquilidade dos cidadãos.
A falta de respeito pelas Instituições Militares, ou equiparadas, arruína, irremediavelmente, as qualidades morais que impelem os militares a cumprir os seus deveres para com a sua Pátria, com o mais elevado grau de obediência e respeito à Hierarquia e à Disciplina. A inércia do Estado nesta matéria e/ou a dolosa omissão do Estado na criação de mecanismos estatutários que empolguem o espírito das instituições militares, ou de carácter militar, deteriora as vigas mestras, os sustentáculos onde devem assentara condição militar e de onde brotam as seculares virtudes militares.
Vale a pena recordá-las – as virtudes militares - e defini-las sinteticamente, no torvelinho da hora presente, em que valores consumistas e amorais e estranhos às tradições militares, propagados intensamente pelos mídia, tendem a amortecê-las e mesmo sufocá-las no peito de muitos militares, confusos com o mundo a sua volta e enorme crise de valores, que, por vezes, os leva ao suicídio:
Coragem: É a virtude que faz com que os militares desprezem o perigo, face à imposição de bem cumprir o dever militar custe o que custar.
Bravura: É a que caracteriza os militares valentes, intrépidos, impetuosos, arrojados e que se distingue da coragem por ser fruto do temperamento pessoal.
Camaradagem: É a que caracteriza o elevado sentimento da fraternidade e de afeição que cada militar deve cultivar em relação aos demais militares.
Solidariedade: É a que impele os militares a se auxiliarem mutuamente.
Abnegação: E a que sustenta os militares no cumprimento do dever militar, a despeito das adversidades, sacrifícios e privações a que forem submetidos.
Honra Militar: É a que leva os militares a cumprirem conscientemente o dever militar que lhes foi imposto. É a “religião” da Disciplina Consciente.
Iniciativa: É a que impele os militares, numa emergência, a agirem com consciência e reflexão para darem com a maior presteza e, sobretudo com oportunidade, a solução adequada exigida para o caso. Ela é importante em campanha!
Devotamento: É a que impele os militares a fazerem sacrifícios e a padecerem privações em benefício da segurança de sua Pátria e dos seus compatriotas e camaradas.
Moralidade: É a que impõe aos militares, não só o cumprimento das leis e regulamentos e normas, como ir além, cumprindo os ditames da moral social.
Amor e ordem: É a que impõe aos militares apresentarem-se bem em todas as actividades profissionais e sociais. Por exemplo, bem fardar-se!
Pontualidade: É a que impõe aos militares o cumprimento fiel, a tempo e a horas, das ordens recebidas e das obrigações delas decorrentes.
Presteza: É a que impõe aos militares conscientes que eles cumpram no menor espaço de tempo e na melhor forma possível as ordens recebidas, dando ciência a quem as deu de que foram cumpridas.
Decoro militar: É a que impõe aos militares boa conduta e educação civil e militar
Paulo
Sócrates de novo
Há 58 minutos
12 comentários:
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...sim! A vida militar, parece que não tem mais atrativos para o jovem...
Beijos de luz e carinho!!!
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Cara Zélia,
Enquanto os Estados não aprenderem a gerir os seus conflitos por meio da diplomacia, por conversações e negociações, os militares são necessários, mesmo que apenas sejam utilizados como meio de pressão para as negociações.
Mas, como a missão militar é arriscada, e acabaram com o serviço obrigatório, os Estados têm que motivar os jovens e dar-lhes salários e outras regalias que compensem os sacrifícios e riscos que lhes serão inerentes. Sem isso, passada a era dos ideais patrióticos, deixará de haver exércitos eficientes.
UM abraço
A. João Soares
Ainda bem que alguém levanta a questão da Instituição Militar, que quer queiram quer não, está subjacente à sobrevivência de Portugal como um estado independente.
Lamenta-se que políticos dos dois principais partidos, desde longa data, tenham vindo a denegrir e tentar diluir e apagar as FAs, naquilo que sempre foi apanágio das virtudes realçadas por este cidadão. Basta verificar como os orçamentos das FAs têm vindo a decrescer...O problema é que vão falando nos bastidores e não põem as cartas na mesa sobre o que pretendem para a segurança de Portugal e a sua afirmação no mundo actual.
Manuel Bernardo
Caro Bernardo,
E, no entanto, há generais que devem saber ler e escrever o suficiente para defender as FA e mostrar ao povo a utilidade delas. Pouca gente sabe que estão no concelho do Cadaval militares de engenharia e melhorar os acessos nas áreas montanhosas, os quais além de facilitarem a mobilidade para as actividades económicas possibilitarão os acessos de bombeiros na épocas dos fogos florestais.
Aprendam com o PM que repete tudo até a exaustão, com receio de que as pessoas não acreditem nele!
Um abraço
A. João Soares
Caros Camaradas,
Como me revejo nas palavras deste artigo sobre a Instituição e Virtudes Militares! Felizmente ainda há quem saiba pôr os "pontos nos Is"!
Mas, numa sociedade materialista e consumista compulsiva, é muito difícil recuperar a Instituição Militar e procurar-se reviver as Virtudes a Ela inerentes!
Actualmente esses Valores estão destruidos e substituidos por dinheiro, benesses, situações de previlégio tudo isso aceite sem olhar a meios para a sua obtenção.
Mas espero bem que com o tempo toda essa miséria acabe e de novo as Virtudes Militares ressurjam das cinzas qual phoenix!
Caro Luís,
És o segundo militar que aqui coloca uma opinião. Onde estão os outros? Caladinhos!!! Como dizia o título do post de 19 de Janeiro!!!
Paulo Sempre, o autor do texto deste post, é um jovem formado em Direito, que olha para os problemas dos militares de fora, com sentimento patriótico. E é pena que os militares não aproveitem esta janela para defenderem a sua instituição e mostrarem aos leitores quando ela vele e quanto é necessário a Portugal.
Realmente, eles dão razão à tua frase: «Actualmente esses Valores estão destruídos e substituídos por dinheiro, benesses, situações de privilégio tudo isso aceite sem olhar a meios para a sua obtenção».
Também, por este lado, PORTUGAL parece estar condenado a uma apagada e vil tristeza.
Abraço
A. João Soares
Infelizmente este Senhor Paulo representará uma pequena percentagem dos portugueses que se revêm nas suas Forças Armadas.
É sempre a mesma história. Quando é preciso todos adulam e esperam que as Forças Armadas lhes resolva os problemas. Uma vez resolvidos são despresados esquecendo-se que elas são constitidas por portugueses, tanto ou mais portugueses que os outros, que estando dispostos a morrer pela Pátria são dela o seu garante.
Que não fazem nada ouve-se dizer- o que na realidade é falso pois têm tido várias intervenções. Mas eu digo, à semelhamnça dos bombeiros, :Que om seria se as F.A. nunca tivessem que actuar.
Um abraço
M.D.
Caro M.D.,
Se não interpreto mal as iniciais, é o terceiro militar que aqui deixa um comentário num tema que se dedica aos militares, mas que foi escrito por um civil.
Foi enviado e-mail a 47 militares. a chamar a atenção para este post.
O que leva os outros 44 a não dizerem qualquer coisa?????
Porque teimam em continuar caladinhos??? Pensam que é dessa maneira que melhor defendem os interesses da sua Instituição???
Um abraço
A. João Soares
Caro João,
Lá volto eu à carga.... Estão caladinhos alguns por comodidade, outros por conveniência e também, faça-se justiça,muitos por desânimo. Mas acredita que é com muita tristeza que verifico haver poucas reacções a este tipo de incentivo. Tristeza por um lado e por outro um certo temor pois a gente nova tem reacções bruscas e imprevisíveis depois difíceis de controlar.
Carp Luís,
Há realmente muitos factores a gerar este estado de coisas. Mas tudo isso gera a dilatação do fosso entre os militares e os professores e juízes, porque esses têm sindicatos, fazem greves e manifestações. É impressionante a quantidade de material que gira pelos e-mails e que é publicada em blogs, em defesa da causa dos professores. E, pelo contrário, os militares estão caladinhos. Depois deste silêncio, o que esperam?
Um abraço
A. João Soares
Caro J. Soares
Há muitos anos que nos confrontamos com uma profunda crise de valores. A leitura do “post” do Paulo é reconfortante, principalmente vindo de um jovem, em que qualquer profissional militar se revê. Se as virtudes militares que constituem o código de conduta das FA, fossem referência para a sociedade civil, a situação do País era muito mais próspera. Assiste-se, com a complacência do poder político, quando não responsabilidade, ao alastrar da corrupção, à falta de transparência de muitas decisões e a gritantes desigualdades sociais. Neste contexto, a consciência moral e ética de Forças Armadas prestigiadas representam um grande incómodo para o poder político. Tudo tem sido feito para abalar o seu prestígio junto da opinião pública. Apesar de tudo nas várias missões internacionais em que as Forças Armadas participam o seu desempenho merece os maiores elogios, prestigiando o País,mas internamente faz-se passar a mensagem da sua inutilidade, com reflexos na sua Moral e Operacionalidade. Convém lembrar que as Forças Armadas são o garante de Portugal como País livre e independente, sendo uma Instituição importante na coesão nacional
Um abraço
Eurico
Caro Eurico,
Trouxe aqui este texto do meu colega bloguista Paulo Sempre com a intenção de espicaçar os militares. Mas a sua ética, a discrição, que os norteia tolhe-lhes a capacidade de expressão, o receio de se evidenciarem emitindo opinião, mesmo em coisas que conhecem por dentro. Contigo, são quatro os que ousaram comentar, de entre 47 que tiverem conhecimento deste post, por e-mail.
Não percebem que os juízes e professores que os ultrapassaram em vencimentos e outras regalias, conquistaram esses avanços com os sindicatos, manifestações e greves, e recurso ao apoio da Comunicação Social.
Um abraço
João Soares
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