Fala-se novamente muito de regionalização. Não custa a crer que os problemas regionais, principalmente do interior, poderiam ser melhor resolvidos pelo poder local.
Sê-lo-iam se os autarcas conseguissem respeitar prioridades inspiradas no interesse das populações em geral, sem favoritismos para os mais influentes da região incluindo os ligados ao poder local. Não parece haver uma entidade que controle as actividades das autarquias e que os autarcas sejam sancionadas pelos seus actos.
Gosto de aqui referir bons exemplos de autarcas conscientes do seu papel de bem gerir os interesses da região sob a sua jurisdição, pensando mais nas pessoas com mais fragilidades do que no material de ostentação ou de propaganda.
Mas também não posso deixar passar sem uma citação notícias escandalosas como a agora noticiada «Câmara pagou viagem e 38 autarcas visitaram Paris». Não conheço nem sei quem é o presidente da Câmara de Penafiel. Uma comitiva de 38 presidentes de juntas de freguesia aterrou em Paris para apresentar votos de Ano Novo ao autarca de Sainte-Geneviève-des-Bois, cidade dos arredores geminada com Penafiel. Segundo o DN, o vereador da câmara assume que os voos custaram 14 886 euros e diz que este valor "não pesa no orçamento".
Mas, certamente, esta importância resultante das contribuições dos munícipes seria mais útil noutras aplicações em benefício da melhoria das condições de vida da população.
E pergunto: Quem controla os desmandos e exageros dos autarcas? Quem será condenado a repor as importâncias esbanjadas em interesses menos dignos?
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Para que serve o dinheiro público
Publicada por A. João Soares à(s) 10:49
Etiquetas: dinheiro público
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4 comentários:
Caro João,
Para além do que foi apresentado que é uma enormidade, quantas autarquias a despropósito dão de mão beijada dinheiros e facilidades aos clubes de futebol da sua terrinha sem que para tal devesse haver tais atitudes a não ser pertencerem às suas massas associativas, razões não suficientes para tais tomadas de decisão. Lembro o caso do Estádio Municipal de Braga onde está a jogar o Braga e que apesar de ser Municipal foi permitido que o Clube viesse a receber umas "massitas largas" por esse Estádio passasse a ser conhecido por "ESTÁDIO AXA". Vá lá entendermos isto! Se ele é Munipal não deveria ser a autarquia a receber essas verbas????
Caro Luís
As autarquias gastam muito para conquistar grupos de eleitores: excursões de idosos a arraiais, dinheiro para grupos culturais, com espectáculos que atraiam muita gente, passeios como o referido na notícia, futebol, etc. etc.
Mas, o que é certo, é que isso não melhora as condições de vida daqueles que têm vida difícil, não dá emprego, não aumenta a produção da economia, não aumenta as exportações, não enriquece, cultural e espiritualmente a população mais débil.
E ninguém se preocupa eficazmente com as contas das autarquias e com o endividamento que já pesa sobre os ombros das futuras gerações. Tem aparecer alguém das mais jovens gerações que dê um pontapé nos escaparates dos vícios actuais e pressione a restauração de bons costumes na administração dos recursos públicos, autárquicos e nacionais.
Um abraço
A. João Soares
Como diz o povo, é "à la Gardére"...
O povo é que paga esses desmandos todos, e quando forem as próximas eleições, os eleitores já não se lembram, e votam outra vez nos caciques...
É a vida...
Um abraço
Compadre Alentejano
Caro Compadre,
Daqui tiro um lição positiva: Como não há uma entidade que controle eficazmente e sancione os prevaricadores e estamos num regime irresponsável em que os do Poder ficam sempre impunes, tem que se ir para a denúncia de tudo o que pareça ilegal ou irregular. Este caso foi trazido a público por denúncia. Foi também denunciada a existência de ilegalidades na Câmara de Penalva do Castelo e na Misericórdia de Barcelos.
É um dever cívico cada um denunciar aquilo que saiba. Muitos terão medo de represálias, porque os autores de tais desmandos são capazes de tudo. Nesse caso usem o anonimato, narrando todos os pormenores a fim de a PJ se convencer de que se trata de um caso real e que deve investigar.
E, mesmo assim sabemos como a Justiça tem dificuldades em aplicar o correctivo adequado.
Abraço
A. João Soares
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