terça-feira, 8 de abril de 2008

Somos bons na Informática?

Somos um povo triste, sem auto estima, sem um motivo de orgulho de ser portugueses. Agarramo-nos a indicadores pouco lisonjeiros e não encontramos soluções para os melhorar. Se perguntarmos a um indivíduo, com sentimento patriótico, responderá que tem vaidade de termos feito os descobrimentos. Mas isso passou-se há já cinco séculos! E de então para cá? Talvez nos refiram a Amália Rodrigues, o Eusébio, o Figo, o Cristiano Ronaldo ou o Mourinho. Tudo isso é muito curto para um País ocupar uma posição agradável na competitividade internacional.

Por isso, é conveniente aproveitarmos qualquer sinal de evolução e progresso para criar e desenvolver o amor próprio. Nesse sentido, tenho aqui referido casos simples, mas significativos de que temos gente com valor reconhecido pelo estrangeiro. Há que valorizar esses casos e apontá-los como exemplos a seguir por outros e começarmos a avançar pelo rumo certo do desenvolvimento científico e cultural, para a melhor gestão desta grande empresa chamada Portugal.

Hoje vou aqui citar o caso noticiado no Público de 7 de Abril, com o título «Sistema electrónico do hospital da Feira distinguido a nível mundial» da autoria de Sara Dias Oliveira.

Trata-se do reconhecimento obtido na maior feira mundial de informática para a saúde em Orlando, Estados Unidos da América, na última semana de Fevereiro.

O MedtrixEPR, processo clínico electrónico do Hospital de São Sebastião, de Santa Maria da Feira, foi distinguido como uma das três soluções mais inovadoras a nível mundial, na categoria de internamento, no âmbito dos registos clínicos.

Como é sublinhado por Rui Gomes, director do serviço de Sistemas de Informação do São Sebastião, é um processo focado no profissional de saúde e orientado para o doente. O técnico recorda que a Microsoft utilizou o hospital como case study nacional que extravasou fronteiras quando o director da Microsoft Healthcare Worldwide dos Estados Unidos veio ao São Sebastião. Este responsável ficou surpreendido, e escreveu-o num blogue, como uma equipa pequena e com poucos recursos tinha desenvolvido o MedtrixEPR.

Para conhecer pormenores desta inovação que coloca Portugal nas bocas do mundo evoluído, mais interessado em assuntos importantes muito acima de futebol e telenovelas, sugere-se a leitura do referido artigo.

Não quero deixar de referir também que me recordo de, há dias, ter lido algures que cientistas portugueses descobriram a explicação da morte de neurónios o que irá contribuir para compreender as causas das doenças degenerativas do tipo Alzeimer, o que será um passo importante para a sua prevenção, para o seu tratamento e possível cura.

Não faltam boas cabeças em Portugal. Falta apenas um poder político que as apoie e evite a sua fuga para o estrangeiro à procura de condições de trabalho adequadas, por não as encontrar aqui.

Outras leituras para melhorar a auto estima:

- Francisco Veloso recebe prémio internacional
- Altos e baixos no rectângulo
- Premio honroso para António Coutinho
- Cientistas portugueses em destaque internacional

3 comentários:

A. João Soares disse...

Por coincidência, hoje o jornal gratuito «Global Notícias» traz três pequenos textos com temas paralelos ao do post.

Editorial

OS ÊXITOS QUE ALIMENTAM A DÚVIDA

A investigadora Cristina Rodrigues recebe esta semana em Paris um prémio europeu pela sua tese de doutoramento em Biologia Celular, um trabalho em que identificou factores do hospedeiro importantes para a infecção das células do fígado pelo parasita da malária.
O Grupo 3B da Universidade do Minho publicou na reputada revista científica Science um artigo sobre uma nova técnica que proporciona amplas oportunidades em terapias celulares e outras aplicações biológicas.
São duas notícias do mesmo dia que, por um lado, justificam regozijo dos portugueses e da nossa comunidade científica, e por outro, suscitam o reavivar de dúvidas antigas.
Durante quanto tempo conseguiremos conservar os nossos cientistas se não lhes dermos o conforto de uma situação que, sem grandes dificuldades, encontram fora de Portugal?

Trabalho científico
UNIVERSIDADE DO MINHO PUBLICA NA 'SCIENCE'

O Grupo 3B da Universidade do Minho (UM) publicou, na revista Science, um artigo sobre uma nova técnica que proporciona amplas oportunidades em terapias celulares e outras aplicações biológicas, disse à Lusa fonte do organismo.
Segundo Rui Reis,“a nova técnica pode ser facilmente introduzida, de forma não invasiva, no corpo humano através de uma simples injecção ebiodegradar-se ao longo do tempo”.
A pesquisa científica foi feita pelo Grupo de Investigação 3B (Biomateriais, Materiais Biodegradáveis e
Biomiméticos) da UM, por universitários da Northwestern University em Chicago e Evenston (Illinois).

Investigação
MALÁRIA VALE PRÉMIO A CIENTISTA PORTUGUESA

A investigadora Cristina Rodrigues recebe sexta-feira, em Paris, um prémio europeu pela sua tese de
doutoramento em Biologia Celular, na qual identificou factores do hospedeiro importantes para a infecção das células do fígado pelo parasita da malária.
A cientista portuguesa vai receber o Era–NET PathoGenoMics PhD Award na conferência europeia “Genomes 2008”, durante a qual terá a oportunidade de apresentar as conclusões da investigação, desenvolvida na Unidade de Malária do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Anónimo disse...

Portugal não só tem boas cabeças como também bons trabalhadores. Infelizmente o seu poder político foi tomado de assalto por individuos medíocres e egoistas que não sabem criar as condições para o seu aproveitamento. Só quando tivermos a felicidade de aparecerem estadistas de nível conseguiremos "apanhar o comboio da Europa". Até lá estaremos na estação a vê-lo a passar!!!!
Soares da Cunha

A. João Soares disse...

Caro Soares da Cunha,
Mas não vai ser fácil aparecer um grupo de políticos com sentido de Estado, dedicação à causa pública, não egoístas nem com exagerada ambição de conseguir os tachos posteriores a curto período de serviço público. A política está de tal forma desacreditada que não atrai pessoas capazes. Estas não querem is misturar-se com os «indivíduos medíocres e egoístas» que referes.
Não querem ser enlameados com os epítetos que estes merecem.
Os defeitos citados por João Cravinho e por tantos «opinion makers» continuam a existir impunemente sem que os legisladores, tão produtivos em ninharias como os piercings, se dignem dar-lhes atenção.

Abraço
A. João Soares