Uma Vergonha Nacional: Caixa Geral Depósitos
Autor: Manuel Bernardo
....batendo as asas pela noite calada, vêm em bandos, com pés de veludo...»
Os Vampiros do Século XXI
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente pagos - daquela instituição bancária.
A carta da CGD começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços, incluindo no que respeita a despesas de manutenção nas contas à ordem.
As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado/a cliente é confrontado com a informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a EUR1000, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta. Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de EUR 243,45 - que para ter direito ao piedoso subsídio diário de EUR 7,57 (sete euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma.
Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria. O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos. É sem dúvida uma situação ridícula e vergonhosa, como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade. Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa. Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso.
Para medita e divulgar.
Cidadania é fazê-lo, é demonstrar esta pouca vergonha que nos atira para a miserabilidade social.
Este tipo de comentário não aparece nos jornais, tv's e rádios....Porque será???
Sócrates de novo
Há 1 hora
4 comentários:
Pergunta-se porque será que este tipo de notícias não vêm nos orgãos de comunicação social (jornais, tv's e rádios)? A resposta está à vista todos eles dependem do poder e este corrompe como se sabe........ou há dúvidas?
Soares da Cunha
Caro Soares da Cunha,
Concordo com o teu realismo. A dependência do poder torna a comunicação social numa ferramenta dos Governos e de outros poderes como a banca. E assim vai o mundo, de injustiça em injustiça até que Spartacus se revolte.
AbraçoA. João Soares
São os novos vampiros, os do séc. XXI. Mas peço licença para lhes chamar um nome: FILHOS DA PUTA...
Um abraço
Compadre Alentejano
Caro Compadre,
Era de supor que a CGD continuaria a tratar de forma especial os seus clientes, principalmente, os que tendo pequenas pensões ali eram obrigados a depositá-las. Afinal. está a praticar preços semelhantes aos dos bancos comerciais privados.
Depois gabam-se de ter lucros fabulosos e de pagar chorudas reformas a tipos que por ali passaram poucos meses como Mira Amaral e Armando Vara.
Isto não é honesto, não é moral. E só é legal porque são esses malandros que fazem as leis a seu jeito.
Para onde estão a levar Portugal? Até quando é que o povo permite que isto continue?
Abraço
A. João Soares
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