Apesar de termos em comum um apelido, não tenho laços de família ou de amizade com Alexandre Soares dos Santos, como pode ser visto aqui. Mas não gostei da forma como o primeiro-ministro se referiu a ele nos seguintes termos “nem merece comentário e só prova que não basta ser rico para ser bem-educado”.
O PM referia-se às seguintes palavras do empresário do Grupo Jerónimo Martins, durante a apresentação de resultados do grupo em 2010, «não vale a pena continuarmos a mentir. Não vale a pena pedir sacrifícios às pessoas sem lhes dizer a verdade. As pessoas têm de saber para que estão a fazer os sacrifícios e não adianta negar que estamos em recessão, porque estamos».
E quando interrogado sobre o segredo do sucesso do grupo, que aumentou os lucros em mais de 40 por cento no ano passado, Alexandre Soares dos Santos respondeu: "Os truques é para o Sócrates. Ele [os políticos] é que gostam de truques. O nosso sucesso assenta em trabalho".
Trata-se de um empresário de sucesso em Portugal e no estrangeiro (Polónia) que dá emprego a muita gente e anunciou ir aumentar os salários dos trabalhadores este ano e atribuir prémios de 275 euros a cada trabalhador.
Portugal precisa de bons gestores que dão emprego e remuneram quem com eles colabora, o que deve ser apreciado pelos governantes. Obter riqueza sem truques, pela capacidade de organização e de gestão é meritório, é a recompensa do valor. Se a actividade é conduzida com legalidade é assunto para ser averiguado pelas autoridades fiscalizadoras e pela Justiça.
Mas, no tocante à actividade de distribuição, deve ser salientada a incompetência dos governos que não ensinam e estimulam o elo inicial da cadeia, o produtor, a organizar-se e associar-se por forma a encurtar o número de intermediários entre ele e o consumidor para evitar enriquecimentos escandalosos e onerar produtor e consumidor levando este a pagar cerca de dez vezes mais do que aquilo que o produtor recebe, principalmente no sector primário. A ASAE fiscaliza a actividade económica, com preocupações repressivas, sob vários aspectos, mas deixa passar ao lado a complexidade das cadeias de distribuição, sem procurar racionalizá-las, simplificá-las, melhorando assim a vida de produtores e consumidores.
Mas falar de educação, não fica bem a um político que quando vai à AR, supostamente para analisar os problemas mais graves do país e apontar as soluções mais práticas e eficazes, acaba por não abordar os interesses nacionais, as tarefas para que os eleitores o escolheram, e fica-se pelo conflito verbal com os opositores em termos e gestos, por vezes, pouco adequados e dignos da função. Já nem os classifico dentro do conceito de educação, porque a esta cada um dá a interpretação que mais lhe interessa.
Mas quanto a recessão, Soares dos Santos pode ter seguido as notícias provenientes do Banco de Portugal. Quanto a mentir, é uma palavra muito repetida nos debates do Parlamento e difundida pela Comunicação Social. Quanto aos truques de enriquecimento de políticos, também têm sido referidos abundantemente quando se fala da necessidade de legislar para conter a corrupção e o enriquecimento ilícito. Muitos conceituados pensadores se lhe têm referido.
É pena que um governante que se deve preocupar com a imagem de prestígio inspiradora de respeito e confiança, se deixe dominar pelo nervosismo e se descuide no uso das palavras
Imagem da Net
A Necrose do Frelimo
Há 9 horas
2 comentários:
Caríssimo Amigo João,
Muito oportuno este post, aliado à maestria como tratas estes assuntos.
Este homem pertence a uma familia de gestores que ao longo dos anos soube trazer riqueza a Portugal. Portanto, "sócrates" devia pensar duas vezes antes de o criticar!
Homens como este são necessários ao País que infelizmente tem sido (des)governado por pessoas menos capazes e cheias de truques para sobreviverem no poder! Tenho pena pela forma como Portugal tem caído!
É uma ruina do que foi!!!
Um abraço amigo e solidário.
Caro Luís,
Este post evidencia bem que não ataco pessoas mas atitudes, palavras ou acções. Começo por mostrar o link de um post em que critico palavras ditas pelo Gestor e depois defendo as palavras de que o Sócrates o acusa e chama mal educado. Foi pena não ter tempo para referir aquela coboiada na AR em que ele disse para o Louçã «isso é a sua tia». Não queria falar de memória mas sim transcrever.
Não há voisa mais degradante do que o que se passa regularmente na AR, em vez de esclarecer os portugueses sobre a realidade do País perde-se tempo em trocas de insultos, isto é, truques para iludir os cidadãos contribuintes e eleitores.
A propósito de truques para ocultar a verdade, tem interesse ver o artigo de Pacheco Pereira, pessoa que merece credibilidade:
Pacheco Pereira diz que Portugal esteve à beira da bancarrota na quarta-feira.
Um abraço
João
Saúde e Alimentação
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