A maioria dos trabalhadores que costuma utilizar os transportes públicos para se deslocar para o seu local de trabalho é prejudicada pelas greves dos transportes que esta semana nos está a massacrar. Qual a racionalidade de tal forma de os transportadores mostrarem o seu «direito»? Certamente os sindicalistas não fazem a greve propositadamente para atingir os inocentes que dela sofrem as piores consequências!
Poderão alegar que essa forma de luta é contra as entidades patronais. Mas para isso teria sido mais eficaz uma greve de zelo ou a recusa de cobrar bilhetes o que até favorecia os utentes. Poderão também alegar que é para mostrar o seu desagrado aos políticos. Mas tal como no caso, também os políticos pretensamente visados nada sofrem com a greve. E para sensibilizar os políticos têm os exemplos da Tunísia e do Egipto com menos ou mais fraca intensidade.
Os sindicalistas devem procurar ser racionais e pensar bem nos objectivos pretendidos, e nas formas de os conseguirem, com os menores custos para os inocentes que, em caso de irracionalidade, acabam por ser os únicos verdadeiramente lesados. Não perderiam tempo se lessem o artigo Pensar antes de decidir. É só fazer clic neste link.
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Greve irracional
Publicada por A. João Soares à(s) 10:47
Etiquetas: decidir, greve, transportes
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6 comentários:
Atenção meu caro! Compreendo o incómodo desta greve ou de qualquer outra, e isso está na génese da sua importância. Quanto à sugestão da greve de zelo, ou de não cobrança de bilhetes, talvez seja ocasião de informar que tal atitude é considerada crime, por lesar precisamente a entidade patronal com a qual os grevistas têm um contracto que implica não prejudicar o empregador.
Talvez seja ocasião de rever os preceitos legais para alterar o que temos hije, porque constitucionalmente o interesse público se sobrepõe ao interesse particular, da entidade patronal, mas isso é outra discussão.
Abraço do Zé
Caro Amigo Zé,
Concordo com o seu reparo que agradeço. Mas não vejo lógica em os trabalhadores de serviços de grande interesse público prejudicarem milhares de trabalhadores que nada têm a ver com o caso de que se queixam.
Compreendo que se os seus patrões e os governantes se preocupassem com a população em geral, procurariam evitar os motivos que levaram à greve. Mas com os cidadãos anónimos, sem conivência com o Poder, ninguém se importa, e nada os preocupa que depois do Estado outros os roubem nos seus direitos e comodidades.
Em vez da greve que lesa milhares de inocentes, porque é que os trabalhadores dos transportes, não vão para a rua, junto dos gabinetes dos responsáveis fazer manifestação de exigências e reclamações?
No povo explorado ninguém deixa de bater. Consideram que os populares são o mexilhão que se lixa quando o mar bate na rocha, ou a relva dos estádios de futebol.
É pena não haver racionalidade nas reacções das pessoas.
Um abraço
João
Do Miradouro
Caro João Soares,
Tenho um tio (um parvo que casou uma tia minha) que trabalhou (??) toda a vida na CP.
Até à reforma.
Salvo erro, compulsiva.
E que participava em todas as greves.
Porquê?
Porque sim e porque também é do Benfica até morrer.
Está explicado?
Um abraço
Caro Pedro Coimbra,
Infelizmente, os portugueses agimos muitas vezes «PORQUE SIM». Vota-se num candidato ou num partido «porque sim». E se perguntarmos as razões, com o pretexto de nos informarmos em quem devemos votar, em vez de apresentar argumentos convincentes, tentam alinhar fantasias que não passam de desejos mal elaborados. «Ele não fez mas agora se for reeleito vai fazer isto e aquilo». Mas o que lhe garante que vai ser assim? «Tem que fazer, tem que ser». Mas isso não está no seu feitio, na sua maneira de encarar os problemas. «Mas tem que ser, vai ver que ele vai ser muito diferente, tem que fazer assim»
A greve é uma troca de «agressões». Se é contra os cortes de salário, ela tem que prejudicar quem decidiu cortá-los, para que os reponha ou deixe de causar tais prejuízos aos seus trabalhadores. Isso seria racional. E então nada deveria ser feito contra os inocentes utentes do serviço.
Falta coragem a esses trabalhadores poltrões para verem quem os prejudicou e irem contra eles, sem prejudicar o povo que está a ser vítima de múltiplos roubos em que este é mais um que se junta.
Os trabalhadores das transportadoras são mais uns inimigos do povo a juntar-se aos maus políticos que temos.
Se querem fazer algo de bom para si e para todos os portugueses olhem com inteligência para a Tunísia e para o Egipto.
Abraço
João
Só imagens
Transcrição:
Greves
http://www.destak.pt/opiniao/87173-greves
Destak09 | 02 | 2011 22.40H.JOÃO CÉSAR DAS NEVES | NAOHAALMOCOSGRATIS@FCEE.UCP.PT
Começaram as greves de contestação à austeridade. A classe operária está em luta. Estará mesmo? Curiosamente não são proletários os que paralisam, mas funcionários de serviços públicos, com emprego garantido e regalias a defender. Há muito que a maioria das greves não acontece nas empresas comuns.
Essas lutam pela sobrevivência na feroz concorrência e não se podem dar ao luxo de conflitos laborais. Conscientes, trabalhadores e administração evitam as greves que aí são raras, dolorosas, último recurso. Como nos tempos heróicos da luta de classes.
Quem tem conflitos hoje são os sectores monopolistas próximos do Estado, sem competição e onde os trabalhadores pouco perdem com a contestação. Tal como o patronato, que já recebeu o dinheiro dos passes e ainda poupa na energia e salários. As vítimas das greves de transportes são os pobres que ficam em terra para a classe média defender regalias.
Aqui os operários não estão em luta. Vão a pé sem transportes. Os sindicatos dizem não haver alternativa neste combate, mas isso é falso. Se quisessem atingir a empresa dariam passes de borla, ou outras coisas que reduzissem os proveitos. Aí os patrões prestariam atenção. É verdade que seria ilegal e os responsáveis arriscavam-se ao castigo.
Como nas greves proibidas de antigamente. O que temos hoje não é verdadeira luta laboral mas uma brincadeira burguesa mascarada de greve. Como disse Marx, a história repete-se, «primeiro como tragédia, depois como farsa» (O De-zoito de Brumário de Luís Bonaparte, 1852, cap. 1).
Ainda não eram 10h00 e os altifalantes da estação de CF anunciavam que o próximo comboio partiria às 10h48. Havia que esperar quase uma hora. As pessoas iam chegando. Ouvia-se em conversa e para os telemóveis os desabafos de desagrado.
Dizia-se que é uma GREVE COBARDE.
Se os ferroviários estão a usar esta forma de luta contra o Governo, seria mais eficiente que seguissem os exemplos recentes de outros países, mas não massacrassem os utentes dos comboios que estão inocentes e também são vítimas sob diversos aspectos.
Se têm queixas dos administradores da CP, que actuem contra eles com os meios que acharem mais eficazes e dissuasivos, mas não se virem contra os inocentes utilizadores.
Este abuso dos sindicalistas é uma cobardia, por não terem coragem de lutar directamente contra os culpados, e decidirem prejudicar o elo mais fraco, os inocentes utentes que, desta forma, sofrem mais uma agressão injusta, desumana e arrogante.
A viagem decorreu lentamente, porque em cada estação havia muitos passageiros para entrar onde já mal caberia uma formiga.
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