Abril de sim, Abril de Não
(soneto de Manuel Alegre, que fecha com chave de ouro)
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vire
como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Manuel Alegre
O regresso de Seguro
Há 52 minutos
6 comentários:
Que Abril permaneça Sempre nos nossos corações. Viva a Liberdade!
Um Abraço
Ludo Rex,
Sem dúvida que os ideais de Abril merecem a nossa adesão completa e devemos continuar a lutar, em todas as nossas actividades, para que eles se concretizem. Penso que Manuel Alegre se referia ao muito que ainda há a efectuar para que a população atinja todos os benefícios que eram esperados.
As esperanças daquela leda madrugada estão nesta data muito murchas e há que as reavivar. Mas. pelo contrário, aparecem fantasmas com ares de ditadores a impor mordaças nas pessoas mais esclarecidas, para não se diga «o rei vai nu».
Um abraço
A. João Soares
Gosto muito deste poema! já o publiquei também, aliás gosto do Manuel Alegre, considero-o um dos maiores poetas portugueses! Quanto a este poema; neste momento estamos a viver um Abril que dói, e em muitos aspectos, E ainda por fazer.
beijo
Cara Ana Marta,
Este e outros alertas deviam servir de orientação às meditações dos governantes, se eles soubessem o que é meditar. Eles, com a sua impreparação cívica, cultural e técnica, nem pensam antes de decidirem (vê-se isso nos sucessivos recuos), na sua ânsia de legislar a todo o custo, uma autêntica «diarreia legislativa». Neles impera a vaidade, a arrogância e a ambição pessoal que se sobrepõem ao culto da defesa dos interesses nacionais, em benefíci0o de todos os cidadãos, principalmente os mais carecidos.
Cumprimentos
A. João Soares
Os ideais de Abril continuam e se não se realizaram ainda foi porque as nossas escolhas têm sido erradas e porque a sociedade não tem dado os sinais de descontentamento na altura e na medida certa.
Nós todos temos uma palavra a dizer, pena é que muitos se acobardem deixando caminho livre aos que se aproveitam.
Cumps
Guardião,
Abril deve ser todos dias, cada hora que passa. Se não for aproveitada em benefício dos portugueses, é desperdiçada. E tempo é dinheiro. Portugal precisa da colaboração activa de cada um de nós. Os políticos devem ser vigiados para vermos quando de afastam dos objectivos para que foram eleitos. O povo é soberano e tem o dever de fiscalizar o trabalho daqueles que elegeu para seus representantes. E é preciso ter a coragem e o discernimento para reagir da forma mais adequada e audível perante cada dislate dos responsáveis pela governação a todos os níveis. Mas manifestar desagrado ou reclamar também exige oportunidade e técnica ajustada. Refilar de forma tosca leva a perder a razão a a suscitar mais ódio e repressão. Se não nos conformarmos com abusos do poder, este há-de ceder. Tenhamos esperança, mas entretanto, não nos fiquemos a dormir.
Abraço
A. João Soares
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