Em perigo de crise social, moral e financeira, devemos evitar ficar agarrados a lamentos e a fixações naquilo que é negativo (infelizmente abundante) e precisamos de aproveitar os sinais positivos e animadores que, por acaso, surjam.
É certo que não podemos depositar demasiado optimismo e esperança em tais sinais porque , na maior parte dos casos, acabam por se esfumar sem os resultados desejáveis ou prometidos. Mas, mesmo sem euforia, convém destaca-los até para que os «responsáveis» se sintam obrigados a não frustrar as espectativas criadas.
A tão propalada , desde há mais de um ano, redução de despesas com fundações e outras obesidades do Estado doente deu agora sinais de concretização. Como dizem vários observadores, num universo de centenas de «instituições» sugadoras do erário público, dos nossos impostos, as notícias vindas a público não podem ser consideradas verdadeiros e significativos cortes, ficando-se apenas pequenas escoriações ou arranhões em tão magno problema. E há dúvidas de que, perante a proverbial subordinação dos governantes às amizades com ex-políticos, bancos e grandes capitalistas, os sinais agora vindos a público venham a ser concretizados com o desejado rigor e patriotismo, mas já são um sinal animador no meio dos factores de desânimo, descrença e medo de dramas sociais irremediáveis.
Para levar esta acção salutar para a sociedade portuguesa, é indispensável analisar o assunto com profundidade. Por exemplo, procurar resposta para as interrogações seguintes e outras. O que se passa com cada uma das muitas centenas de fundações? Qual ao alegada finalidade da sua criação e qual a actividade de benefício publico e «outras» que têm vindo a desenvolver? Estas actividades correspondem às finalidades inicialmente propostas? Quem tem sido beneficiado com a sua existência? Como tem sido efectuada a contabilidade e como tem sido feito o seu controlo? Que ligações existem entre o Poder político nacional, regional, autárquico e financeiro e os elementos das administrações, e outros órgãos de direccão, conselho e controlo? Qual o grau de promiscuidade entre função pública e interesse privado realmente existente nos ocupantes da tutela que têm consentido nos desperdícios do erário público com muitas «instituições» de menor interesse para a sociedade?
Certamente, haverá muitos casos gritantes semelhantes ao da Fundação do PSD-Madeira.
Mas há um outro sinal animador, o das buscas a casa de ex-governantes, no âmbito da investigação de má administração de dinheiro público e de desleixo em relação aos interesses nacionais, em negócios da Estradas de Portugal. Esta notícia pode mostrar que a Justiça está a tentar ser aplicada a todos os cidadãos, independentemente dos seus cargos públicos. Isso é animador para os portugueses e mais será se não parar a meio e se for conduzido até às últimas consequências. Portugal precisa de ter confiança na Justiça e considera-la o mais forte pilar da harmonia na vida social e nas interacções de cidadãos com todo e cada um dos serviços públicos.
Oxalá não falte clarividência para estudar bem as decisões antes de virem a público e coragem, honra, dignidade e sentido de Estado e de responsabilidade para usar de forte patriotismo e concretizar a melhor estratégia para o futuro dos portugueses e de Portugal.
«Honrai a Pátria que a Pátria vos contempla»
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