Em qualquer momento, é exigido aos governantes a boa prática do sentido de responsabilidade e do sentido de Estado, com o estudo rigoroso dos problemas e com a cuidada preparação das decisões.
Mas se tal comportamento deve ser seguido sistematicamente, ele é absolutamente indispensável em tempo de crise. Durante esta não se pode errar, não há recursos a desperdiçar e as pessoas já atingiram o limite máximo de sacrifício e qualquer gota faz transbordar a taça.
Um ministro não deve sujeitar-se a falar de um assunto do seu pelouro que não tenha sido perfeitamente estudado, não pode ficar-se pela generalidade, pelas intenções, por palavras vagas, por ideias gerais e promessas. Não pode ter dúvidas nem hesitações. Deve conhecer bem o objectivo que deve ser atingido e a estratégia mais adequada para lá chegar, sem deixar ao acaso qualquer dos efeitos de eventuais falhas.
E é fundamental que não pode perder de vista que as pessoas são prejudicadas por omissões ou erros de decisão e de execução Não pode actuar como um jogador de lotaria que, com fé e esperança, confia na sorte de acertar na taluda.
Isto aplica-se à ida do ministro ao Parlamento para não voltar a acontecer confusão total que ocorreu com o ministro da Economia para apresentar o plano estratégico dos transportes.
Mas, neste caso, houve um aspecto muito positivo, o de os deputados terem a noção da gravidade das atitudes de noviço ou de aprendiz ou de caloiro que não fez o trabalho de casa e ia crente no «logo se verá!». Os deputados mostraram estar conscientes daquilo que atrás ficou exposto e exerceram a sua praxe punitiva.
Espera-se que tenha sido um caso para esquecer e que não mais se repita. Portugal está num momento em que não pode haver erros. Oxalá os governantes assimilem todos os aspectos das responsabilidades que pesam nos seus ombros.
Alguns títulos da comunicação social sobre o assunto:
- Corte drástico no sector dos transportes em 2012
- 'Não percamos tempo com querelas inúteis'
- Todas as SCUT com portagens até final do mês
- Oposição queixa-se de não ter recebido Plano Estratégico dos Transportes
- Maioria chumba requerimento do PS para adiar audição do ministro
- Plano estratégico será aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira
Imagem de arquivo
A Decisão do TEDH (397)
Há 2 horas
4 comentários:
O conselho é sempre oportuno mas nem sempre é tido na devida conta.
Muitos dos nossos políticos e decisores das leis e normas que nos regulam deveriam repensar as suas palavras e atitudes.
As figuras caricatas e as contradições são por demais evidentes. Se não servem porquê continuar com eles no elenco gvernativo....?
Caro Luís Coelho,
Este post neste blogue, é pouvco mais do que uma opinião de café, e não terá efeito real, e rápido. O poder do cidadão (que, em democracia, é soberano) só conta se for partilhado por muitos. É preciso alterar os hábitos de pagar e calar e passar a usar o que Mário Soares chama «direito à indignação»
Temos que por a rolar as pedras redondas do riacho para acompanharem a água corrente que vai a caminho do mar. Não é preciso violência se os políticos procurarem reduzir as causas de descontentamento, de indignação. Mas se os erros continuarem a provocar crise insustentável, então há os recentes exemplos de acção popular em países geograficamente próximos, o que também não é receita milagrosa.
Este ministro já aqui foi referido, por prometer implementar reformas estruturais históricas. Mas ainda não passou à fase de concretizar tais promessas e, no momento em que se devia explicar no Parlamento, acabou por gerar uma grande confusão.
Veremos se começa a ver-se eficácia e sensatez na resolução da crise, como Portugal precisa.
Abraço
João
A praxe deste governo tem sido a de atirar a bisca, através da imprensa, da comunicação de um membro do partido ou da simples fuga de informação, e pelos vistos não está resultar. Bem podiam dialogar com os trabalhadores do sector, e digo trabalhadores e não altos quadros, porque esses sabe-se bem de quem dependem.
O Álvaro devia ter aprendido isso lá de onde veio...
Abraço do Zé
Caro Zé Povinho,
Realmente, estamos fartos de ouvir foguetes a anunciar o arraial, mas de concreto nada de vê. Promessas de «reformas estruturais históricas» são em catadupa, mas concretizações não aparecem.
Com isso o «estado de graça» dilui-se sem deixar rasto. Não estamos no bom caminho de resolução da crise.
A seguinte anedota mostra uma perspectiva de um futuro eventual:
Passos Coelho está a fazer um dos seus famosos discursos:
- E a partir de agora temos de fazer mais sacrifícios!
Ouve-se uma voz na multidão:
- Trabalharemos o dobro!
Passos continua:
- E temos de entender que haverá menos alimentos!
A mesma voz:
- Trabalharemos o triplo!
Passos prossegue:
- E as dificuldades vão aumentar!
- Trabalharemos o quádruplo!
Passos vira-se para o chefe da segurança e pergunta:
- Quem é esse idiota que vai trabalhar tanto?
- O coveiro! - respondeu.
Um abraço
João
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