quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Europa ou muda ou terá revolução

Mário Soares alerta Se a Europa não muda, terá de haver uma revolução, o que nada tem de novidade para os leitores deste espaço, onde por várias vezes tem sido lançado tal aviso aos políticos, com a intenção de serem implementadas mudanças tendentes a restabelecer a ordem, a paz e a confiança do povo (dos 90% do povo) que vive em piores condições e que é o mais sacrificado pelas crises criadas pelos mais beneficiados pela «legalidade» existente.

É comummente aceite que todo o ser vivo, toda a actividade humana, estão sujeitos a mudanças e as da humanidade têm pouco de espontâneo, pois são, em grande parte resultado de atitude e de comportamentos, nem sempre bem pensados.

A crise actual demonstra que qualquer decisão exige uma preparação prévia, exige que se Pense antes de decidir. Sem uma perfeita análise do problema que é preciso resolver, este além de não ter a melhor solução, causa danos e perdas de recursos de que o tempo não é despiciendo.

Para que a solução das mudanças sociais não venham a ser obtidas por revolução, tem que ser bem preparada uma evolução eficaz e pacífica. É precisa uma mudança adequada e bem analisada.
Ao ler as palavras de Mário Soares surgem pontos de meditação e dúvidas sobre o real significado das sugestões que aparecem pelos jornais., Qual é a direcção de mudança que é considerada mais benéfica para os europeus e para o mundo? Que tipo de revolução prevê Mário Soares? Como evita os habituais estragos em património e vidas humanas, característicos das revoluções? Qual a estrutura de governo, de relações internacionais, de sistema financeiro, que prevê para depois do dia da revolução? Como encara a hipóteses da «ditadura Merkozy»?

Para o esclarecimento das realidades actuais com vista a dar o passo em frente, para a mudança para uma NOVA ERA, não podemos usar linguagem hermética e ilusória, como a argumentação usada por alguns «pensadores» baseada na «legalidade». Ora, a legalidade não passa de uma artificialidade criada pelos políticos para satisfazerem os seus intuitos pessoais e de «bando» de ambição e poder financeiro. Há que preparar uma rotura de regime e de mentalidades dos governantes e isso tem que contrariar a legalidade vigente. Sem tal ilegalidade o mundo não evolui tanto quanto o desejável.

O povo merece mais do que a triste realidade que o explora e oprime. O regime impõe a escolha entre listas que contêm nomes que não são conhecidos da maioria dos eleitores, mas estes acabam por votar numa delas, levados por promessas mentirosas ou sem a suficiente credibilidade.

Depois, aceita a desgraça embora tenha a convicção de que, 4 anos depois, será o caos, o qual fica para martírio dos seus filho e netos. Seria mais honesto, coerente e corajoso que não se adiasse o caos para quem vier a seguir. Porque não se arrisca o caos agora mesmo? Porque não se elimina um dos mentirosos, já, para levar os outros a serem mais sérios e prudentes, dedicando-se mais às suas tarefas, para bem dos cidadãos? Se a eliminação desse não for suficiente para moralizar os restantes, aplica-se a mesma receita a outro... e assim sucessivamente até a governação ser feita para os cidadãos comuns e não para os do poleiro contra os interesses nacionais. Quanto mais tarde for aplicada a terapia maior o risco de o doente se tornar incurável e morrer da pior forma.

Porém, para evitar a revolução a que se refere Mário Soares, e este mau (mas justo) destino dos políticos actuais, está na mão destes fazer a reforma indispensável das suas mentalidades. Têm que se convencer seriamente de que a sua tarefa não pode continuar a ter como principal objectivo o seu enriquecimento ilícito à custa do povo, nem pelo processo do bando do BPN, nem com as conivências da Face Oculta, ou do IPO/Lima/Isaltino...

Como a Humanidade se regozijaria se os actuais poderes procedessem já à moralização do regime, à reforma pacífica do sistema. Com essa solução evitar-se-iam os graves prejuízos de uma mudança violenta. No caso do Egipto, passado quase um ano após o «sucesso» da revolta popular, ainda não foi ultrapassada a crise, o seu PREC ainda dura, o povo ainda não está a colher benefícios do golpe.

A nível Europeu e Mundial, a reforma dos sistemas que ocasionaram a crise actual é indispensável e inadiável. Mas tem que ser muito bem pensada e preparada, não com base na legalidade vigente, mas numa moralidade que tenha as pessoas como objectivo. Não convém que seja imposta por um teórico distante do mundo real, mas também não se pode esperar que seja apoiada pela generalidade dos políticos actuais, porque a esses não interessa mudar os vícios e as manhas que os tornaram ricos por efeito de varinhas mágicas e truques inconfessados. Ninguém mata a galinha dos ovos de ouro!

Na Europa, dado o entendimento Merkel- Sarkozy, está adiado o perigo que ocasionou as duas guerras mundiais, devidas a problemas entre os seus dois Estados, mas se encarassem uma solução para uma NOVA ERA, tendo em vista a Paz e o desenvolvimento dos mais carenciados, reduzindo o fosso entre os G20 e os P20 (países mais pobres e mais pequenos), poderiam estar no bom caminho para a felicidade das gerações do porvir. Mas trata-se de um duo que inspira pouca confiança aos restantes Estados da EU, pelo que, sem precipitação mas com espírito construtivo deve procurar-se um consenso sensato entre os membros da União, com a preocupação permanente de melhorar a vida dos cidadãos, o que deve ser mais importante e permanente do que os frios números da dívida actual.

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5 comentários:

Unknown disse...

Não sei política para lá das nossas necessidades diárias, que essa é politica do poupa para ver se dá para todos os dia do mês.

Relativamente à portuguesa e à europeia penso que são uma classe sem princípios nem formação humana e moral capaz de estar a ocupar esses lugares.

Vivem fingindo governar e banqueteando-se enquanto tem ainda o que repartir...

A. João Soares disse...

Caro Luís Coelho,

O problema é que nós, sem sabermos o que se passa na penumbra dos gabinetes, sofremos as consequências da má gestão do nosso quiosque e os que nos lesam de forma irresponsável foram eleitos por nós portugueses e atiram com isso à nossa casa, dizendo que lhes passámos carta branca para fazerem o que «acharem melhor». E a Justiça não lhes toca.

Por isso temos o dever de procurarmos pensar naquilo que nos é exigido no acto de votar. Devemos procurar compreender o que se passa e intervir na medida das possibilidades, em vez de ficarmos à espera de que alguém nos traga numa bandeja a solução que nos torne felizes. Temos que conversar, sobre aquilo que nos afecta, imaginar soluções adequadas ao bem estar das pessoas e organizar atitudes de apoio ou desapoio ao que mereça a nossa intervenção para melhorar o que puder ser melhorado. A Democracia exige de cada um a sua participação esclarecida, bem intencionada e construtiva.

Abraço
João

A. João Soares disse...

O artigo seguinte mostra mais uma opinião convergente com a de Mário Soares, sobre a situação da Europa

Vítor Bento diz que Europa está à beira do precipício e corre o risco de desintegração

José Lopes disse...

Esta Europa foi-me imposta, e não é a Europa dos cidadãos nem sequer uma Europa solidária e democrática.
Cumps

A. João Soares disse...

Caro Guardião,

As decisões políticas que, sempre, afectam a vida dos cidadãos são fantasias muitas vezes saídas de cabeças sem o necessário recheio de conhecimento da matéria.

Vale a pena reflectir que a política, apesar de ser uma actividade de grande responsabilidade devido às consequências na vidas de milhões de pessoas, ao contrários de muitas actividades mais simples e inofensivas, não exige qualidades específicas dos seus agentes. Não há um critério de avaliação prévia as capacidades dos candidatos a políticos. Muitas vezes o povo, desconhecendo as pessoas que fazem parte das extensas listas, vota em criminosos.

Para chegar ao cume dos cargos, foi determinante que o rapaz adolescente, mau estudante e preocupando a família quanto ao seu futuro, foi aconselhados a inscrever-se numa JOTA, sendo-lle sugerido agitar bandeirinhas, colar cartazes, aplaudir os oradores do partido, dizer-lhes uns elogio balofos, começar a afazer tráfico de influências, fazendo uns favores a gente que lhe possa ser útil e mais tarde, obtém diplomas com grau académico, será assessor, secretário, deputado, vereador, secretário de Estado, ministro...
E são tais génios que assinam as fantasias internas e internacionais, que muitas vezes conduzem a crise semelhantes à actual. E a crise não lhes acarreta dano, mas os cidadãos inocentes têm que a suportar, sem equidade, pois o mexilhão é sempre o que se lixa quando os tubarões abusam do erário público que está perto das suas mãos.

E veremos se o PR que tanto tem defendido a equidade na distribuição dos sacrifícios da austeridade se veta ou promulga o Orçamento para 2012. É para ele um momento de prova, que eventualmente não vencerá menos tristemente do que momentos anteriores menos difíceis.

Abraço
João