quinta-feira, 14 de julho de 2011

Deslocação geográfica do Poder mundial

No post Crise, história e mudança ficou resumidamente a ideia de como ao longo da história a sede do Poder mundial se deslocou através do planeta e previa-se que os denominados países emergentes irão ter um papel de realce no futuro próximo.

Aparece agora a notícia de que a China «aconselha» aos Estados Unidos terem responsabilidade para com os seus investidores. Isto passa-se depois de a agência Moody’s ameaçar baixar a classificação da dívida norte-americana.

Por detrás de tal «conselho» ou aviso está o facto de a China ser o maior credor dos Estados Unidos, com mil milhões em títulos no final do mês passado, o que a faz temer dificuldades se a economia norte-americana entrar em recessão e destabilizar os mercados financeiros mundiais.

Sobre as perspectivas de desenvolvimento da China e a sua possibilidade se tornar potência mais poderosa do mundo, sugere-se a leitura dos seguintes textos:

- Os europeus correm contra o muro
- A China entra na Europa pacificamente
- A China e o futuro da geoestratégia
- A China em fase de evolução rápida
- Transformações no Mundo
- As mães chinesas educam melhor?

Imagem do Google

4 comentários:

Pedro Coimbra disse...

O que discutimos no meu blogue, caro João.
É fácil fazer esta previsão.
Mas também é preciso verificar quais são as razões subjacentes a esse deslocamento.
Concorrência desleal é, de certeza, uma delas.
Um abraço

A. João Soares disse...

Caro Pedro Coimbra,

Como disse em Crise, história e mudança, o poder tem migrado entre a Ásia, a Europa e a América e parece estar a regressar à Ásia.
Agora, tudo indica que estamos em plena mudança. O Poder mundial está a mudar de mãos.
A China que nunca iniciou uma guerra, conseguiu desenvolver grande capacidade económica e financeira com bons métodos de governação.
Oxalá acelere as medidas de desenvolvimento do respeito pelos Direitos Humanos, ainda muito diferentes dos conceitos ocidentais.

Se entre dois comerciantes vizinhos são usados variados truques para levar a melhor, entre grandes potências, a ganância não olha a meios. No seu conceito materialista, todos os truques são bons se favorecerem a aquisição do objectivo. Enquanto os americanos se esvaem em guerras desgastantes, os chineses, que o amigo bem conhece, primam pela subtileza indo serenamente aproveitando as menores oportunidades para avançar em direcção ao desejado resultado final. E eis que já dão recados bem explícitos aos EUA.
Nos próximos pares de anos veremos como o mundo estará, mas as forças secretas dos EUA não deixarão de estar atentas e de utilizar tudo o que têm aprendido com Bin Laden e outros. Não vão respeitar ética nem civismo.

Abraço
João

Maria Letr@ disse...

Como muito bem sabe, amigo João Soares, já Napoleão Bonaparte - e veja só há quantos anos .... - afirmou: "Quando a China acordar, o Mundo Tremerá". Se nos tivessemos debruçado bem sobre as caraterísticas do povo chinês e do que se tem passado, politicamente, naquele país, ao longo dos anos, talvez tivessemos chegado à conclusão de que se impunha prudência. Trata-se dum povo com uma cultura específica, diferente. Não o fizemos e a sua sorrateira e calculada estratégia comercial e industrial, foram lhes dando força económica, apesar de ser um país cuja política interna, no que diz respeito, sobretudo, a direitos humanos, deixa muito a desejar mas o seu poder aumentou enormemente, em relação aos outros países. Os Chineses sabem calar-se enquanto agem sob uma estratégia altamente sofisticada: a do cálculo feito após cuidadosa observação por que ponta pegar as vítimas. Eles sabem bem onde teem entrada livre e teem um considerável conhecimento de como lhes convém que lhes abram as portas para poderem ter os resultados desejados, uma vez dentro. O problema é o que está sempre por detrás de grandes manobras políticas e de diversos jogos de financiamentos e de investimento, onde há sempre um objetivo base e contra o qual não vejo arma que resulte: A GANÂNCIA. Pode parecer uma referência gasta, saturada de ser referida, mas é aí que continua e continuará - não tenhamos ilusões - a base de praticamente tudo o que de mau está a acontecer no mundo. Até a América, veja bem, tê-los como os seus maiores credores. Que pena, amigo, que pena ...

A. João Soares disse...

Amiga Mizita,

Agradeço a sua visita e o comentário muito interessante.

A vinda dos Chineses não será obrigatoriamente um perigo, mas não deixa de ser uma mudança em vários aspectos da vida mundial. E toda a mudança implica dificuldades de adaptação. E exige cuidados para não permitir abusos do Poder. Nas últimas décadas os governantes chineses têm mostrado muita sensatez na vida interna e nas relações internacionais. São pacientes e evitam conflitos. Tenho muita admiração pelas suas ideologias.

Beijos e bom fim de semana
João