terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os pobres pagam a crise

As imagens mostram situações reais e, infelizmente, muito frequentes, mas os decisores políticos não fazem uma mínima ideia das condições de vida de uma grande parte da população, por efeito de uma crise causada por incompetência dos responsáveis pelos países.

Os eleitos não pensam nas pessoas, mas apenas em números estatísticos, e não se preocupam em reduzir o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Os conselheiros dos governantes padecem se igual patologia. Para mal da humanidade, isso passa-se a nível ONU, FMI, OCDE, UE, etc. O Conselho de Segurança da ONU é constituído por países ricos ou que se comportam como tal, o mesmo acontecendo com os grupos dos 20 e dos 8.

No Mundo não há representação dos 20 ou dos 8 países mais pobres, menos desenvolvidos. E, assim, a solução é sempre: os pobres que paguem a crise para que os ricos continuem a ser mais ricos.

Os detentores do Poder, geralmente «novos ricos» deslumbrados que pretendem entrar no top da fortuna mundial, alinham pelo princípio defendido pelos grandes empresários. Agora, a solução preconizada pela OCDE vem ao encontro daquilo que há pouco tempo foi defendido por Alexandre Soares dos Santos: defesa do aumento do IVA e redução do IRS e do IRC. Isto significa que se faz aumentar as receitas fiscais nos mais pobres, naqueles que, só fazendo despesas para sobreviver, terão de pagar mais caro o pão outros alimentos básicos indispensáveis.

O líder do PSD tomou a decisão de ouvir os pareceres de notáveis economistas e gestores a fim de perceber melhor a resolução para o Orçamento para 2011. Mas caiu, como é característico da lógica dos nossos políticos em ir buscar as opiniões de teóricos, bem instalados na vida, totalmente afastados das pessoas mais sacrificadas e exploradas do país: classe média baixa, pobres, pedintes, famintos, em que se integram aqueles que as imagens focam

Que esperar? Talvez um dia, todos esses desprotegidos e espoliados assumam o seu poder democrático, através do voto ou por outra forma, como recentemente aconteceu em Moçambique e façam valer a força do número de cabeças. Em Moçambique viram satisfeito o motivo da manifestação. Em Portugal a PSP, com uma simples ameaça de greve em data crítica, viram os seus problemas atendidos.

Vale mais prevenir do que remediar e, neste caso, prevenir significa dar prioridade às pessoas e às suas condições de vida.

Imagens da Net

10 comentários:

Isabel Filipe disse...

Obrigada pelo artigo.

Eles querem lá saber do povo e da pobreza ... e cada dia que passa há cada vez mais gente pobre e a passar mal.

bjs

Celle disse...

João,
um modelo de sociedade baseado em uma economia solidária, uma economia ecológica, na relação respeitosa com a natureza, na busca do viver com dignidade, produzindo aquilo que é necessário, evitando esgotar os recursos naturais. Desmontar a lógica produtivista-consumista, como você sempre diz,será utopia?
Nesta sociedade em que vivemos são poucos os que preocupam em ensinar a pescar,sem esconder informações, fornecer todos equipamentos, cuidando e preocupando com os peixes e do seu habitat.Isto é que é bonito!
Infelizmente João, ainda acredito que falta educação, respeito, não só ao pobre,como ao rico também.
Existem bons e maus patrões, bons e maus empregados.Bons politicos e maus politicos. O mundo seria melhor se o Homem se respeitasse, respeitasse seu semelhante e seu ambiente.
beijinhos
Celle

A. João Soares disse...

Amiga Isabel Filipe,

Nos tempos actuais, de materialismo, de consumismo, de ostentação de procura obstinada de riqueza, de mais riqueza, ninguém entra para a política com intenção de dar mais benefícios aos mais carenciados, de melhorar ao ensino, o apoio à saúde, a Justiça rápida e igual para todos, a defesa do ambiente. Entram para a política à procura de mais riqueza, de mais exploração, de entrarem co top das maiores fortunas.

Não podemos ter ilusões. Eles, em táctica de bando, protegem-se mutuamente, e nisso não pode ser ignorada a corrupção, com a cumplicidade das grandes empresas, daqueles que depois dão asilo aos ex-políticos. Há inúmeros exemplos. Há trocas de favores que justificam a passagem de crápulas de uns tachos onde deram escândalo, para outros, sem perda de proventos.

Será bom que as pessoas se habituem a estar atentos e a pensar sem serem condicionadas por propagandas partidárias.

Beijos
João
Sempre Jovens

A. João Soares disse...

Amiga Celle,

Neste seu comentário traça aspectos muito interessantes de uma sociedade ideal. Utópica? Infelizmente pode ser utópica. Mas pode ser real se as pessoas quiserem. Quem faz a sociedade, ou a humanidade são as pessoas, assim o queiram.
São precisos incentivos para que as pessoas se habituem a pensar por si. Precisam de aprender bases culturais, vontade de trabalhar, de ser exigentes consigo próprios, de agir com excelência, de se integrarem na sociedade com respeito pelos outros e pela Natureza.
Este blogue tem esse objectivo, não criticar sem dar uma pista, um estimulo para que o mundo melhore, isto é, para que as pessoas actuem de forma mais positiva para bem de todos, em paz e harmonia. É preciso pensar com lógica e racionalidade e actuar em conformidade com os principais valores éticos.

Beijos
João
Sempre Jovens

Henrique Monteiro disse...

Meu caro João, cada vez mais me apetece aderir ao Movimento Rastafári. Estamos a escassos dias de "comemorar" mais um aniversário da 2ª República e se repararmos, todos as grandes "transições" de regime neste país não foram feitas com "poesias"! Agora temos um "humanista" candidato a PR. "Ya...". Vamos mas é tocar reagge e fumar umas ervas.

Alexandra Caracol disse...

Olá João

Passei por aqui porque estou cheia de saudades.

Seus artigos são sempre actuais e interessantes.

O triste da crise é que a geração da minha filha dificilmente irá conhecer algum momento do país sem crise.

Beijinhos e boa saída da crise...

A. João Soares disse...

Caro Sifrónio,

Corrijo-lhe o algarismo. O 5 de Outubro foi o nascimento da primeira república, e a segunda nasceu em 28 de Maio, ou em 25 de Abril, conforme alguns entendidos.
Em Democracia, ninguém se deve considerar dono da cadeira eternamente. O povo é soberano como provam vários casos.

Há alguns anos, nas Filipinas, o Presidente que era actor, Joseph Estrada, foi derrubado por efeito de grandes manifestações anunciadas horas antes por mensagens de SMS, em que já eram incluídos os slogans, e ao fim de poucos dias, estava fora da cadeira do poder e entrou para o lugar Gloria Macapagal-Arroyo.

Em Moçambique, recentemente, o povo estava a ser massacrado com a subida dos preços de bens essenciais. Saíram para a rua e depois de poucos dias o Governo atendeu a sua reivindicação. Realmente, em Democracia a soberania está nas pessoas. É preciso criar consciência de que vale a pena refilar.

Entre nós, a PSP ameaçou com greve numa altura em que ela é indispensável, para a segurança da reunião da NATO em que estará cá o Obama e se teme acção violenta da Al-Qaeda. Esse gesto resultou em que o MAI lhes satisfez muitas das reivindicações. E as que não foram satisfeitas acabarão por o ser devido à greve de fome que alguns polícias estão a fazer.

Tem que se reestruturar o sistema político, a administração pública, combater a corrupção que discretamente está por detrás de tudo o que se passa. Tem que se analisar bem os problemas e as causas, para procurar soluções eficazes e não ficar pela aspirina.

Abraço
João
Do Miradouro

A. João Soares disse...

Amiga Alexandra,

Realmente, não se perspectivam bons anos para a geração da sua filha. Mas de entre os jovens de agora hão aparecer pessoas geniais com bom senso, coragem e saber para fazer uma gestão correcta dos interesses colectivos, no respeito pelas pessoas.

Beijos
João
Só imagens

Henrique Monteiro disse...

Caro João, agradeço a correcção. Foi uma "gralha" da minha parte. Aliás nem faria sentido comemorar aniversários da 2ª República!

Mas este país tem que levar um "abanão" a sério e não nos escudemos na demagogia pura e simples, de que é impossível porque estamos na UE. Isso é treta de políticos e apaniguados.

Um abraço.

A. João Soares disse...

Caro Sifrónio,

O abanão há-de surgir, mas é preciso que não percamos a vontade de o realizar, e de preparar as condições para que o ovo dê a larva e esta se transforme em borboleta. A convicção dará o seu fruto. E este governo, com as suas asneiras e decisões impreparadas e infantis, tem criado condições para acelerar a incubação do abanão.

Um abraço
João
Do Mirante