Depois das notícias vindas de Maputo, conclui-se que os políticos raramente usam uma óptica bem focada nos interesses do povo que juraram defender. Perante manifestações contra o aumento do custo de vida, em vez de pão ao autoridade atirou-lhes balas.
Infelizmente, neste aspecto e noutros, verifica-se em muitos países mesmo nalguns que se consideram civilizados, uma criminosa falta de sentido de Estado dos políticos em funções de responsabilidade. Esquecem que foram eleitos para gerir o bem-estar do povo, como seus mandatários e que devem ter sempre presente o seu dever para com os eleitores.
A sua falta de sentido de responsabilidade e de competência na gestão dos interesses nacionais leva a actos criminosos, condenáveis, como esta onda de violência atroz contra o povo faminto e indefeso. Mas, para mal da humanidade, a Justiça que devia ser geral e isenta, acaba por ignorar os crimes dos ocupantes das cadeiras do poder.
Por se julgar interessante, transcreve-se o artigo seguinte:
Em nome do "povo"
Jornal de Notícias 02-092010. Por Manuel António Pina
Dez mortos, entre os quais crianças, e várias dezenas de feridos é o balanço provisório dos tumultos motivados pela subida dos preços dos bens essenciais em Moçambique, onde pão, arroz, electricidade e transportes sofreram aumentos que chegam aos 20%. Isto num dos países mais pobres do Mundo, com um salário mínimo que anda pouco acima de 50 euros por mês. Os protestos vinham sendo há dias convocados por SMS e, ontem, Maputo acordou ocupado por polícias, apoiados por blindados, que não estiveram com meias medidas e abriram fogo sobre os manifestantes.
Os antigos guerrilheiros hoje no Poder em Maputo esqueceram rapidamente o sentido de uma palavra terrível como "fome", gritada para as câmaras da RTP por uma mulher desesperada: "Na Presidência estão comendo bem, por que é que nós havemos de morrer de fome?".
Para o provavelmente bem alimentado ministro do Interior da Frelimo, que ordenou à Polícia que atirasse a matar sobre os seus concidadãos (o tal "povo"), milhares de pessoas acossadas pela fome saqueando mercados por comida são (disse-o na TV) "aventureiros, malfeitores e bandidos" a abater.
Imagem da Net.
Recordando alguns dos nossos livros de cabeceira em 2024
Há 51 minutos
3 comentários:
Amigo João!
Obrigada por ter dado relevo a este tema!
Fiquei tanto ou mais indignada...
É verdade! Usaram balas reias e toca a matar quem tem o direito pleno de se manifestar contra semelhante absurdo, contra a Fome e a Miséria!
Lamento os mortos...
Espero que a imprensa Mundial faça o máximo alarido ...
Mas espero, acima de tudo, que a população não se deixe intimidar e que continue a lutar pelos seus direitos...
Ao pão, à sua substitência!
Estou solidária com a sua luta.
Beijinhos
Ná
Amiga Fernanda,
Gosto do seu ponto de vista e da frontalidae como o expõe.
Sobre este caso, pode haver vários pontos de vista. O dos polícias resume-se ao cumprimento de ordens e da sua missão: evitar desacatos, restabelecer a ordem, etc. Mas isso aumenta a violência dos manifestantes que, pelo seu lado, se sentem com toda a razão.
A posição mais criticável é de quem está por cima da polícia, os governantes, que deviam ter tomado medidas para evitar que a vida das pessoas tivesse chegado a tal estado de penúria. Deviam cumprir o seu dever de gerir os recursos do País para garantirem ao povo, aos seus eleitores, boa qualidade de vida e bem-estar. Este é o dever dos governantes. Mas, infelizmente, depois de tomarem posse do poder pensam apenas no seu próprio bem-estar e no seu enriquecimento com , a conivência e a cumplicidade das grandes empresas, do tipo das referidas num post anterior.
Mas o povo, como os governantes não querem ver as suas condições de vida em carência total, têm que manifestar o seu descontentamento e não têm outra forma de o fazer.
O povo é soberano, mas tem-se sentido explorado, e desprezado. Merece mais atenção do que uma saraivada de balas mortais.
Beijos
João
Só imagens
Sobre o tema sugere-se a leitura do post
A Justiça e os privilegiados
e do artigo
Os desmobilizados moçambicanos ameaçam mobilizar ainda este mês
João
Sempre Jovens
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