A época de maior perigo de fogos florestais aproxima-se passos rápidos. Todos os anos é prometido que o problema será resolvido melhor do que nos anos anteriores, mas a catástrofe, concretiza-as ao invés dessas promessas políticas. A zona do pinhal desaparece pra ser substituída por florestas de giestas, acácias e outras infestantes, a não ser nos locais em que a indústria das celuloses decide plantar eucaliptos, com os inconvenientes conhecidos para a infertilidade dos solos próximos.
Promessas de aquisição de aviões e de helicópteros, são conhecidas, feitas no auge das emoções sem base em estudos sérios quanto aos factores que levaram à escolhe de uma solução em detrimento de outras, melhores ou piores. As decisões sobre os joelhos têm sido uso corrente, levando por vezes a recuos ou, o que é pior, à continuação teimosa por caminhos errados. Agora, segundo o JN, estão «Por definir a cedência de pilotos para fogos». Segundo fontes militares,«o protocolo entre o Ministério da Administração Interna (MAI) e o Ministério da Defesa, a propósito da cedência de pilotos de helicópteros do Exército para a unidade de combate aos fogos e socorro, ainda está por assinar.» Parece estar em a vontade do MAI em estender a requisição dos pilotos do Exército por três anos, para ter tempo de preparar guarnições próprias para as aeronaves, que deverá começar a receber este ano e que deverão estar disponíveis para a próxima época de fogos.
Mas a Unidade de Aviação Ligeira do Exército (UALE) de onde sairiam os oito pilotos para o Mai, não obstante nunca ter voado em helicópteros próprios, continua a ser mantida absorvendo verbas públicas sem um contraponto no produto operacional. E o que é pior, todos os pilotos e mecânicos da UALE perderam as qualificações aeronáuticos e alguns deles poderão ter demasiada idade para corresponder aos requisitos operacionais.
Entretanto o Exército espera o fornecimento de helicópteros ligeiros, para abrir caminho aos NH-90, mas a verdade é que o concurso para aquelas aeronaves ainda não foi lançado, por o caderno de encargos dever ser elaborado em conjunto com a Força Aérea, que também quer receber "helis" ligeiros e os requisitos finais de ambos os ramos ainda não estarem estabelecidos.
Quanto à aquisição de 10 hélis NH-90, o contrato foi assinado em 2001, entre o Governo português e a NAHEMA (NATO Helicopter Management Agency), a entidade da OTAN que ficou responsável pela gestão do programa NH-90, onde entram mais cinco países, além de Portugal. Porém, o Governo deve à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) um valor que poderá chegar aos 40 milhões de euros , na sequência da decisão governamental de suspender o pagamento de prestações no âmbito do programa de aquisição. Em causa estarão dificuldades financeiras sentidas pelo Executivo, que levaram ao adiamento da recepção dos aparelhos de 2008 para 2012.
A formação de pilotos do Exército para o NH-90 estará dependente dos helicópteros ligeiros para instrução, dois processos que oficialmente aparecem associados. No entanto os pilotos poderão receber formação ou reciclagem na Força Aérea ou na unidade aérea do Exército espanhol (FAMET), tal como já aconteceu antes de os pilotos do Exército terem perdido as qualificações de voo.
Com mais estes pormenores por resolver, não podemos esperar que a eficácia do combate aos incêndios, durante o próximo Verão, seja muito superior à verificada nos anos mais recentes. Só a redução dos focos de incêndio nos poderá valer, mas essa não será fruto de qualquer acção planeada e coordenada pelo Poder. No entanto, não deixará de haver visitas de governantes aos fogos mais mediáticos, com direito a aparecimento nos telejornais com palavras politicamente correctas mas que não deitam sumo quando espremidas, à semelhança das proferidas em ano transacto, nomeadamente da Serra d’Aire que originaram comentários duramente polémicos. Os recordes de afirmações enfáticas de governantes não param de ser batidos, a cada passo.
O almirante e o medo
Há 58 minutos
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