terça-feira, 24 de abril de 2007

Abril. Uma data histórica

O 25 de Abril foi, realmente, uma grande data. Era necessário acabar com o regime e este não teve defensores que fizessem sombra aos capitães, que lhes dificultassem a revolta. Por isso foi pacífica e depressa se concluiu a acção militar.

Não perdi a minha isenção de análise, não mantenho fanatismo nem ressabiamento, detesto visões extremistas , neste como em qualquer tema. Recordo que fui nomeado para acompanhar Mário Soares, Almeida Santos e Jorge Campinos numa missão ao estrangeiro, pouco tempo depois. Recordo também a minha nomeação para adjunto do PR Costa Gomes para substituir um que deixou de merecer total confiança do MFA. Isso não significa que aplauda todos os resultados da Revolução de Abril, antes pelo contrário, assisti a muito desvario, à substituição da liberdade pela libertinagem que não é a mesma coisa!
Em Portugal nem tudo era mau e o PREC destruiu muita coisa valiosa do património material, humano e social dos Portugueses.

Dizem-se , agora, nas comemorações da data, palavras muito bonitas nos aspectos teórico, ideológico, e como expressão de uma fé. E a fé não se discute mas não deveria tentar-se espalhá-la por imposição.

Havendo liberdade, como é afirmado por muitos entusiastas, deve aceitar-se que os discordantes da revolução dos três DDD (democratizar, descolonizar e desenvolver), possam dissertar sobre a sua opinião, possam trazer a lume os muitos erros feitos em nome da Revolução da Liberdade. Houve-os, apesar dos bons intentos de quem preparou a Revolução e de muitos que se esforçaram por fazer vencer as ideias mais positivas, sensatas e patrióticas.

Neste momento, em que se evita que um grupo de pessoas possa colocar umas flores na campa do tirano, não se pode falar em compreensão e liberdade. Ainda há dias um amigo, professor universitário e fundador da UnI me enviou um texto que coloquei na Net, e me dizia, se quiser divulgar estas palavras, pode fazê-lo, mas peço que não diga o meu nome porque tenho medo por mim e pela minha família.

Os temas mais mediáticos dos últimos tempos evidenciam que a liberdade de informar está muito condicionada por diversas formas. O notável Pinto da Costa disse que a Pide foi extinta, mas foi substituída por instituições oficiais e por forças ocultas. A comunicação social está a ser «devidamente» controlada e o PM já mostrou interesse em amordaçar a blogosfera.
Não devemos cegar os outros. É preciso analisar seriamente os factos, para eliminar a poeira, a fumaça (de Pinheiro de Azevedo) e permitir que as pessoas possam raciocinar serenamente, usando a Liberdade de Abril.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Liberdade é uma responsabilidade.

Pelo caráceter lúcido e coerente dou-lhe os meus parabéns.

Viva a democracia com lucidez!

Abraços

Mário Relvas