No Diário de Notícias de ontem anunciava-se que a Europa está preocupada com o aumento da gravidade das cheias e das secas devido às alterações do clima. Está a aperfeiçoar-se um sistema de alerta que permita evitar demasiadas perdas em vidas e haveres. Um dos cuidados a ter é reduzir os falsos alertas, de forma a manter a confiança da população.
Mas, além de melhorar cada vez mais as previsões, é indispensável actuar na prevenção de danos. As grandes pluviosidades não podem ser evitadas, mas é relativamente fácil não colocar obstáculos nos leitos de cheia. As imagens televisivas de estragos em ocasião de cheias mostram ter havido muita incúria na construção de habitações e outros obstáculos no caminho natural da água.
Não basta respeitar os riachos e ribeiros, é preciso manter limpos os talvegues e as linhas de água, que estão secos quase todo o ano, mas que quando chove um pouco mais, têm de permitir o escoamento da água que, por natureza é por ali que tem de passar. E se encontra um obstáculo, pára, avoluma-se e ganha força arrasadora que depois leva tudo à sua frente.
Grande parte das obras são projectadas em gabinetes só se vai e ao terreno quando não chove, o que leva a cometer erros por ignorância ou negligência.
É indispensável que nas Câmaras Municipais haja pessoas bem preparadas para, em colaboração com a Protecção Civil, aconselhar a população de forma a serem evitados erros perigosos.
Presentemente, devido às alterações do clima e ao facto de as serras estarem desprovidas de vegetação de grande porte e, por isso, não poderem reter muita água, esta escorre rapidamente encosta abaixo provocando deslizamentos de terras e caudais volumosos, com os perigos inerentes. Recordo com dor, a imagem de um café de aldeia do Norte, construído numa linha de água, onde durante a chuva, estavam reunidos a jogar as cartas, alguns homens que foram levados pela enxurrada que, depois de esperar encostada à parede e de aumentar o volume, rebentou com esta e fez a limpeza de todo o rés-do-chão.
Aplica-se nestes casos, a frase Deus perdoa sempre, os homens perdoam às vezes, mas a Natureza nunca perdoa. É preciso respeitá-la sempre.
A Necrose do Frelimo
Há 3 horas
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