O Governo foi ontem acusado pelo presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, de contribuir para a desertificação de "uma vastíssima área de mais de três quartos do território nacional", ao extinguir serviços públicos de saúde, postos da GNR e da PSP, tribunais, escolas, transportes ferroviários e rodoviários, correios e outros.
Esta acusação consta do documento que refere "exemplos da absoluta contradição entre a política desarticulada no terreno e o planeamento que é suposto existir a nível nacional" o qual mereceu a unanimidade dos membros do conselho geral da ANMP reunidos, ontem, em Coimbra. Segundo os autarcas, isto demonstra grave descoordenação e contradição dado que «este conjunto de políticas avulsas de encerramento do interior" é desautorizado claramente pelo Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território, aprovado pelo Governo e em vias de ser votado pelo Parlamento
Naquele plano, apela-se, entre outras coisas, a "um maior equilíbrio na distribuição espacial da população", à "dinamização e diversificação económica e social das zonas rurais" e ao desenvolvimento de "uma rede nacional de prestação de cuidados de saúde", sendo tudo isso contraditório com o fecho de serviços em curso.
Os distritos mais afectados - ou "área a abandonar pelo cidadão", segundo prevê a ANMP - são Viana do Castelo, Vila Real, Bragança, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja, sendo raras excepções "uma ou outra capital de distrito ou núcleo urbano mais significativo".
Por tudo isto e pelo grave inconveniente de desertificar o interior do País, os autarcas do conselho geral da ANMP pedem ao Governo "que os encerramentos de serviços de interesse público passem a estar sujeitos a estudos de impacto social".
A Natureza é inimiga do vácuo e, perante o abandono de grande parte do País, pode ocorrer a sua ocupação por grupos ilegais e indesejáveis, com possibilidade de incluir elementos do terrorismo internacional, difíceis de expulsar dada a pouca atenção dada às Forças de Segurança e às Forças Armadas, como se deduz de recentes notícias sobre a substituição das G3 e a aquisição de helicópteros.
Sugere-se a leitura de posts aqui colocados:
Autarcas acusam Governo de desertificar o país
O Interior abandonado pelo Governo
Maus governantes ao sabor de manifestaçôes
O interior português está ostracizado
Ministro da saúde avança e recua
A Necrose do Frelimo
Há 2 horas
3 comentários:
Esta descoordenação e contradição dos governantes aos vários níveis, levam-nos a pensar que desconhecem ou esqueceram que as decisões dos eleitos pelo povo devam tomar decisões em benefício da Nação - conjunto dos cidadãos - e do território em geral. A população e o território são o dois principais pressupostos dum Estado.
Porém, as decisões são muitas vezes tomadas para alimentar vaidades, e obstinação na conquista de visibilidade ou na competição interpartidária. Tudo isso fica caro aos contribuintes e, raramente, reveste em seu benefício.
Portugal já sofria de um síndrome de desertificação do interior de longa data, devido a uma concentração - que radica na nossa história - de serviços e população nas cidades do litoral. É lamentável que o problema, não só persista, como também se agrave. O governo socialista, com as suas preocupações macroeconómicas de carácter capitalista, está, pelos vistos, e de acordo com a sua excelente análise, a aprofundar o fosso entre o interior e o litoral, como se de dois países se tratasse. De dois povos até!
Um abraço amigo
Sendo uma tendência que vem do tempo em que a dependência do mar era grande - emigrava-se para o Brasil e ara as colónias de navio - e tendo essa dependência diminuído, até porque já estão praticamente extintas as frotas de navios de passageiros e de pesca, já há muito deviam ter sido tomadas medidas para desenvolver mais o interior criar condições atractivas para residentes e turistas. Mas os políticos ainda não aprenderam a pensar.
Transcrevo um comentário que coloquei no Do Mirante noutro post.
O que falta no nosso País não é os políticos terem um «canudo» de engenheiro civil, mas apenas um simples curo ou estágio de práticas de gestão pública ou de governação, parecido com o que muitos políticos têm frequentado no IDN, chamado «Curso de Defesa Nacional».
É que Governar não é fazer política partidária, não é apenas impor ideias sem as justificar e troçar das sugestões e críticas da oposição que, na presente data, é muito pouco hábil. Governar é estudar, prever, decidir, planear executar e controlar, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população em todos os sectores, como, ensino, segurança pública, justiça, saúde, equidade social, etc.
Mas eles não receberam formação profissional e não querem aprender.
Um abraço
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