Embora seja admissível que as palavras do secretário-geral da CGTP possam enfermar dos exageros inerentes à luta política, elas devem ser objecto de meditação para analisar a sua sintonia com as realidades presentes e onde poderá começar a virtualidade da politica.
Tem, por isso interesse a leitura da seguinte notícia:
Governo defende "estratégia criminosa" de empobrecimento, diz Carvalho da Silva
Jornal de Notícias. 03-11-2011. 13h05m
O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, criticou, esta quinta-feira, o Governo por defender uma estratégia de empobrecimento da sociedade portuguesa, classificando-a de "criminosa".
"O Governo assumiu como estratégia a necessidade do empobrecimento da sociedade portuguesa e isto é criminoso. Nós dizemos que está por demonstrar, nas sociedades humanas, que alguém possa cumprir com as suas obrigações [compromissos e dívidas] empobrecendo", justificou o líder sindical num fórum de debate, em Lisboa.
Carvalho da Silva, que falava no Encontro sobre o Estado, Administração Pública e Direitos Sociais, organizado pela CGTP, realçou que "o empobrecimento não melhora a vida" dos portugueses.
O líder da central sindical garantiu que, actualmente, Portugal está confrontado com "políticas de retrocesso social", as quais classificou de "muito perigosas".
As políticas seguidas pelo governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho estão a pôr em causa "o princípio da universalidade, da solidariedade e da coesão social", justificou.
"Andam-nos a dizer que devemos empobrecer, sem discutirmos instrumentos importantes como são o Estado e Administração Pública. Vivemos numa situação muito delicada em que é preciso termos consciência real das coisas, mas o máximo que se pode exigir é tomarmos consciência do patamar em que estamos e não agravarmos a solução", avisou.
A partir daqui, "é [fundamental] buscar soluções económicas, políticas e sociais para sair do buraco e nunca aprofundar o buraco", sublinhou.
Carvalho da Silva alertou também para o facto de o Governo estar a "aprofundar as desigualdades".
"Ao alterarem as estruturas, os papeis do Estado e deslocarem meios e funções querem levar o dinheiro para os interesses privados, logo vai faltar ao nível dos direitos sociais", concluiu.
O líder da central sindical criticou ainda a "espiral regressiva" a que se está a assistir em Portugal, nomeadamente, na Segurança Social e na Saúde, situação que vai obrigar a que haja "um grande empenho" por parte de todos os trabalhadores na adesão à greve geral de 24 de Novembro, uma acção de luta contra a exploração e a retirada dos direitos sociais.
Imagem do JN
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Há 4 horas
4 comentários:
Caríssimo João,
As últimas declarações de Passos Coelho vão nesse sentido e por isso julgo que devemos dar um certo "benefício de dúvida" ao que está a ser feito. Parece-me que estamos no limiar de uma nova era mas que vai levar mais tempo do que desejávamos e com mais sofrimento! Mas temos que perceber que todos nós ajudamos a este descalabro mas, claro, uns mais que outros!
Um forte e amigo abraço muito solidário.
Caro Luís,
Realmente, todos contribuímos para este descalabro, mas com muitas diferenças, uns apenas o fizeram por omissão porque não abateram o primeiro abusador do dinheiro público.
O PM confessa que é «o orçamento mais difícil de que temos história»
Não discuto a legalidade porque essa é criação de políticos cujo «valor» está comprovado pela gravidade da crise a que nos conduziram. Mas dói-me a falta de legitimidade ética e moral, de equidade fiscal, de justiça social da maior parte das medidas que vêem sendo «prometidas, autênticas ameaças de eutanásia forçada da maior parte dos portugueses.
Como compreender que um trabalhador que recebia durante 14 meses pouco mais de 1000 euros de salário, único provento para sustentar a família, seja espoliado de 2 salários, isto é, 14,2857%, enquanto aos Sr. Mira Amaral nada se retire na proporção de escalão mais alto como é uso dos impostos? Como compreender que se espoliem apenas uns portugueses, em função da sua actividade profissional e se deixem outros libertos de tal extorsão? Não pode haver explicação moral, ética, legítima, justa, aceitável para isto, senão que estamos a voltar ao feudalismo em que a plebe tinha direito apenas aquilo que os ditadores lhes davam como esmola «generosa». E para onde vai aquilo que retiram aos mais desfavorecidos? Vai para os bancos e para a lauta vida dos políticos que não se privam de sucessivas viagens com grandes grupos de amigos.
Se não há memória de um orçamento tão injusto, não desaparece da memória a austeridade do ex-PR Manuel de Arriaga e, mais recentemente do ex-PR Ramalho Eanes.
Seria bom que os actuais governantes se preocupassem em imitar os bons exemplos nacionais e os que chegam dos países mais civilizados.
Um abraço
João
Todos criticam o Estado por ser gastador mas querem sempre ignorar que nós somos o Estado e quem passa os cheques são os governantes.
O tal Estado cheio de gorduras é sempre um bom porto de abrigo para quem está à rasca, como os bancos, por exemplo, ainda que eles não gostem nada mesmo de contribuir quando as coisas lhes correm bem. Decidam-se caros compatriotas, se querem melhores políticos ou se querem que seja tudo privado, e então dispensam-se os políticos e isto vira uma anarquia onde impera a lei da selva.
Cumps
Caro Guardião,
Nem oito nem oitenta. Chefes tem de os haver sempre que a equipa tenha mais do que um elemento, desde o chefe de família no lar, até ao Presidente no Estado.
O que falta, no nosso País, é civismo em toda a população, e mais notável nos seus representantes eleitos. O civismo devia traduzir-se em maior dedicação aos interesses nacionais que devem ser colocados acima das ambições pessoais e de partido, devia traduzir-se em mais respeito pelos cidadãos que em democracia são os detentores da soberania, devia traduzir-se em mais rigor na utilização do dinheiro dos impostos, etc, etc.
Penso que ninguém será tão utópico que pense num país sem dirigentes, sem políticos, mas é natural que pense num País com leis e justiça aplicáveis a todos os que erram em prejuízo dos outros sejam pessoas ou a Nação.
E o pior mal de Portugal é a população aceitar tudo o que vem de cima e acomodar-se com as explicações mal amanhadas que os políticos dão, quando o essencial é a população fiscalizar a forma como os seus eleitos actuam e criticá-los construtivamente indicando o que não parece correcto e sugerir melhores soluções.
O artigo transcrito neste post constitui um elemento que devia servir de meditação, usando-o como uma peça do diálogo construtivo a que o Conselho de Estado apelou, na sua reunião mais recente.
Um abraço
João
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