O primeiro-ministro defendeu ontem, com muito bom senso, que «irão vencer a actual crise os que apostarem na acção e não no travão, os que apostarem na decisão e não em ficar à espera que tudo passe», o que significa que sairão vencedores da actual crise mundial os que decidirem novas estratégias, adequadas e bem fundamentadas que tenham em conta a relação de custos e benefícios.
O bom senso pode ser comprovado por quem conduz, pois o travão apenas é utilizado para moderar o andamento quando se pretende evitar perigos ou quando se atinge o objectivo. O travão impede o avanço, mas, quando bem utilizado, modera impulsos inconvenientes, enquanto o avanço é imprescindível mas, se o rumo não for devidamente controlado e a velocidade não for a mais adequada aos condicionamentos presentes, pode levar de encontro ao muro ou para o fundo do precipício.
Também não pode deixar de ser dada muita atenção ao discurso de hoje do Presidente da República, transcrito para o post anterior em que, entre outros conceitos a não esquecer, diz que «a crise que vivemos tornou mais nítidas as vulnerabilidades estruturais que o País ainda manifesta» o que pressupõe que os avanços sugeridos pelo PM devam ser orientados para a eliminação de tais vulnerabilidades para que Portugal seja «o País com que sonhámos em Abril de 1974» sendo, para isso indispensável «restaurar o clima de confiança e o crescimento económico».
O PR diagnosticou que «a ausência de valores e princípios éticos nos mercados financeiros constituiu uma das principais causas da crise económica que o mundo atravessa» e que «gestores financeiros imprudentes ou incompetentes, e outros pouco escrupulosos ou dominados pela avidez do lucro a curto prazo, abusaram da liberdade do mercado e da confiança dos cidadãos, com gravíssimas consequências para as condições de vida de milhões de pessoas». Daqui se conclui que algumas decisões recentes em apoio de sectores que fomentaram o consumismo desregrado e inconveniente, não foram movidas por grande sensatez.
Quando se referiu às próximas campanhas eleitorais, achou que «nas propostas que os diversos partidos irão apresentar ao eleitorado, deve existir realismo e autenticidade» e que «quem prometer aquilo que objectivamente não poderá cumprir estará a iludir os cidadãos», conselho difícil de ser levado a sério por quem nos tem bombardeado sucessivamente com promessas fantasiosas e incumpríveis.
E apontou as áreas prioritárias em que se situam os objectivos estratégicos: «o emprego, a segurança, a justiça, a saúde, a educação, a protecção social, o combate à corrupção». Depois desta sensata análise da situação está feita grande parte da preparação das decisões a tomar, segundo o critério já aqui apontado de «pensar antes de decidir».
O almirante e o medo
Há 1 hora
4 comentários:
Caro João,
Lendo com atenção o discurso do PR e a tua análise ao mesmo rápidamente nos apercebemos que as palavras de Sócrates são balofas e cheiram a "banha de cobra"! Quando é que ele trava os seus dislates?
Há mesmo que travar os desmandos que têm vindo a ser cometidos por este governo e que parecem vir a agravar-se com as promessas em catadupa sem qualquer realismo só para enganar os "papalvos" e engordar os corruptos! É que autoestradas em duplicado e até em triplicado, TGV's e pontes e mais pontes neste momento serão a desgraça do País com custos gravíssimos para os nossos bisnetos. Por tudo isto entendo mesmo que HÁ QUE MUDAR PORTUGAL!
Amigo J. Soares
Após ausência por avaria no computador que obrigou a paragem e manutenção, retomo a “actividade”! Considero que o diagnóstico do PR é exemplar ao estabelecer as áreas prioritárias que preocupam os portugueses, que qualquer pessoa de bom senso apoiará. Se nas legislativas não houvesse maioria absoluta do PS ou PSD, talvez o cenário mais provável, era a altura certa para, com a intervenção mediadora do PR, ser definido com os partidos com assento parlamentar, políticas integradas para combate eficaz à crise grave que enfrentamos; solução várias vezes por ti referida. Basta de lutas partidárias e medidas avulsas de eficácia duvidosa. Em entrevista recente à TVI o Dr. Medina Carreira referiu a pergunta que nunca foi colocada a José Sócrates: “qual o plano integrado estabelecido pelo governo para combater a crise?”. De facto, dá a impressão que as decisões anunciadas são desgarradas e algumas com objectivos eleitorais.
Um abraço
Eurico
Car Luís,
Estamos a desperdiçar os últimos recursos. Não há um plano global bem gizado, coerente para fazer face à crise. A ideia de Sócrates é estoirar o pouco que ainda resta, sem nexo sem esperança de isso ser auto-compensado e daí sair mais riqueza. Serve-se de«sábios» que são sabujos e querem dizer-lhe coisas que ele gosta de ouvir, como foi no caso da Ota. Não há meio de aprenderem as lições da experiência.
Um abraço
João
Caro Eurico,
Cavaco deu uma lição de planeamento muito simples de forma a ser compreendida pelos governantes que temos. Mas, apesar da facilidade do seu texto, eles não compreenderam e continuam a afirmar que esbanjar em obras faraónicas é a solução para a crise, mesmo que dessas obras nada venha de útil e que depois virão as despesas de funcionamento e de manutenção, como é o caso do TGV. Quem sabe e pensa, diz que o TGV não terá negócio para pagar o funcionamento e muito menos a manutenção dos equipamentos e infra-estruturas, e nem se pode pensar em recuperar o investimento feito.
Os nossos netos é que se vão lixar e dizer mal da geração dos pais e dos avós.
Um abraço
João
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