Tenho recebido por e-mail várias mensagens a focar que o TGV e o Aeroporto, assim como outros investimentos de vulto beneficiam, acima de tudo, as empresas de construção civil, os fabricantes de equipamentos e materiais de construção, a Banca que financia tais empresas e, não menos significativo, indivíduos, com poder de influência ou de decisão, que conseguem ultrapassar as dificuldades impostas pela pesada burocracia e abreviar os licenciamentos e, depois, aceitar as propostas de obras extraordinárias, não constantes do projecto adjudicado, com assinatura de «contratos adicionais», como referiu o Tribunal de Oeiras.
O caso dos contratos adicionais é frequente elevando os custos finais a valores que são quase o dobro da adjudicação inicial. Além das obras extraordinárias, há os contratos laterais, com expropriações e outros pretextos que encarecem as obras onerando injustificadamente o erário público , como se constata de estes exemplos: «Metro pagou 3,5 milhões a mais ao Salgueiros», «Caso edifício dos CTT: gabinete e domicílio de autarca do PSD alvo de busca», «Aeroporto e TGV vão fazer crescer pressões mafiosas», «Ferreira Leite quer saber destino dos "milhões de euros" anunciados pelo Governo», «PSD questiona destino dos fundos públicos», «Justiça não pune mais poderosos e influentes»
Mas, infelizmente, nesta sociedade eivada de vícios e de interesses egocêntricos, inconfessáveis, nem todas as dicas que recebemos ou que lemos na Comunicação Social, qualquer que seja a fonte, podem ser tidas como correctas, devendo haver o cuidado de as fazer passar pelo crivo do nosso conhecimento e raciocínio, após uma comparação com dados já conhecidos e analisada a sua verosimilhança e viabilidade. E um método de trabalho poderá constar de juntar o máximo de dados para procurar entre eles uma linha lógica que retire os pontos de contacto entre si e que poderá levar a uma interpretação mais perfeita. É neste sentido que aqui trago estes títulos de algumas notícias que me chegaram.
Quanto ao interesse da Banca nos grandes empreendimentos, atrás referido, foi confirmado na entrevista de Ricardo Salgado constante aqui e aqui, e bem explícita no título “Precisamos desesperadamente do novo aeroporto e do TGV”.
E quanto à impunidade de pressões e outras formas de interesse oculto nas grandes obras são significativas as palavras do líder sindical do Magistrados do MP referidas no artigo «Justiça não pune mais poderosos e influentes».
Todos estes dados acentuam a necessidade de meditar atentamente nas palavras de Cavaco Silva, quando se refere ao custo/benefício, e ver para quem são os benefícios reais.
Um rei debruçado sobre a lama
Há 5 horas
2 comentários:
Os investimentos de vulto interessa a quem? Às grandes empresa de contrução civil, aos autarcas por onde passam esses investimentos,aos bancos que farão empréstimos por tal motivo, aos corruptos que aí vêm maneira de fazer mais uns "cobres fáceis", etc., etc. Trazem com eles mais endividamentos e pouca ou nenhuma riqueza. Mas isso virá ao encontro do meu comentário ao post anterior, em que refiro que se pretende continuar com o consumismo em detrimento do humanismo que deve a chave da economia para a sua reorganização para um futuro mais equilibrado.
Amigo Luís,
Confirmas o que o post diz. Aliás estas ideias estão em sintonia com os pensamentos de quem observa com independência o que está a passar-se. As pressões existem, são inevitáveis e elas aí estão cada vez mais visíveis. Não esqueçamos as forças que estiveram em luta sobre a localização do Novo Aeroporto de Lisboa. Havia dezenas de estudos científicos a provar que a melhor localização era na Ota. Gastaram-se milhões nesses estudos feitos por gabinetes de amigos dos governantes. Para quê? Onde está a competência desses cientistas? Que negócios estavam encobertos? porque foram derrotados e ficaram tão calados?
Os donos do dinheiro e os políticos estão de mãos dadas, vivem de casa e pucarinho, mas o poder real está nas mãos dos capitalistas. O dinheiro dos impostos vai para a mão de banqueiros incompetentes e pouco sérios que levaram os bancos para um buraco, vai para os vendedores de carros que, para terem lucro, convenceram o Governo a subsidiar o abate de carros ainda utilizáveis. E essas empresas tudo fazem para «obrigar» os consumidores a gastarem estupidamente em coisas supérfluas, só para dar lucros a fabricantes, importadores, vendedores.
Merece elogio o alerta de Cavaco Silva a recomendar que se pense no custo/benefício.
Um abraço
João Soares
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