PCP critica prazos para “limpeza” do cadastro de presos
Público. 10.04.2009 Nuno Simas, Paula Torres de Carvalho
Partido enviou pergunta ao Ministério da Justiça
Pode um cidadão que está a cumprir pena de prisão ter o registo criminal limpo? A resposta é… sim. E, por isso, o PCP fez uma pergunta ao Ministério da Justiça a pedir explicações. As dúvidas do deputado comunista António Filipe surgem depois de ter tido conhecimento de um Manual de Procedimentos, adoptado pelos serviços de identificação criminal, da responsabilidade da Direcção-Geral da Administração da Justiça. E tudo por causa do entendimento quanto ao início do prazo para a “limpeza” do registo criminal – extinção de pena ou trânsito em julgado.
Se o prazo fosse contado a partir da “extinção de pena”, ou seja, depois de cumprida a pena, não haveria problemas. Acontece, porém, que, pelo Manual de Procedimentos citado no requerimento dos comunistas, esse prazo estará a começar a ser contabilizado “a partir do trânsito em julgado” das sentenças. O que resulta na possibilidade de alguém que esteja preso, a cumprir penas prolongadas, poder chegar a meio da pena e ser um cidadão com registo criminal limpo.
“Este procedimento é ilegal e é grave. É ilegal, porque contraria manifestamente o que dispõe a lei, ou seja, que o cancelamento se efectua em determinados prazos após a extinção das penas”, lê-se na pergunta de António Filipe ao Ministério.
O deputado do PCP alerta tratar-se de uma situação “grave porque permite ocultar casos de reincidência que alterariam as penas aplicáveis”. Ou seja alguém que saia em liberdade provisória, já com o registo “limpo”, se for detido “nem as entidades responsáveis pela investigação criminal nem os juízes terão conhecimento dos seus antecedentes criminais”.
No requerimento, o deputado pergunta ao Ministério como justifica os procedimentos dos serviços de identificação quanto ao momento em que se contam os prazos para o cancelamento de dados no registo criminal.
A lei 57/98, relativa ao registo criminal, estipula que as decisões sobre penas de prisão ou medidas de segurança são canceladas automaticamente, no prazo de cinco, sete ou dez anos, conforme a duração das penas, “desde que, entretanto, não tenha ocorrido nova condenação por crime”. Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério da Justiça informou apenas que estes casos são regidos pela lei de identificação criminal.
NOTA: O que se passa com a Justiça? As alterações na legislação têm vindo a suscitar muitas críticas de especialistas e o Pais continua a ser vítima de uma Justiça pouco eficaz. Há qualidades e virtudes que devem ser implementadas.
A Decisão do TEDH (396)
Há 59 minutos
7 comentários:
Caro João,
À pergunta formulada no post responderei que não há amadorismo mas sim ignorância de quem faz as leis e as promulga ou pior possibilitar o "branqueamento" a alguns dos "justiçados"!
Realmente é de temer a justiça que temos, pois ela é tudo menos JUSTIÇA!!!!
Venho desejar uma Boa Páscoa.
Cheia de saúde, amor e sorrisos.
Abraço
São
Caro Luís,
Tens razão o amadorismo implica amor e dedicação ao que se faz, embora a competência possa não ser muita. Nestes casos que têm vindo a público da legislação da Justiça, a dedicação prima pela ausência e a competência vê-se pelos maus resultados e pelas imensas críticas negativas.
É o pântano em que hoje vivemos. E que, sob o pretexto da estabilidade, teremos de suportar por muito mais tempo. Temos que, depois destes anos de incompreensão, fazer a apologia da retirada de Guterres, de António Vitorino e de Jorge Coelho. Ao menos, esses tiveram a honradez de sair e de não afundar o País irremediavelmente.
Já não há gente honrada que faça o «haraquiri» ou outra forma de suicídio! E parece não haver quem tenha a coragem de os «suicidar»!!!
Um abraço
João Soares
Cara Fínix,
Agradeço e retribuo.
Abraço
João Soares
Caro J. Soares
Mais um exemplo de falta de rigor e qualidade a que este governo já nos habituou. São frequentes situações que revelam incompetência e ligeireza no estudo dos dossiers.
Aproveito para te desejar uma Boa Páscoa, votos extensivos à tua Família.
Eurico
Caro Eurico,
Tal ligeireza e desleixo que se tornam notórios justificam a deturpação da frase d'Os Lusíadas.
Um fraco governo torna fraca a forte gente.
E transcrevo uma frase de Nuno Álvares Pereira que li há dias: «Os hábeis pedem sacrifícios aos outros, os santos vencem intrigas e invejas para permanecerem fieis aos princípios». Mas por cá agora só há «habilidosos» e já nem se fala em princípios e valores.
Vê como, habilidosamente, com uma esperteza saloia, se recusam legislar para combater o enriquecimento ilícito. Com isso, não estão a defender os interesses nacionais mas os próprios. Que provem o contrário.
Um abraço
João Soares
Caro Eurico,
Ao correr pelos comentários vi a tua "chipala" e reconheci-te. Assim aproveito a oportunidade para te desejar e aos teus uma Santa Pascoa e um forte abraço.
Soares da Cunha
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