Vão longe os séculos em que existia o feudalismo com o senhor feudal a dominar os plebeus que para ele trabalhavam na área do seu feudo. Mais tarde, depois de os portugueses, com os descobrimentos darem o primeiro passo na globalização, criando laços entre as gentes de todos os continentes, os europeus, a pretexto de levarem a sua religião e a sua civilização aos povos distantes, foram em busca de riquezas naturais e criaram as colónias, às quais impunham uma organização administrativa de estilo ocidental, contrariando sem contemplação as velhas tradições locais.
Criaram-se depois as democracias, como panaceia que traria a felicidade a todos com igualdade, liberdade (impossível de coexistir com a igualdade que, sendo imposta, coíbe a liberdade de ser diferente) e fraternidade. Cedo as guilhotinas condenaram os que teimavam em usar a liberdade de não serem iguais. Com esses contra-sensos, a democracia moderna nasceu doente.
Mas os povos foram coexistindo com mais ou menos guerras, mais ou menos violentas e, para lhes domar os impulsos, surgiram organizações diversas que, depressa, esqueceram a ideia dos objectivos e dos condicionamentos que estiveram na sua origem e nos seus propósitos. E vemos uma ONU a tergiversar e entrar em incoerências, como aqui tem sido frequentemente sublinhado, e uma União Europeia em vias de se auto-amputar por não saber dar continuidade ao objectivo que presidiu à sua criação. Mas, por outro lado, vemos o G20 que é formado pelos países mais ricos do planeta (cerca de 10% do total dos Estados independentes, soberanos) a imporem soluções para a gestão da Europa e do Mundo, colonizando os restantes 90%, que não são tidos nem havidos para as grandes decisões que a todos obrigam.
Mesmo no pequeno espaço da União Europeia, vemos o poder combinado e concertado da Alemanha e da França que vão preparando as soluções que mais lhes convêm, para toda a UE, falando-se já na provável exclusão do Euro dos países do Sul e da Irlanda. Realça-se que o bom entendimento entre a Alemanha e a França é positivo pois a falte dele já deu origem a diversas guerras das quais se salientam, por serem as mais recentes, a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais. Mas o seu bom relacionamento não lhes deve dar o direito de colonizarem todos ao restantes membros da União.
Mas além do G20, há também o G8, outra forma de encarar o domínio de todos por uma minoria colonizadora ou feudal. Democracia muito estranha esta em que nada se faz para se aproximar da igualdade de todos os seus componentes. E é estranho que, em oposição aos grupos mais poderosos, não se formem grupos dos mais pobres, não para se baterem em duelo, tão dispares são as suas capacidades, mas para contribuírem para a análise dos problemas que a todos afligem e levar os poderosos a ter em consideração as condições dos mais pobres, a fim de não os exterminarem. Há que não esquecer que nos 90% dos seres humanos há volumosa quantidade de mão-de-obra e de consumidores, sem o que as indústrias dos 10% mais ricos não podem continuar a funcionar.
É preciso fraternidade entre todos os Estados, com respeito mútuo que se afirme em todas as decisões que afectem mais do que um Estado, o que obriga a não menosprezar os menos dotados de riquezas. Nisso, como na vida interna dos Países, o diálogo construtivo é fundamental e nada o pode substituir
Imagem que circula por e-mails
A Decisão do TEDH (395)
Há 14 minutos
4 comentários:
Artigo do Público, afim do texto deste post:
Bispos dizem que democracia está em risco
Parece que tudo converge para a certeza de estarmos em situação muito difícil.
Haverá da parte dos governantes vontade e capacidade para recuperar da crise?
A reforçar este conceito da colonização moderna,surge o seguinte reparo ao PM:
Seguro acusa primeiro-ministro de "depender" de Angela Merkel
Os países mais pobres são dominados pelos mais poderosos, de uma ou outra forma.
A fim de compreender melhor o fenómeno que está a passar-se na macroeconomia e nas relações internacionais, será útil ver o seguinte vídeo:
Gerald Celente: Acabemos com esta farsa de demoracia
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