sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Educar para produzir ou para o ócio?

Depois de ver as imagens do «Encerramento da Expo de Shanghai», em que fica bem patente a perfeição do espectáculo, fruto de preparação meticulosa, surge o texto que transcrevo que, embora polémico, por contrariar o «dolce far niente» de que nós ocidentais gostamos, leva a compreender o que está na base do desenvolvimento da China com um crescimento económico de cerca de 10 por cento ao ano, e do desenvolvimento na ciência, nas artes, na indústria e nas novas tecnologias, muito notável em todos os aspectos. Enquanto nós estamos a estender a mão à caridade e a pagar juros altíssimos pelos empréstimos, eles, depois de recuperarem do domínio mongol, da guerra do ópio, da invasão nipónica, da aventura de Mao e de evitarem o contágio da implosão soviética, estão à beira de serem a principal potência mundial e emprestam a nós e à Grécia aquilo que está fora das possibilidades da Europa.

A mentalidade de trabalho e de produção começa desde criança. Há dias ouvi num programa de José Hermano Saraiva que o valor de um País depende daquilo que produz e não daquilo que consome.

As mães chinesas educam melhor?
 ISABEL STILWELL | EDITORIAL@DESTAK.PT 13- 01-2011

O livro de Amy Chua, sobre como é que as mães chinesas conseguem fazer dos seus filhos prodígios em tudo, da música à matemática, saiu há dias, mas já criou uma polémica acesa entre os pais norte-americanos.

Battle Hymm of the Tiger Mother (Hino de Batalha da Mãe Tigre) diz coisas que chocam os ouvidos ocidentais, e a autora, professora de Direito na Universidade de Yale e casada com um americano, tem absoluta consciência de que ia deixar claras as diferenças entre duas formas distintas de exercer a função parental.

Escreve Amy Chua que os pais chineses não aceitam que os filhos tenham menos do que a nota máxima, e a tudo, que escolham as actividades extracurriculares, vejam televisão, tenham um namorado na escola, ou que não sejam os melhores em tudo.

«Se uma criança chegar a casa com um 4, coisa que não acontece!, os pais não se vão queixar à professora. Gritam-lhe e dizem-lhe: «Isto começa por ti, esforça-te mais.» E isto porque acreditam que os filhos são capazes do melhor, e acham que, como pais, têm todo o direito de exigir excelência aos filhos, que lhes devem tudo.

Não é uma questão de mais ou de menos amor, insiste. Para ela «a grande diferença é que os ocidentais estão mais preocupados com a psique e a auto-estima dos seus filhos, enquanto os chineses colocam o enfoque na força, em lugar de nas fragilidades».

Aos pais chineses, afirma, pouco importa que um filho diga que os odeia, porque sabem que quando triunfar lhes vai agradecer a forma como se empenharam na sua educação, a que dedicam dez vezes mais tempo do que os ocidentais.

E os pais vão orgulhar-se, e dar-lhes nota do seu orgulho, em vez de fazerem como os ocidentais que se autoconvencem de que não estão desiludidos pelos seus filhos não serem os melhores, desistindo deles com o argumento de que são diferentes ou especiais. Não há como a polémica para nos fazer pensar...


Imagem da Net

4 comentários:

José Lopes disse...

O excesso de protecção em nada contribui para o desenvolvimento harmonioso da mentalidade dos nossos jovens. Gostava de dizer também que o mundo se constroi com gente normal e feliz, e não necessariamente "apenas com génios".
Acho que a pluralidade e diversidade são factores de complementaridade e de harmonia.
Cumps

Táxi Pluvioso disse...

Para o ócio, claro.

A. João Soares disse...

Caro Guardião,

Sem dúvida. Mas mesmo os que não somos génios devemos aprender desde pequeninos que devemos merecer aquilo de que necessitamos para viver. É preciso exercer uma actividade em benefício dos outros para termos a remuneração respectiva. Mas o ócio é, muitas vezes, sinónimo de parasitismo, de expediente pouco sério, sem sentido de responsabilidade. A Carreira dos nossos políticos actuais gira à volta da irresponsabilidade, do «não» aos chumbos, do diploma adquirido por simpatia. das decisões «em cima do joelho» que ou produzem prejuízo para os cidadãos, ou ficam letra morta ou são sujeitas de imediato a alterações, excepções, etc.
O ensino deve criar cidadãos honestos, responsáveis, perfeitos da sua actividade, rigorosos. Devem procurar «fazer bem tudo o que fazem».

Abraço e bom fim-de-semana
João
Só imagens

A. João Soares disse...

Caro Táxi Pluvioso,

Compreendo a sua intenção, mas tenho que alertar os leitores para o seu estilo de perspicácia, crítica mordaz e reacção imediata como um raio fulminante, que pode iludir os desprevenidos mas que é um aguilhão para despoletar o raciocínio crítico.

Abraço e bfs
João
Sempre Jovens