LUZ
Naquele quintal,
encavalitado entre as casas
De uma aldeia beirã,
há dois diospireiros.
O verde das folhas
há muito
que se tornou avermelhado
e caiu.
Agora o alaranjado
Dos diospiros
Ilumina
- como o sol –
aquele pobre e triste aldeia
de gentes velhas,
trajadas de negro.
NOTA. Transcrito do livro «Outonalidades» de José Amaral, amigo bloguista do ad litteram
Além de um retrato da sociedade de uma aldeia do interior desprezado do nosso País, este poema constitui uma imagem interessante do Outono, das ressonâncias luminosas da cor predominante desta estação – símbolo da beleza do amadurecimento em que é enfatizada a sabedoria acumulada durante uma existência. Nesta região beirã, os vinhedos e pomares apresentam-nos, à luz do dia e ao entardecer, os reflexos barrocos do ouro enriquecedor da Natureza.
Mas, por outro lado, caro Amaral, a perfeita integração da cor do diospiro na ambiência das folhas laranja faz pensar também na obediência incondicional e acomodada do funcionalismo público, em que as ameaças do género da que vitimou o professor Charrua são uma constante, mais ou menos velada, a ter em conta, as quais constituem um travação à inovação e à produtividade voluntariosa.
Tudo nas realidades da vida pode suscitar reflexões do tipo «prós e contras».
domingo, 18 de novembro de 2007
Luz – Poesia de José Amaral
Publicada por A. João Soares à(s) 06:40
Etiquetas: luz, obediência, Outono, sabedoria
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