Transcrição
Jorge Casal deixou um novo comentário na mensagem ""QUEM NÃO CONFIA NÃO É DE CONFIANÇA" ditado popula...":
Há razão para sermos desconfiados.
A meu ver, a desconfiança e a falta de civismo são, antes de mais, produtos da ruralidade que constitui um rasto muito visível da cultura portuguesa. A confiança e o civismo são qualidades típicas da urbanidade. Lembro que o termo «civismo» é o próprio da «civitas» (cidade, meio urbamo, cosmopolitismo). Os aldeões são essencialmente desconfiados (e com razão). A cultura portuguesa tem ainda um forte cunho de ruralismo. Os rurais eram desconfiados porque estavam cercados de aldrabões.
A actual desconfiança dos portugueses é a continuidade da velha desconfiança dos rústicos. Mas também há novas razões para a desconfiança. Na aldeia desconfiava-se de tudo e todos: dos desconhecidos porque nada garantia que fossem gente de bem, dos citadinos que tomavam os aldeões por estúpidos, dos letrados porque se tinham superiores aos iletrados, dos funcionários que exigiam galinhas ou prendas para despachar um requerimento, dos políticos porque eram «uns comilões» (oh se eram! digo eu, e ainda o são!), dos patrões que se portavam como esclavagistas , dos feirantes que eram uma «ciganagem» e ninguém os proibia de vender gato por lebre. Só confiavam no «senhor prior» (desde que fosse o «nosso»...).
Hoje têm outras razões para desconfiarem: dos jornais que vendem papel e publicidade (gato por lebre), dos empresários que recorrem ás falências como eu bebo um copo de água, dos políticos que traficam influências e dos governantes que são gente a quem eu não comprava um carro em segunda mão. Vejam-me a polémica em torno do aeroporto «Ota versus Alcochete». Mas que grande aldrabice esse ministro do «Na Margem Sul? Jamais», e esse Sócrates, seu chefe, estavam prestes a impingir-nos. Foge!... Governo da trapaça. Esse Sócrates merece que se confie nele depois das últimas promessas eleitorais? A dentuça dele merece-vos confiança? A mim não. Reparem que, a cada anúncio de medida dura contra funcionários, professores, reformados, centros de saúde, contribuintes, etc, etc., sai a público a mostrar a dentuça de vitória. Ri-se, goza com a miséria alheia esse tipo. Cada vez que o vejo a mostrar a dentuça penso logo: «vamos ter merda». Fosca-se o homem da dentuça! Confiança? Só os imbecis! Fujam dessa gente!
O António abre o artigo com um provérbio popular. Eu vou inventar este: «Mais vale passar por desconfiado do que ser comido como parvo» porque também existe estoutro: «Gato escaldado de água fria tem medo».
Um abraço Jorge Casal
A Necrose do Frelimo
Há 4 horas
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