O JN de hoje traz a oportuna notícia de que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa uma conferência internacional sobre sucesso e insucesso escolar em que vários especialistas defendem que a educação é fundamental para o aumento da riqueza dos países e para o desenvolvimento social e cultural da humanidade.
Anna Vignolles, da Escola Londrina de Economia e Ciências políticas afirmou, com muita clareza, que a "Educação é um investimento para produzir capital humano, essencial para aumentar a produtividade e as capacidades económicas do país", pois a "educação traz benefícios para o pais e para os indivíduos ao aumentar, para além da produtividade, os salários" que "devem reflectir os níveis de produtividade dos indivíduos".
Segundo Manuel Villaverde Cabral, investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é "este défice de capital humano que explica a extrema dificuldade com que a economia (portuguesa) está a enfrentar os desafios da competitividade à escala global".
Porém, julgo que não se pode esperar que estas afirmações, só por terem sido proferidas produzam milagres. Já há muitos anos que se aceitaram estas verdades e Portugal recebeu dinheiro da CEE para a formação profissional com vista a elevar a produtividade das suas empresas aproximando-a da média europeia. E nada se conseguiu, tendo até surgido suspeitas de fraudes de organismos sindicais e de muitas empresas.
As ideias e as intenções são imprescindíveis, mas devem ser continuadas pela prática, pela sua realização no terreno. E, para ser eficaz, esta exige adjectivação como ser séria, honesta, sempre tendo em vista objectivos bem definidos, ministrada a pessoas interessadas e estimuladas para a aprendizagem, por instrutores (professores) competentes e eficientes, sem aldrabices nas avaliações, etc.
Além da maior produtividade e possibilidade de melhor salário, o trabalhador com melhor preparação quer nos aspectos específicos quer de âmbito geral, usufrui de maiores facilidades de mudar para melhor emprego ou de encontrar trabalho no caso de a sua empresa fechar. Quem quer realmente trabalhar e dispõe de uma boa formação cultural e profissional, facilmente encontra emprego, porque tem várias hipóteses à sua frente. Há, porém que evitar aquela posição vaidosa, inepta e anquilosada de rejeitar um emprego só porque não é compatível com o seu grau académico.
Um simples quiosque de jornais fará melhor negócio se, em vez de empregado analfabeto, tiver um mestre em comunicação social, política internacional ou literatura (exagero dispensável!). Tive conhecimento, há cerca de trinta anos, de que um oficial de marinha fora saneado por inveja de camaradas que não se sentiam bem a seu lado porque a comparação com a sua inteligência, saber, competência profissional e dedicação ao serviço, os deixava ficar mal classificados, não se sentindo bem. Para ter o tempo ocupado e suprir o efeito do carimbo que lhe colocaram, resolveu criar um quiosque de jornais e revistas, onde granjeou uma clientela culta com quem discutia os temas mais interessantes do dia. A facturação foi crescendo e o negócio progrediu... O segredo do seu êxito foi a sua formação superior, o apoio dado a clientes menos informados e o diálogo culturalmente enriquecedor com os indivíduos mais cultos que lhe deram a preferência, em detrimento de outros locais de venda pior providos de capital humano.
A Necrose do Frelimo
Há 4 horas
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