É agora enfatizado que o Pinhal Novo é nova proposta para a localização do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL). Esta notícia que cita um estudo do Engenheiro Pompeu dos Santos não deveria passar despercebida aos opinadores da Comunicação Social, porque encerra realidades que não podem ser ignoradas – a força dos lobis que não desistem perante uma eventual derrota e procuram escolher terreno mais favorável para nova batalha.
Já vai longe a data em que as duas alternativas eram a Ota e o Rio Frio. Como os terrenos da Ota eram mais baratos por não interessarem nem à agricultura nem ao urbanismo, várias pessoas se podem ter tentado a investir aqui em força para colherem boas «mais valias» no momento da expropriação, para a construção do NAL e as pressões para ali se orientaram. Soa que tais pessoas estiveram ligadas a idêntico investimento no distrito de Beja tendo em mira as construções da A-2, de um projectado centro de rastreio de satélites em Almodôvar e de um resort chinês com amplos campos de golfe e um centro logístico para abastecer toda a Europa a partir do porto de Sines.
Tendo, assim, sido desprezada a hipótese de o NAL ir para Rio Frio, ficou apenas a Ota para gáudio daqueles que ali investiram e o caso estava considerado encerrado, com o ministro Lino a dizer, com a sua pronúncia francesa, que no «deserto» da margem sul «jamais» seria construído. Com o «jamais» mostrou-se desactualizado quanto à geopolítica, pois, hoje é mais curial usar termos em inglês do que no obsoleto francês. Mas, como é iberista...
Porém, alguém não preso pelo pescoço ao Poder, nem ao grupo influente dos investidores prediais, alertou para os graves inconvenientes da Ota e para as variadas vantagens da margem Sul. E surgiu a hipótese de Alcochete onde o Estado possui terreno suficiente para instalar o NAL com todas as suas dependências. Os investidores não podiam encarar com bons olhos tal solução, por não haver hipótese de ali virem a beneficiar de mais valias, mas, na sua esperteza, viram que a lógica iria inclinar-se para a margem esquerda do Tejo, dadas as vantagens variadas daí resultantes para o País. Ora, naquela margem, no tal «deserto», dado que o Rio Frio já tinha sido excluído do campeonato, e Alcochete não lhes interessar, havia que deitar as garras à hipótese, já em tempos referida de fugida, do Pinhal Novo.
Agora vinda a público a notícia baseada em estudo elaborado por técnico credenciado, há todo o interesse em investigar o que consta ou venha a constar na Conservatória do Registo Predial da área quanto às transacções de terrenos efectuadas desde o início deste ano. Desta forma, à semelhança de igual pesquisa na região da Ota, ficará a saber-se quem tem originado tantos atrasos na decisão sobre a localização do NAL e causado tão vultosas despesas em sucessivos «estudos» e «comissões de estudo». É certo que os custos desses estudos não foram perdidos porque entraram no bolso de «estudiosos» amigos e da confiança dos detentores do Poder! Mas o erário público, o dinheiro dos nossos impostos, esse foi gravemente lesado, bem como os custos da demora da entrada em funcionamento do NAL e as sucessivas adaptações entretanto necessárias na Portela para poder manter a operacionalidade por mais tempo.
Esperemos para ver. Mas a lógica não trará grandes surpresas ao que aqui fica esboçado, à laia de profecia.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Novo Aeroporto de Lisboa, onde?
Publicada por A. João Soares à(s) 17:18
Etiquetas: interesses, lobis, NAL, Pinhal Novo
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2 comentários:
Uma opção por Pinhal Novo não ia dar nada nas vistas, olhando para a lista das aquisições. Era da maneira que o Governo lá ia...
A hipótese de Pinhal Novo não deve ser considerada inocente. Há, sem dúvida, interesses em jogo que, mesmo que não levem o NAL para essa área, encarecem a decisão e aumentam os custos já elevados de uma errada preparação da decisão.
Se a localização do NAL tivesse sido prepara com um estudo inicial sério, contemplando com rigor e imparcialidade todos os factores com incidência nos resultados futuros, já teríamos agora o aeroporto a funcionar, tendo-se poupado muito com pseudo-estudos parcelares orientados para conclusões previamente estabelecidas. Tudo isto evidencia que devem estar em jogo interesses de pessoas influentes.
As tricas e os argumentos, por vezes, falaciosos dificultam uma boa solução e deixam espaço a suspeitas difíceis de ultrapassar.
Neste momento, com verdades e mentiras «devidamente» cozinhadas, não podemos ter qualquer certeza de qual irá ser o desfecho, embora cada um vá formando o seu prognóstico.
Abraço
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