segunda-feira, 5 de novembro de 2007

PS receia perder as próximas eleições !

Apesar das anunciadas reduções do IVA (Imposto sobre o valor acrescentado) e de aumentos de salários em 2009 e de outros benefícios devidos «ao desafogo criado pelas medidas concretas sensatas e eficazes do actual Governo» (serão mais ou menos estas as palavras a usar na justificação!) é notório que os políticos no poder temem não alcançar a melhor posição na contagem dos votos nas próximas legislativas. Um dos indícios desse receio, talvez pânico, é a consolidação de benefícios aos políticos, o aumento de outros e a criação de novos. Situa-se neste âmbito o aumento orçamentado das despesas dos políticos em viagens e estadas (Ver Correio da Manhã de hoje). Dizia o humorista brasileiro Milôr Fernandes: «roubem já porque amanhã poder vir a ser proibido». Os nossos eleitos, na expectativa de não continuarem no poleiro por mais mandatos, procuram, sem vergonha nem pudor, sacar o máximo dos dinheiros dos nossos impostos.

O argumento do défice que, se existia, deveu-se apenas a erros de governação, serviu principalmente de pretexto para nos obrigarem a apertar o cinto sem a mínima hesitação e com desumana insistência, a fim de eles poderem gozar de todos os benefícios como se estivessem num país em que todos os cidadãos fossem ricos e felizes, à custa de abundantes recursos naturais nacionais. Parecem senhores feudais servindo-se lautamente daquilo que há, sem pensarem nos servos que passam fome.

A clareza destas atitudes autoritárias, exploradoras, contrariam as esperanças que o povo alimentou após a revolução de 25 de Abril. Fazem recordar a frase do artista Camilo de Oliveira «Tomem que é democrático!» Pobre povo resignado, mais apático do que o de Myanmar, do Tibete o do Paquistão, só semelhante em moldes actuais ao da Venezuela. Quando acordará? Qual a força da onda explosiva de tanto sofrimento recalcado? Quando a pressão dentro da marmita se torna demasiado elevada, a explosão poderá ser catastrófica, o que poderá ser grave. A história nacional mostra que as revoluções violentas do século passado não melhoraram a substância da vida do País, continuando tudo cada vez mais nauseabundo (tal pântano referido por um ex-PM, ou a tanga que outro citou). Mas parece não existir um obreiro competente para operar a mudança pacífica que leve o nosso desenvolvimento ao nível dos nossos parceiros europeus.

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