A História, como qualquer ciência, exige competência, dedicação e honestidade, não devendo ser citada em defesa ou apoio de afirmações tendenciosas, por deturpação ou omissão em benefício de propaganda enganosa. Sem dúvida, que os denominados «factos históricos» estão sujeitos às mais diversas interpretações como é do conhecimento geral daqueles que abordam os temas relacionados com a conquista de Portugal aos mouros, os descobrimentos, os diversos incidentes internos, etc. Mas tudo tem limites de tolerância devidos a condições de pesquisa, ao achamento de novos dados, à competências dos investigadores, etc. A perfeição não é um dom comum. Não é edificante que, para esmagar um ilustre português do século passado, se coloquem num post, apenas os aspectos mais negativos ocorridos durante a sua vigência, perpetrados pelos serviços secretos, como se aí residisse a acção mais significativa de governante. Aliás, violência das polícias têm ocorrido com frequência maior do que o desejado desde o 25 de Abril.
E, pior do que isso, veio no dia seguinte, no mesmo blogue, à imagem do papagaio ou do macaco de imitação, outro post com conteúdo semelhante, senão igual. Para quê a repetição? Não parece ter sido por distracção. Talvez tenha sido pretendido o efeito de repetição próprio da propaganda e da lavagem ao cérebro que diz que uma mentira repetida muitas vezes acaba por ser aceite como verdade? Ou será uma manifestação de competitividade para valorizar a avaliação do respectivos mandantes? As eternas dúvidas de quem gosta de compreender!
Mas a realidade mostra que esse insigne governante, afinal, foi um mau aprendiz se comparado com Estaline, Mao Tse Tung e muitos outros seus contemporâneos. E para além dos defeitos que lhe apontam, não teria nada de bom? E, então, o que leva este «estúpido» povo a votar nele? E quem será o povo estúpido?
Ando a dar tratos de polé à memória a comparar aquilo que se diz com aquilo que vi e vivi desde 1934. Fico muito confuso com as intenções deste «povo» que se diz «sem amarras».
O que é que leva tanta gente a ter saudades dos velhos tempos, como se ouve nos transportes públicos, nas filas de espera das lojas do cidadão, etc., e o que leva uns quantos a dizer só mal? Gostaria de chegar a compreender estes enigmas.
Em minha opinião, várias vezes expressa no blogue A Voz do Povo, uma análise honesta deve mostrar todos os lados do problema, não apenas uma parte tendenciosamente separada do conjunto. Dados históricos merecem muita confiança (embora não toda) mas faltou também dizer algo de positivo, e houve muito, como a recuperação do País da situação caótica em que se encontrava em 1926, o esforço na escolarização, estando hoje a ser fechadas muitas escolas, tantas elas eram. Embora não fosse ainda a moda das auto-estradas e houvesse poucos carros, a rede estradal estava a ser melhorada. O distrito de Viseu, apesar das montanhas possuía uma boa rede, não havia ninguém a dormir nas ruas, pois havia albergues distritais e a sopa do Sidónio, havia a Mocidade Portuguesa em que, além de desportos, se aprendia grande quantidade de matérias de cultura, arte e utilidade prática (primeiros socorros, jornalismo, artes e ofícios) e, principalmente, era uma sã ocupação dos tempos livres (hoje, há a prostituição, a droga e a criminalidade juvenil, como ocupação de estudantes nas horas de ócio). As escolas técnicas preparavam pessoas para o comércio, secretariado, industria. A habilidade negocial, o amor à Pátria e o prestígio internacional do governo permitiram que Portugal não sofresse os horrores da II Guerra Mundial.
Talvez, nos conceitos actuais e vistas as coisas à distância de mais de meio século, não devesse recusar o auxilio americano para a reconstrução do pós-guerra, mas ele tinha vontade de evitar a dependência da grande potência mundial, e de manter o império que herdou dos antepassados. Um erro foi não ter percebido a volta que, após a guerra, o Mundo deu quanto à descolonização e ter teimado no «orgulhosamente sós» e na vaidade e ilusão de «lutar contra os irreversíveis ventos da história». Mas o erro mais grave (como agora está provado) foi o da economia doméstica que o levou a amontoar toneladas de ouro que não beneficiaram o bem-estar do povo e, o que é pior, serviram aos governos do PREC e do PRAEC, para esbanjarem, sem escrúpulos nem honestidade, esse pesado pecúlio, de que hoje já resta muito pouco. Hoje os políticos enriquecem ilegitimamente, como se deduz das propostas de Cravinho, mas o Homem citado nos textos aqui referidos, viveu estoicamente e morreu pobre.
Enfim, há muito de mau e de bom a dizer, e é pena que alguém se preocupe apenas com um lado e não com os outros. Isso é técnica de mau analista, ou de propagandista, de vendedor de banha da cobra, mas não de um comunicador de informação, de um divulgador de conhecimentos isento, imparcial e descomprometido. Com pessoas assim, nada de sério e verdadeiro se aprende, porque a verdade não pode ser fragmentada, é global. É preciso situar os factos nas suas circunstâncias.
Bater repetidamente com a testa na parede, raramente é solução, na vida prática. Em arte, é raro conseguir beleza com um quadro monocromático. Nos problemas sociais, também devemos conjugar todos os tons, sem exclusões, criando harmonias que fortaleçam, fazendo análises imparciais e completas sem colocar a «verdade» de uns factos e ignorar tendenciosamente outras verdades merecedoras de destaque. Não parece sensato gastar energias em confrontos desnecessários e inúteis e em intoxicações ideológicas com meias verdades e deformações torpes, com propagandas vesgas embora com roupagens de cor histórica mas que nada têm a ver com a VERDADE histórica, completa, honesta, isenta, imparcial.
Não parece que um blogue que pretende ser um espaço para emitir opiniões sem amarras, seja utilizado com tal intenção de propaganda, com o interesse não confessado de influenciar o cérebro dos outros, o que é caricatamente explícito com a repetição na mesma lista em dias seguidos. Até já é utilizado o blogue para publicidade comercial gratuita da venda de livros.
Talvez um dos maiores males do antigo regime se devesse, como agora, ao facto de muitos dos portugueses (até aqui, se encontram entre os contributors da Voz do Povo sem amarras) estarem mais preocupados com a incompetência, negligência e prepotência dos governantes americanos do que com os nossos, a quem tudo desculpam e de quem tudo aceitam. Essa auto-resignação originou os exageros de então e justifica os de hoje, com consequências imprevisíveis.
Não imito ninguém, recusando a continuação da minha colaboração, pois a qualidade de contributor mais antigo, como tem afirmado o Amigo Víctor Simões, dá-me responsabilidades (!). Embora, por vezes, um pouco desmotivado, continuarei a participar, consciente de que as minhas ideias livres , descomprometidas, verdadeiramente sem amarras, sejam repelidas por alguns contributors como se fossem fortes pedradas no crânio que, pelos vistos, os deixam sem voz para as comentar. Quem não deve não teme, e não tenho que prestar contas a ninguém mais do que a mim próprio.
Sugiro a leitura dos seguintes dois textos além de muitos comentários em que defendi a honestidade da informação isenta e sem amarras.
1. 061014, em A voz do povo. Salazar. Amá-lo ou odiá-lo. Mas conscientemente,
2. 070220, em Do Mirante. Crítica credível tem que ser isenta
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
SALAZAR ALVO DO ÓDIO DE FACCIOSOS COM AMARRAS
Publicada por A. João Soares à(s) 22:16
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