Transcreve-se o seguinte artigo por contribuir para o aprofundamento da ideia expressa em Preparar um futuro melhor.
O que será pior: as PPP ou os PPP
Diário de Notícias 28-12-2011. Por JOSÉ CARLOS GONÇALVES VIANA, ENGENHEIRO
Têm sido muito comentadas as consequências funestas para a economia deste país as várias PPP (parcerias público-privadas) que foram criadas para se conseguirem realizar projetos, muitos deles de utilidade duvidosa, fugindo ao controlo que deveria haver mais eficiente, e garantindo aos nossos filhos e netos uma sobrecarga de dívidas para muitos anos, além da contribuição para o desequilíbrio actual.
Foram de facto péssimas as decisões que tornaram reais estas situações, mas deve perguntar-se: quem as tomou?
Ora, ainda há dias na comunicação social aparecia a informação de que cerca de 78% da despesa total do nosso Estado é constituída por pensões e custos de pessoal dele dependente, razão pela qual o actual Governo, para atingir os valores que permitirão termos acesso ao crédito, que é essencial para sobrevivermos, se viu forçado aos cortes que até alguns partidos políticos, com enorme responsabilidade nesta situação, tanto criticam.
É preciso não esquecer que para lhes pagar é indispensável cobrar mais impostos, o que significa tornar menos competitivos aqueles que produzem e criam riqueza (e que são poucos), o que nos faz cair numa espiral de perda crescente, como se pode verificar pelo valor enorme das dívidas acumuladas.
Voltando à pergunta formulada dois parágrafos atrás: quem as tomou?
E, já agora, mais outra pergunta: e quem constitui a parcela não produtiva da nossa população que provoca todo este desequilíbrio?
A resposta a ambas é: os PPP.
Ou seja: os partidos políticos e os parasitas.
Os primeiros porque em democracia, que todos tanto apregoam, devem ser eles a preparar pessoas competentes e honestas para ocuparem os cargos inerentes ao exercício do poder, sempre devendo ter como objectivo essencial o bem do País, e não apenas o bem do partido ou de alguns dos seus membros, poder esse obviamente conseguido em eleições, em que seria desejável toda a gente participar.
Porque não o fazer, isto é, abster-se, é próprio de regimes ditatoriais. Ou então consequência de falta de aproximação dos partidos à população e sinal de baixa eficiência dos responsáveis por esses partidos.
Da mesma forma que a dificuldade de os partidos em apresentarem candidatos com o nível de qualidade correspondente à importância dos cargos a preencher também resulta de falha gravíssima desses mesmos responsáveis.
Curiosamente, sempre que há eleições e se verifica a enorme abstenção, os políticos aparecem a lamentar-se, e até por vezes a acusar os eleitores de falta de civismo, mas os responsáveis são eles e mais ninguém.
Para ilustrar esta deficiência dos partidos basta recordar a ausência total de vontade política, isto é, dos políticos que estão na Assembleia da República, de legalizar o combate à corrupção, começando por estabelecer as regras que devem gerir os conflitos de interesses, e de garantir a eficiência dos órgãos de controlo, como, por exemplo, o Tribunal de Contas, de forma a reduzir, ou eliminar se possível, os casos que se têm verificado com tantos prejuízos para o País.
Além disto, verifica-se também que os mesmos partidos, que tanto contribuíram para a situação actual de quase bancarrota do nosso país, e que quando podiam ter alterado o rumo de colisão nada fizeram de positivo, antes pelo contrário ainda agravaram mais os erros e desmandos, agora aparecem na rua a protestar como se estivéssemos outra vez em tempo de ditadura.
De facto, na ditadura foi preciso ir para a rua para mudar para a democracia, mas agora não seria preferível os partidos conseguirem ser mais eficientes e mais conscienciosos e resolverem os problemas do País nas eleições e no Parlamento?
E darem provas de que o seu objectivo é melhorar a gestão do País e não apenas a obtenção de benefícios insustentáveis e a satisfação momentânea dos responsáveis das suas organizações corporativas.
Ficam para o fim os Parasitas. Isto é: aqueles que recebem salários ou pensões mas não contribuíram ou contribuem com qualquer actividade que justifique esse pagamento.
Aqueles que, estando ainda no efectivo, e que é a maior parcela, mas em nada contribuem para a riqueza do País, dividem-se em dois grupos: os que não têm qualquer responsabilidade por se encontrarem em tal situação e para quem há que encontrar outras funções úteis, e os que por razões de compadrio político ou outro se instalaram nessa situação, e para os quais a solução é demiti-los.
Estão espalhados por serviços dos ministérios, mas também muitos nos municípios, que já deviam ter iniciado por sua iniciativa própria a remodelação indispensável, aproveitando as oportunidades que existem, tanto na agricultura como no turismo e outras actividades, aliás muitas delas dependentes de decisões dos próprios municípios.
Além de muitos outros em empresas e fundações públicas que usufruem de condições excepcionais mas que não contribuem de forma a corresponder pelo serviço prestado ao que recebem.
Quanto aos pensionistas, também existem entre eles, os que recebem pensões para as quais não contribuíram, e que parecem ser as mais elevadas, devendo pois ser devidamente reduzidos às dimensões equivalentes às normais.
Conclusão: pior que as PPP só mesmo os PPP, até porque são eles que as fizeram e ainda não corrigiram os erros que praticaram e nos conduziram à situação atual.
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