Há duas ópticas de aproximação deste problema que merecem ser analisadas por parte dos responsáveis pela qualidade de vida e pela justiça social dos portugueses.
Se olharmos para isto como 13º mês e pensarmos na percentagem de desconto, pode ficar-se com pena dos ricaços que descontem 4.758€ enquanto os que recebem menos que o salário mínimo nada descontam.
Mas isto é uma falácia só admissível como propaganda. Pois, se olharmos para isto como um SUBSÍDIO de Natal, somos forçados a fixar a atenção na importância líquida que cada português recebe para ajuda na compra de um par de peúgas e umas filhós para os filhos. E, nesta óptica, a importância líquida do SUBSÍDIO é de 485€ para os mais pobres e de 5.242€ para os mais ricos que ganham 10.000€ por mês. É uma diferença abismal entre estes dois valores, que nada se enquadra no espírito natalício e na Justiça Social.
Com esta medida do Governo, aumenta-se o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Se fosse dado um subsídio líquido igual para todos manter-se-ia o fosso. Para o reduzir, o que seria justo era dar valores inversos aos salários usufruídos, ou nada dar aos que recebem acima de um valor médio, e que não sentiriam a sua falta.
Compreende-se que os governantes não queiram melindrar os mais ricos, nem encarar as suas reacções e pressões políticas. Mas não devem esquecer-se de que a ira dos mais pobres poderá ser muito mais difícil de aceitar.
Imagem do Google
O regresso de Seguro
Há 1 hora
13 comentários:
Pedir a um liberal que nos traga alguma justiça social é como dar murros na ponta da faca. Lamento meu caro mas essa gente só entende uma língua: a da rejeição.
Cumps
Caro Guardião,
Tem razão. Mas por isso é preciso que se lhes mostre que nem todos pensam como eles e que há várias formas de encarar os problemas, em benefício do povo que os elegeu. E esse povo um dia pode ver claro e deixar de aceitar continuar a ser explorado em benefício dos «poderosos».
Um abraço
João
Caro João Soares:
Vejo as duas maneiras de encarar o assunto, seja na perspectiva de um desconto ou seja na perspectiva de um recebimento, como duas faces da mesma questão.
O que está em causa é cada cidadão deixar de vir a receber um quinhão daquilo que esperava, quinhão esse que é maior para os que ganham mais. E, portanto, não é por esta via que se aumenta o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. A grande diferença já existia antes da aplicação da medida.
Isto não quer dizer que não se pudesse ir buscar mais àqueles que têm maiores rendimentos...
Pedro Faria
O povo merece, o povo quer ser castigado, o povo quer pagar esta e outras crises...
Chegou a hora, de este mesmo povo reflectir, so quando se sentir no fundo enfiado na lama é que este povo vai abrir os olhos.
Entretanto os mais ricos continuam a brincar com o dinheiro,ou então a levar as poucas divisas para os paraísos fiscais...
Caro Pedro Faria,
Estamos de acordo. Há duas ópticas mas a que realço tem sido propositadamente omitida. Trata.
-se de um sacrifício extraordinário exigido aos cidadãos, mas como é extraordinário devia ser mais radical e contribuir mesmo que pouco para a Justiça Social. E isso é confirmado seriamente na parte final do seu comentário, quando diz Isto não quer dizer que não se pudesse ir buscar mais àqueles que têm maiores rendimentos....
O ideal expresso no post está conjugado com a conhecida frase frase «Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer pelo teu país», mas, infelizmente, os que mais podem fazer pelo seu país escondem-se atrás de mil artimanhas, em fugas ao fisco, em negociatas habilidosas e em investimento nos offshores.
Um abraço
João
Caro Campista Selvagem,
O povo tem sido sedado para não reagir. Ontem a TV do Estado perdeu mais de uma hora a falar de uma mulher que tinha nascido homem, mas pouco se refere aos problemas essenciais para a vida nacional. Tinha já perdido imenso tempo com o caso Carlos Castro e agora com o André, frequentemente com o Ronaldo, etc. E assim se contribui para embrutecer as pessoas.
Falta um ensino que oriente as pessoas para o que é essencial, para gerir a sua vida da forma mais inteligente. Contra isso, o que devemos fazer é, pelos meios que estiverem ao nosso alcance, estimularmos a necessidade de raciocinar. Essa é a intenção de posts como este, que mostra que há várias formas de analisarmos um problema e o resultado é diferente conforme a abordagem.
Um abraço
João
(em 01Jul2011 15:57, por email)
assunto: [política] - Re: 13º mês para resolver a crise financeira e moral...
Boa tarde caro A. João Soares, meu amigo,
Agradeço o s/email e a opinião, sobre o difícil momento ao qual a tesouraria do nosso amado País está, e continuará a estar, sujeita, em vista do exercício de neocolonialismo económico e financeiro, posto em prática pelo eixo benelux-franco-germânico, do qual resulta esta recente mui indecente proposta... "that we cannot refuse"...
Recordava-nos ontem o imberbe PM - em mau jeito de marketeiro politiquês correcto -, que não há uma 2ª oportunidade para causar uma 1ª boa impressão.
Pois não. Não há!
No (meu) campeonato da "democracia à portuguesa", a quanto provenha da esquerda – ao (dito) PPD/PSD, incluindo a rapaziada nova e menos nova daquela clique que na década cavaquista se encheu à tripa forra com o FSE e agora vem gritar aqui d'elrei -, nunca dou nem darei qualquer benefício da dúvida.
Mais uma prova provada, de que "político é vendedor de veículo usado - desconfie sempre", a circunstância de o rapaz se ter iniciado em dar baile aos portugas (e à estranja), com a supina
demagogia de viajar em
"económica": pois, 'tá bem abelha, não era para fazer publicidade, viu-se que, afinal, nada "inovou".
Prosseguiu a valsa, com a pretensão
de extinguir governos civis: pois ´tá muito bem, sim senhores, mas vai resolver coisa nenhuma em termos de "redução de despesas públicas", com a agravante de o Estado - por via dos indicados pelo Governo para controlar politicamente os distritos de Portugal -, deixar de exercer o seu domínio em diversíssimas áreas que, antes de (se) entrar pela regionalização propriamente dita (que em referendo já foi chumbada),
vão primeiramente regressar a formas de caciquismo local e distribuídas prebendas p'las capelinhas.
Ora, na mesma lógica
"antidespesista", há então que extinguir o controle governamental, melhor dizendo, partidário, sobre a nomeação do procurador-geral desta república (posto que da confiança política de quem governa): assim, acabe-se com a procuradoria-geral desta república; e, no mesmo passo, o tribunal (dito) constitucional; e o supremo tribunal (que também lá tem uma maioria ajuramentada da confiança, político-partidária, de quem está, em determinado ciclo governativo, assentado no poder); e por aí fora, até se extinguir outras representações das obrigações do Estado.
E que disse O Povo, à tal extinção dos governos civis? Que sim; que não. E os especialistas? Ah, pois; vamos ver... Ou seja, o rapazola sabe do ofício: vá de apalpar os ditos cujos ao Povo, que mostra mansidão; e vai daí...
Ontem, no Parlamento, anuncia um "imposto extraordinário". Extraordinário, foi que, não lhe chegando o tempo de tribuna no próprio parlamento, vá de convocar conferência de imprensa "para se explicar melhor" (melhor?!), com jornalistas "para perguntas e respostas".
Que mecanismos de garantia da entrada do tal "imposto extraordinário", nos cofres do Estado, existem ou vão ser fabricados? Nenhuns, diferentes dos já existentes e que não impedem a fuga aos impostos... Leitura: trata-se de anúncio para troika ver.
E a frota automóvel do Estado, é ou não para ser drasticamente reduzida? E as "ajudas-de-custo" à rapaziada que mama nas exauridas tetas deste Estado a que chegámos, vão ou não ser eficaz e duramente reduzidas, já para não alvitar extintas? Etc., etc.
Há que morigerar, primeiro que tudo, por bons exemplos de venham de cima. Poder-se-á argumentar, que o governo XIX ainda está de fraldas e haveremos de dar tempo ao tempo. Pois se ainda está de fraldas, não pretenda comer-nos os bifes.
Abraço,
Abreu dos Santos
Caríssimos Amigos João, Pedro Faria e restantes comentaristas,
Concordo que se devia ter aproveitado este momento para ter especial atenção para com os mais necessitados na base de quem tivesse 10.000,00 € ou mais descontasse a totalidade e fazendo a piramide de descontos à inversa.
Seria uma forma de solidariedade que bem precisa é nesta conjuntura!
Um abraço amigo e solidário.
Caro Abreu dos Santos,
Obrigado pelo seu bem elaborado comentário. Parece que o neocolonialismo económico e financeiro poderá ter origem em espaços mais afastados, como diz Marcelo Rebelo de Sousa que acusa agências americanas concertarem estratégia a favor do dólar.
A demagogia de viajar em «económica» que refere parece ter sido um tiro de pólvora seca, e esperamos que as promessas que vão surgindo da boca de vários governantes sejam mais realistas e eficazes. Não bastam promessas para criar esperança e confiança nos portugueses e e para levar as agências financeiras a melhorar o «rating».
Não podem ser desperdiçadas oportunidades de fazer coisas certas. O destino não é aliciante e o escrito de de João César das Neves hoje no Destak, Golpe, em estilo de Notradamus, é um bom aviso.
Em vez de pensar em sacar mais dinheiro dos portugueses, devia ser pensado reduzir as despesas desnecessárias como Marques Mendes já explicou em Marques Mendes apresenta lista com dezenas de institutos públicos que podem ser extintos. Devia ser também estruturada a Administração Pública liderada por competência e não por compadrio e amiguismo. Se assim fosse e actuasse independente do partidarismo, não haveria tantas fugas ao fisco, tanta corrupção, tanta a gente a conduzir sem carta, tanta criminalidade e insegurança, etc.
Quanto ao tema deste post não nos devemos apegar à definição da origem do subsídio de Natal ; isso é uma coisa. Os cortes que a crise obrigou a fazer são outra. E o que está em causa é a disparidade injusta do sacrifício que é exigido a quem muito tem a quem quase nada tem. Se é uma situação extraordinária que o seja de verdade e não se prenda com o significado inicial.
Um abraço
João
Caro Luís,
Quanto mais se reflecte nisto, mais nos convencemos que o «imposto extraordinário» é mais uma falácia política. Com efeito, sendo extraordinário, devia sê-lo de verdade, à medida da crise que pretende ajudar a colmatar e, dessa forma, o subsídio podia ser o habitual para os mais necessitados e, daí para cima, ser de valor progressivamente menor em vez de vir a ser superior como refere o texto do post.
De qualquer forma não é justo que um imposto seja aplicado na mesma percentagem aos pequenos e aos grandes rendimentos. Mas não se pode esperar melhor porque os políticos (todos) estão conluiados com o poder económico e financeiro. E não podem desagradar em quem lhes puxa os cordelinhos e lhes dá o tacho no fim de carreira, como se vê em inúmeros casos. Nenhum político morre pobre, porquê???
Um abraço
João
Isso nada importará, é um tapa buraco para este ano. Para o ano será o subsídio todo ou pior. Vou pelo pior. Será preciso baixar as reformas e salários e não sei se servirá de alguma coisa.
Pelo que percebi há mais um ideia peregrina na cabeça dos governantes: um plafond para os descontos para a segurança social: é a primeira machadada nela, aliás acho que a ideia é entregá-la aos privados, com aval do Estado se algo de mal suceder a essas empresas. Mais descontos, significa mais dinheiro que entra, restringir os descontos significa, menos dinheiro, que no final existam reformas milionárias é irrelevante. Quer dizer, se elas fossem recompensa por uma vida de trabalho e não por 2 meses no Banco de Portugal ou na CGD ou 8 anos no Parlamento. O que deviam fazer era um plafond de tachos, mas isso venha o mais pintado que o não fará.
Caro Táxi Pluvioso,
Óptimo comentário. Fecha com CHAVE DE OURO. Realmente esta consistiria em reduzir drasticamente os tachos e, em vez de nomeações por compadrio e amiguismo, começar a colocar as pessoas nos lugares de responsabilidade por competência, por meio de concursos públicos honestos. Deixaria de haver tantas falhas e omissões como as fugas ao fisco que agora (só agora, porquê?) estão a ser detectadas.
Abraço
João
Para haver «justiça social» e reduzir o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, tema não debatido tanto como o necessário, surgiu agora a opinião do mega-milionário americano Warren Buffett. Devemos ler, meditar e divulgar a ideia.
"Parem de acarinhar os super-ricos", pede o milionário Warren Buffett
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