domingo, 31 de julho de 2011

Subsídio de Natal e espírito de Natal

A notícia «Louçã diz que portugueses poderão não ter subsídio de Natal durante 12 anos», embora sendo uma conjectura algo profética, não é de todo inesperada.

Mas merece alguma reflexão sobre este denominado «subsídio» que, tal como o «imposto extraordinário», sem escalões, não está imbuído do espírito de Natal.

Realmente, será mais justo acabar com este subsídio – nada para ninguém – do que, tal como está, dar umas migalhas a quem mais precisa e milhares de euros aos que mais ganham. Continuando assim, é uma injustiça social, que alarga o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, o que é contrário ao espírito do Natal.

Quando terminar a crise e o subsídio puder regressar, que seja igual para todos. Para não haver prejuízo para o Estado, as empresas e as instituições, a folha salarial de Novembro deve, como é costume, ter o dobro do valor total dos meses normais, mas o total do subsídio deve ser dividido igualmente por todos os elementos da folha. Se tivesse de haver diferenças deveria ser em benefício daqueles que menos ganham e mais precisam. Parece ser este o espírito de Natal.

Devemos procurar contrariar a ideia que Rousseau expressou pelas palavras: «todo o homem nasce livre e, por toda a parte, encontra-se acorrentado»

Imagem do Google

3 comentários:

Compadre Alentejano disse...

Esta profecia do Louçã não me surpreende. É bom que os portugueses tenham presente que para o ano, o corte do subsídio de Natal vai continuar...
Não faz mal, o povo habitua-se...
Saudações
Compadre Alentejano

José Lopes disse...

Não posso concordar com o acabar com o subsídio de Natal, porque seria ingénuo ao pensar que acabava para todos. Há muito quem o receba com esta forma (14º mês), mas tenha ainda prémios de desempenho, de gerência, de participação nos lucros, ou outra coisa qualquer, e esses saberiam sempre como continuar a "mamar", enquanto o povinho ficava a "chuchar no dedo". Igual para todos? Isso é uma utopia...
Cumps

A. João Soares disse...

Caros Compadre e Guardião,

Sem dúvida que estas hipóteses de solução para sacar mais dinheiro para a crise e de não agravar a «injustiça social» são utópicas. A utopia é necessária para a evolução, pois é preciso querer ir mais além do horizonte visível. O grande ensinamento de Cristo «amai os outros como a vós mesmos, não faças aos outros o que não desejares que te façam» era e continua a ser utópico, porque não é geralmente aceite, senão em palavras. O resultado são as guerras, a miséria, a fome e a morte prematura, fruto de uma grave injustiça social em que poucos detêm a maior parte das riquezas mundiais, para a grande maioria se limitar a procurar ir sobrevivendo.

Estamos encurralados na falácia da Democracia. As eleições são uma farsa em que o povo não escolhe os seus governantes de entre o que consideram mais válido na Nação, pois apenas podem optar entre os candidatos que lhes são apresentados. E estes são escolhidos e metidos em grandes listas em que os elementos são desconhecidos da maior parte dos eleitores. São escolhidos, isso sim, pelos chefes dos partidos que são bandos de pessoas que querem viver o melhor possível à custa do suor do povo, sem, muitas vezes, terem merecimento, moral, intelectual nem social.

Os eleitores nas eleições e em toda a vida política e social, são vítimas da ganância dos políticos e de quem lhes puxa os cordéis, por detrás da cortina, são os mexilhões que se lixam sempre que o mar bate na rocha.

Mas o povo não está a condenado a viver sempre com os olhos fechados e por vezes acorda da sua letargia e age, embora sem os resultados desejados. Como aconteceu na Revolução Francesa e, recentemente, no Norte de África e Médio Oriente. E há casos aparentemente isolados que podem ser a semente de novas grandes mudanças, como o caso recente da Noruega.

Entretanto, de forma pouco ética, os tais bandos continuam na luta pelo poder, fazendo o jogo que lhes é imposto, agindo como títeres manipulados pelos donos da finança e da economia, que dominam com a troca de favores, de negociatas, tráfico de influências e de outros produtos, ocasionando o enriquecimento ilícito que os governantes não têm vontade nem coragem para combater. Não querem matar a galinha dos ovos de ouro.

Abraços
João