Transcrição de artigo:
O novo ciclo
Correio da Manhã. 06-06-2011. 0h30. Por: Luís Marques Mendes, ex-líder do PSD
Acabou ontem um ciclo político que não vai deixar saudades a ninguém. A pesada derrota que os eleitores aplicaram ao PS é a prova disso mesmo. Os portugueses, quando conheceram a verdade, não gostaram do que viram.
E disseram-no de modo concludente. Em bom rigor, porém, mais do que a derrota de um partido – o Partido Socialista – esta é sobretudo a punição política de um homem – José Sócrates. É ele o grande derrotado de ontem. Por isso se demitiu. Em boa verdade, os portugueses cansaram-se do estilo, indignaram-se com a atitude e revoltaram-se contra esta forma arrogante, auto-suficiente e mentirosa de fazer política. É bom para a democracia, é bom para o exercício da cidadania.
Abre-se agora um novo ciclo. Um novo ciclo que Passos Coelho vai liderar depois da retumbante vitória de ontem. A vitória que o líder do PSD obteve foi particularmente importante. Não apenas pela dimensão categórica do resultado. Mas também pela forma como foi obtida. Com uma campanha de verdade, com um discurso sem demagogia, com um programa eleitoral a sério, nunca ocultando as dificuldades, resistindo à retórica fácil e ao compromisso de circunstância. Passos Coelho seguiu o caminho mais difícil. Fez bem. Se seguisse outro caminho, podia ter tido ainda mais alguns votos. Mas desta forma conseguiu obter o que doutro modo não lograria alcançar – uma autoridade maior e uma legitimidade acrescida para governar. Ninguém o pode acusar de não ter sido verdadeiro ou de passar ao lado do essencial. É um bom começo e um excelente exemplo. Próprio de quem tem sentido de Estado e noção das responsabilidades.
Olhemos agora o futuro. É agora que ele vai começar. Acabou o tempo da mentira e a atmosfera da ilusão. Nada será fácil mas também nada será impossível. Mas para não dificultar o que já de si é difícil há requisitos essenciais a cumprir. Rapidez na acção, um executivo maioritário, uma coligação formal entre o PSD e o CDS, uma equipa governativa de elite, um governo como deve ser – a pensar nas próximas gerações, não nas próximas eleições. Mas convém ter visão estratégica – são necessários entendimentos políticos com o PS, para fazer reformas essenciais. Nem a maioria de governo deve fugir a este desafio nem o PS deve furtar-se a esta responsabilidade histórica. Fechadas as urnas e contados os votos, é tempo de pensar no País. E já não é sem tempo.
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3 comentários:
Caríssimo Amigo João,
Espero que Passos Coelho dê atenção ao que este ex-líder diz e escreve pois uma das coisas que ele deve fazer é acabar com a maioria (senão a totalidade) dos Institutos, Fundações e mordomias existentes e bem referênciadas por Marques Mendes. Haja coragem para o fazer que isso servirá para "menorizar" os efeitos de "arruaças" que já se desenham por aí!
Um abraço amigo e solidário
Creio que quando os portugueses se aperceberem do que não lhes foi dito claramente pelos vencedores das eleições, também não vão gostar e vão começar a manifestar o seu desagrado.
Abraço do Zé
Caros Luís e Zé Povinho,
A situação actual é demasiado grave para se continuar a alimentar o descontentamento e o desagrado. Temos que nos unir todos para salvar Portugal. É certo que haverá erros, como os havia, mas a nossa reacção, até Portugal começar a recuperar, não pode assentar no negativismo. Há que criticar com a intenção de chamar a atenção para erros e, ao mesmo tempo, sugerir os caminhos correctos a seguir.
Sem dúvida, que cada um de nós tem a sua opinião, o que é saudável, mas devemos usá-la tendo presente no pensamento que é preciso recuperar Portugal para nosso benefício e dos nossos descendentes. Nada pior, principalmente neste momento, do que as criticas divisionistas e demolidoras, só para denegrir e desprestigiar os governantes e minar a confiança e a esperança dos portugueses, Sem esta confiança, a esperança em dias melhores e o respeito por quem governa, não será fácil sair do buraco em que estamos. Tal clima tem que ser preparado por todos desde governantes até ao mais simples cidadãos da mais isolada aldeia do país.
Não tenho saber bem credibilidade para «armar em educador do povo», mas não posso deixar de estimular a vontade de as pessoas se esclarecerem e procurarem conhecer o que se passa em seu redor. Evito expressar a minha opinião e não deixo de aqui publicar afirmações que considero merecedoras de reflexão, concordante ou discordante, independentemente dos seus autores. Embora a Comunicação Social pareça estar eivada de vícios indesejáveis, é ela o veículo de informação de que dispomos e é imperioso que saibamos fazer passar pelo nosso raciocínio crítico aquilo que ela nos traz. Não devemos aceitar como certo aquilo de que tenhamos dúvidas, que não pareça correcto, que nos pareça intencionalmente exagerado ou aleivoso.
Portugal será maior se o povo estiver esclarecido, lúcido e a saber seleccionar aquilo que é correcto, segundo as suas próprias opiniões.
Abraços
João
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