quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ângelo Correia ou Warren Buffett ???!!!

Ângelo Correia recusa imposto especial para mais ricos, alegando que «quem tem mais já contribui na devida proporção»

Diz que, «quando as taxas progressivas de impostos são aplicadas a quem ganha mais, eles já estão a pagar muito mais. Quando ao IMI é aplicada uma majoração é a quem tem casa, em princípio ricos e classe média, ou seja, toda a tributação que existe em Portugal já penaliza mais os ricos do que os pobres».

As declarações de Ângelo Correia opõem-se claramente à posição de Warren Buffett e de 16 empresários super-ricos franceses.

Não tem razão naquilo que afirma com ar que procura ser convincente. Com efeito, o recente aumento do IVA que foi multiplicado quase por 4, favorece os ricos em prejuízo dos pobres. Estes gastam em electricidae, gás e no supermercado tudo o que ganham, enquanto os ricos só sujeitam ao IVA uma pequena parte do seu rendimento, porque os investimentos em acções, obrigações e off-shore estão isentos de IVA. Mesmo que assim não fosse, o IVA é um imposto injusto porque não tem escalões conforme o grau de rendimentos.

Também o subsídio de Natal, no conceito de subsídio, depois do corte anunciado, vai ser de poucas centenas de euros para os menos ricos e de vários milhares para os qye recebem salários dourados, como se os ricos precisassem de mais ajuda para as filhós. Logo aqui AC não tem razão. Mas se considerarmos que é um imposto extraordinário sobre o 13º mês, também nesse caso há favorecimento dos ricos porque é um imposto injusto, cego, sem escalões, usando a mesma fórmula matemática para os mais carentes e os mais ricos.

Por esta ordem de raciocínio das declarações deste notável, talvez venhamos a ouvi-lo a insurgir-se contra o combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito!

Prefiro Warren Buffett de quem consta:
«Seus filhos não terão uma significante parte de sua fortuna, sendo que 83% de Berkshire vai para a Fundação de Bill e Melinda Gates, ou seja, 10 milhões de ações (aproximadamente US$ 30.7 bilhões), fazendo dessa a maior doação da história, transformando Buffett em um dos maiores filantropos do capitalismo.

Outra parte de sua fortuna irá para sua própria fundação, a Fundação Buffett. A herança de sua mulher, avaliada em US$ 2.6 bilhões, foi para a fundação quando ela morreu, em 2004.»


Imagem do Google

4 comentários:

Luis disse...

Caríssimo João,
Também eu foquei este assunto na "Tulha" pois entendo que ele deve merecer toda a nossa atenção. Não se cair nos radicalismos dos "oito ou oitenta"! No artigo que lá coloquei julgo ter conseguido o equilíbrio que o assunto merece.
Ângelo Correia por vezes torna-se demagogo e já não é credível por isso mesmo!
Um abraço amigo e solidário.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Gosto do teu cauteloso «por vezes». Ele é um homem de verdades absolutas e indiscutíveis, sem dúvidas nem erros, parecendo acreditar naquilo que diz, com uma fé fanática e inquebrantável que o tem orientado na busca dos seus objectivos pessoais.

Abraço
João

José Lopes disse...

O tutor de Passos Coelho e homem-de-mão de gente muito poderosa, defende a sua dama, mas nunca encontra a resposta para a pergunta: então porque é que aumenta o fosso entre ricos e pobres em Portugal, se o sistema fiscal actua com a devida proporcionalidade?
Cumps

A. João Soares disse...

Caro Guardião,

Ele quando fala procura que as pessoas, anestesiadas como o Poder pretende, acreditem piamente naquilo que diz, mas quem tiver dois dedos de testa depressa repara nas falácias.

Mas ele, movido pelos interesses que o amigo refere, acaba por um exemplo típico da perversidade de conselheiros dos governantes e, infelizmente, na maior parte dos casos, devido a obtusidade e miopia destes, tais pérfidos conselhos são postos em prática, para progressivo empobrecimento e degradação da sociedade.

O cardeal Mazarino, algum tempo antes da Revolução Francesa, aconselhava o primeiro-ministro no mesmo tom e o resultado foi que, pouco tempo depois, a guilhotina da Revolução tratou ecologicamente da questão. É nisso que os actuais ricos que, inteligentemente, dizem pretender contribuir para a solução da crise, estão a pensar e a procurar evitar, preferindo pagar agora um pouco para evitar ficar sem nada numa próxima revolução global.

Porém, o sábio angélico, cego pela ambição, segue as ideias do Cardeal Mazarino e não vislumbra esse escape apontado por Warren Buffett e aplicado pelos 16 empresários super-ricos franceses para evitar a «guilhotina»!

Os impostos não devem ser proporcionais como o amigo diz, mas progressivos, por escalões, não como o IVA e o «imposto extraordinário» iguais para todos, mas como o IRS, com taxas progressivas. Parem de acarinhar os ricos, como pede Warren Buffett.

Vejamos o que o futuro nos trará, possivelmente mais cedo do que se pode pensar.

Um abraço
João