segunda-feira, 22 de julho de 2013

AS CRISES DEVEM SERVIR DE LIÇÃO E DE VACINA


A crise política. embora esteja ainda à espera de remodelação do Governo, parece que já pode considerar-se terminada, depois de três semanas de «paragem» da actividade governativa.

O que se esperava e o que esteve na causa do falhanço do Compromisso de Salvação Nacional?

A conclusão do processo mostrou que o objectivo esperado não era realista. O interesse de Portugal é coisa que parece estar muito distante dos ideais dos partidos políticos que estão habituados a colocar os seus próprios interesses à frente de tudo, com o olho nas próximas eleições. E se, em conversa, podem referir os interesses nacionais, eles são sempre vistos como eventual resultado da aplicação das suas normas ideológicas e não estão dispostos a contrariar estas, declaradamente. Basta serem esquecidas quando os interesses particulares de políticos, ou interesses de oportunidade do próprio partido os levem a manobras heterodoxas.

E, apesar do muito que se tem ouvido, pois ser político tem muito de papagaio, difícil de fazer calar, não têm faltado afirmações que virão a ser relembradas em momentos futuros adequados mas que, se bem interpretadas, pouco ou nada esclarece.

Mas peneirando toda essa poeira ou fumaça, poderá concluir-se que, por um lado, o Governo não podia aderir com sinceridade ao diálogo proposto pelo PR. Não podemos esquecer que, repetidamente, dizia que as suas soluções dos problemas estavam correctas e iriam para a frente «custe o que custar, não aceitando propostas e sugestões da oposição, nem a indignação de manifestantes ou de grevistas nem reclamações e sugestões de parceiros sociais, etc. Estas atitudes de arrogância e de «quero, posso e mando» não podiam augurar bons resultados de qualquer simulação de diálogo.

Pelo outro lado, o partido da oposição, depois de tantas sugestões e propostas apresentadas na AR terem sido recusadas, deverá ter alimentado a vã esperança de ver agora o Governo fazer um ajustamento do rumo por forma a se aproximar da redução da austeridade e do alívio dos sacrifícios dos portugueses mais indefesos e, por isso, depois do desprezo de dois anos, persistiu nas suas normas ideológicas e nos seus ideias de democracia. Assim se deu um duelo entre guerreiros demasiado couraçados contra as armas do adversário e nenhum se sentiu forçado a fazer cedências, como seria lógico em qualquer negociação normal e interessada em atingir um objectivo comum: o de unir esforços para a Salvação Nacional, coisa que parece desconhecerem totalmente.

Esta simples tentativa de destrinçar a meada não responde a grande parte das dúvidas, principalmente as de mais pormenor. Deixo aos intelectuais meticulosos que completem a análise mas sem aumentar a complexidade dos nós e contra-nós do emaranhado que confunde as pessoas de boa-fé.

E façamos uma prece para que os portugueses com responsabilidades na governação aprendam a lição da crise e esta sirva de vacina, para melhores decisões no futuro.

Imagem de arquivo

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