quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Eu e os Outros. Nós e a Natureza

Nesta quadra natalícia, e obedecendo à tradicional frase de que «o espírito de Natal deve estar presente todo o ano», convém fazer uma análise do ano findo, rever comportamentos e aperfeiçoar a conduta a fim de o próximo ano ser melhor e iniciarmos um futuro construtivo seguindo os melhores valores de convivência com os outros e com a Natureza.

Não é preciso inventar nada. Desde há séculos que se recita a ideia de que deveis «amar os outros como a vós mesmos» ou de que «não devemos fazer aos outros o que não desejamos que nos façam». Neste conceito, os outros são todos os que estiverem para além da nossa pele, sejam familiares ou amigos, do nosso clube ou de outros, independentemente da cor da pele, da nacionalidade, das convicções, etc.

É nosso dever não hostilizar os outros e respeitar seriamente os seus legítimos direitos. Nos anos mais recentes instalou-se o fanatismo dos direitos, toda a gente fala nos seus variados direitos, mas ao pronunciar a palavra esquecem que deve haver deveres para que os dois pratos da balança – direitos e deveres - estejam em equilíbrio. E o principal dever é respeitar os outros, não os prejudicar no exercício dos seus legítimos direitos.

Este dever de respeitar os direitos dos outros é muitas vezes esquecido e muitas autoridades esmagam, sem a mínima consideração, os que dependem de si e que, por isso, ficam mais desprotegidos. É dever também desempenhar as suas tarefas honestamente com permanente vontade de ser eficiente, excelente. Os que têm o dever de zelar pelo bem-estar da população, devem ser escrupulosos e não viver acima das possibilidades dos contribuintes, isto é, devem fazer escrupulosa utilização do dinheiro público. Para isso, a estrutura deve ter apenas o peso e o volume indispensável à finalidade de governar bem o país, sem burocracias excessivas, sem instituições desnecessárias, sem mordomias desproporcionais às possibilidades dos contribuintes. As tarefas de cada órgão devem ser claramente definidas, com rigorosa atenção ao interesse dos cidadãos. O controlo das actuações deve ser isento e imparcial e a aplicação da Justiça deve ser geral sem criar excepções de imunidades e impunidades injustificáveis.

Mas além do nosso respeito pelos outros, há um outro dever que costuma ser esquecido é aquele que se refere à casa de todos nós, à Natureza. A nossa vida depende do ambiente, não apenas daquele que fica ao alcance da nossa mão, da nossa visão, mas de todo o planeta. Cada gesto nosso tem influência na saúde ambiental: a água que consumimos, o lixo que produzimos, os gases e vapores que enviamos para a atmosfera, o excesso de consumo e, principalmente, o desperdício, empobrece o património colectivo, os recursos que escasseiam e nos farão falta e aos vindouros.

E além da Natureza como nosso habitáculo, devemos respeitar os seus habitantes, animais e vegetais. Quanto aos animais, não posso deixar de sublinhar o egocentrismo e a arrogância que levou os humanos a considerarem-se «racionais» em oposição aos restantes habitantes da terra que qualificou de «irracionais». Tal classificação foi devida a ignorância e presunção dos humanos, pois, os animais não humanos raciocinam de forma mais coerente e pragmática do que muitos humanos e, frequentemente, dão lições de convivência, de afecto entre os familiares, os do mesmo bando e, o que é impressionante, em relação a tipos de outras espécies e raças. Nisto aparecem exemplos que devem envergonhar os humanos racistas, xenófobos, com aversão aos que seguem religião diferente ou são adeptos de outros clubes ou de outros partidos.

O espírito de Natal deve ser aproveitado para reflectir nestes problemas, de forma simples e sem preconceitos e, depois, procurar rever os comportamentos habituais de maneira a contribuir para maior harmonia e paz em relação aos outros e à Natureza em todas as suas facetas. «Amai os outros como a vós mesmos».

Imagem de arquivo

9 comentários:

Celle disse...

A. João Soares
Sou admiradora de tudo que você escreve!
Você faz a diferença!
Um ser humano iluminado preocupado com o bem estar de todos, população, animais, natureza, meio ambiente!
Acredita no conceito "não faça ao próximo o que não quer que lhe façam". É o princípio da solidariedade e da fraternidade, antes de ser cristão é um principio Universal.
É dever de todo ser humano respeitar o direito do outro. "Seu direito termina quando inicia o do irmão". È questão de educação, de civilidade, aprende-se desde criança.
É educado respeitar o outro em qualquer lugar e circunstância.
Os animais que são chamados "irracionais" tem demonstrado mais solidariedade que os "racionais",que prejudicam os seu semelhantes de várias formas, modos e atitudes. O mundo seria bem melhor com mais fraternidade!
Se cada um de nós se modificar, após esta especial mensagem do João, o 2013 poderá ser um ano abençoado, mais justo e mais aceitável, mais feliz!
Boas Festas!
celle

A. João Soares disse...

Amiga Celle,

Não sou merecedor das suas palavras tão elogiosas e atribuo-as à sua amizade que muito aprecio.

Como digo no texto, «não é preciso inventar nada», apenas quis recordar valores que, se forem adoptados como guias dos nossos comportamentos, seremos mais perfeitos. E se muitos os adoptarem, o mundo será mais harmonioso e pacífico. Escrevo muitas vezes coisas parecidas e, por vezes, sou considerado utópico e sonhador.
Sei que não se muda o mundo com a rapidez desejada, mas de vagar se vai ao longe e os bons conselhos deixam sempre um sedimento que produzirá algum efeito.

Seria bom que as pessoas de bem insistissem na melhoria das mentalidades dos outros para bem e felicidade de cada um e da sociedade em geral. Os nossos netos iriam colher os resultados de tal esforço.
Espero não me cansar desta minha intenção até ao fim da minha viagem que não tardará muito!!!

Feliz Natal para si e todos os seus.
Beijos
João

Anónimo disse...

Apenas poderemos festejar o "espírito do Natal" abstraindo do raciocínio,
pois o Natal é uma realização artificial destinada a estimular o consumismo.
Que numa altura em que, após o solstício de inverno (no hemisfério norte) a
natureza recomeça a sua incessante renovação nos reunamos, independentemente
de credos ou superstições, comemorando colectivamente essa renovação com
esperança num mundo onde reine a Paz e a Concórdia ,estou de acordo.
Como dizia Hamlet a Horácio: o resto , é silêncio.
Bom 2013.
Eugénio

Gisele Claudya disse...

Todo fim de ano fico muito ansiosa pois sei como foi o ano. Já o que virá, me deixa com receio: será melhor do que o ano que está indo embora? Enfim.... mistérios!!!
Mas o bom mesmo é estar perto dos entes queridos, dos amigos, de todos. Mesmo que seja de forma virtual.
Por isso, desejo a todos os amigos e os que virão a ser amigos, um FELIZ NATAL e um 2013 iluminado só de coisas boas.
Beijosssssssss

A. João Soares disse...

Caro Eugénio,

Muito obrigado pela visita e pelo comentário. Estamos totalmente de acordo. As festividades no solstício de Inverno são muito anteriores ao nascimento de Cristo e «provavelmente» este foi agendado para esta data para aproveitar a continuação das festividades «ditas pagãs», isto é o hábito de festa já existente, tal como a Páscoa, a seguir ao equinócio da Primavera.

A sua parte final vem dar força à intenção do post. A passagem do ano, sendo data de fecho do balanço contabilístico, deve servir para fazer planeamentos para o Novo Ano que se deseja seja melhor do que o findo. Essa preparação do Novo Ano não deve ficar pelos planos financeiros e materiais, mas deve reformular também os mais importantes aspectos da vida, aqueles que servem de fundamento à felicidade. A relação com os outros e com a Natureza, o respeito por valores éticos, a procura da satisfação através de pensamentos e acções positivas, são mais dignificantes do que o simples êxito nos negócios.

Feliz Natal e um abraço
João


A. João Soares disse...

Cara Amiga Giselle Claudya,

Desejo-lhe que o Novo Ano lhe traga muitos êxitos, saúde e óptima disposição. Conseguirá isso se quiser, se procurar obter os melhores resultados de cada situação ao longo dos 365 dias do ano.
No livro de Neale Donald Walsch «Concersations With God, an uncommon dialog» Deus diz que a procura da felicidade está na nossa mão e o resultado dependerá do nosso comportamento. Em cada momento, não devemos querer o impossível, devemos apreciar as coisas simples e ter pensamentos positivos, fazer o melhor, procurar agir com excelência.

Boas Festas e Feliz Natal
Beijos
João

JFaiaCorreia disse...

Caro A.J.Soares

Leio sempre que posso o que escreve e o que outros escrevem sobre a sua pessoa. Sabe quanta estima tenho por si e tenho razõs para tal.
Fui Oficial do Exército no ativo e, durante mais de 40 anos, tive muitos (co)mandantes e poucos verdadeiros chefes. Curiosamente, foi com o mais novo de entre estes, aliás pouco mais velho do que eu, com quem mais aprendi em termos de ética, organização, comando e liderança, quando foi Comandante da 2ª. Companhia do Corpo de Alunos da Academia Militar na Amadora, cargo que, por 2 vezes, mais tarde, com muita honra eu desempenhei também, ocupando o mesmo gabinete e, sentado à mesma secretária, recordei os seus ensinamentos. De resto, queria dizer-lhe quão importantes foram para mim esses conhecimentos nas mais diversificadas e difíceis funções que fui desempenhando ao longo da minha carreira.
Eu sei que a sua modéstia fica um tanto incomodada com estes encómios, mas como beirão sabe também quanto eu que nós dizemos o que nos vai na alma, sem rodeios.

Aproveito para desejar-lhe BOAS FESTAS e muita paciência para o ano que vem aí, porque quanto a esperança de melhorias...
O abraço amigo do camarada

JFaiaCorreia

A. João Soares disse...

Caro José Faia,

Desejo que tal como os familiares e amigos passe da melhor forma esta quadra festiva e que o Novo Ano não seja desanimador, antes lhe traga aquilo que na circunstância mais desejar.

Como amigo desde há mais de meio século perdoo-lhe ter desvendado o manto que protegia o meu anonimato que escolhi para me sentis+r apenas um cidadão livre sem a preocupaçao de estar atento para não melindrar instituições e entidades com quem servi.

Os meus blogues merecem que lhes dedique todo o tempo possível e uso-os para estar em contacto com o mundo e os amigos que por aqui deixam comentários a que respondo sempre.

Foi com surpresa que tive esta sua visita e espero que repita os seus comentários para ampliar os pontos de vista com que os temas devem ser abordados e analisados.

Feliz Natal e um abraço
João

A. João Soares disse...

Em reforço da ideia defendida no post, transcrevo as palavras ditas pelo Bispo do Porto:
Manuel Clemente pediu por fim a cada um: "olhai em redor, em casa, na vizinhança, ou onde poderdes chegar, do modo que seja; reparai em algo a fazer, alguém a ajudar, caso a resolver; não deixeis acabar o dia sem terdes feito algo nesse sentido, pouco que seja; amanhã mais um passo".
"Este dia é belo demais para esperar outro ano".