sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Estamos mal enterrados

Transcrição de texto de Joaquim Letria, publicado em «maleducado66» em 30-11.2012, seguido de mota:

A REDUÇÃO das reformas e pensões são as piores, mais cruéis, e moralmente mais criminosas, das medidas de austeridade a que, sem culpa nem julgamento, fomos condenados pelo directório tecnocrático que governa o protectorado a que os nossos políticos reduziram Portugal.

Para os reformados e pensionistas, o ano de 2013 vai ser ainda pior do que este 2012. Os cortes vão manter-se ou crescer e, com o brutal aumento de impostos, a subida dos preços dos combustíveis, do gás e da electricidade, e o encarecimento de muitos bens essenciais, o rendimento disponível dos idosos será ainda menor.

Os aposentados são indefesos. Com a existência organizada em função dum determinado rendimento, para o qual se prepararam toda a vida, entregando ao Estado o estipulado para este fazer render e pagar-lhes agora o respectivo retorno, os reformados não têm defesa. São agora espoliados e, não tendo condições para procurar outras fontes de rendimento, apenas lhes resta, face à nova realidade que lhes criaram, não honrar os seus compromissos, passar frio, fome e acumular dívidas.

No resto da Europa, os velhos viram as suas reformas não serem atingidas e, em alguns casos, como sucedeu, por exemplo, em Espanha, serem até ligeiramente aumentadas. Portugal não é país para velhos. Os políticos devem pensar que os nossos velhos já estão mortos e que, no fim de contas, estamos todos mal enterrados...

NOTA:
Os comportamentos que os nossos políticos vêm praticando há alguns anos e agora com mais intensidade, denunciando desumanidade, insensibilidade e crueldade, com neurose obsessiva pelos números fazem prever tempos muito difíceis. A propósito do excesso de idosos dependentes da pensão e dos cuidados de saúde, não esqueçamos que Almeida Santos num congresso do PS, relativamente recente, apresentou a sugestão ou proposta de se legislar sobre a eutanásia. Não se trata de uma obra de misericórdia para os que sofrem, mas para reduzir as despesas do Estado com os que já não produzem. Os Espartanos da antiga Grécia e o Hitler tinham a mesma ideia. O grupo Bilderberg também a tem.

A eliminação dos não activos, possivelmente, começará de forma discreta, com sucessivos cortes e dificuldades (como estamos a enfrentar), mas poderá acabar por ter aspectos definitivos: na primeira ida ao médico depois da reforma, o médico, independentemente da doença, receita aspirina e diz «vai passar, mas se voltar a sentir-se mal venha cá para mudar de tratamento». Quando volta, o médico tira da gaveta um comprimido e diz-lhe: à noite coloque na mesa-de-cabeceira um a caneca de chá morno e o comprimido, depois de estar na cama tome o chá e o comprimido. No dia seguinte já não terá nada»... E não tem.

Longe de mim chamar a isto uma profecia ou uma simples previsão, pois é apenas um receio de que os sintomas existentes não parem de se agravar no sentido esboçado. Sugere-se que os políticos, com a sua vocação pela austeridade, se recorrerem abertamente à eutanásia compulsiva, a iniciem pelos detentores de reformas milionárias, pois isso terá mais beneficio para o orçamento.

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