domingo, 28 de abril de 2013

O IDIOMA CAVAQUÊS ABUSA DO ECONOMÊS


A noção de liberdade de expressão, de «transparência democrática», de explicação, de auscultação da opinião popular, de fomento da confiança e esperança com base em esclarecimento geral e verdadeiro não aconselha a utilização de códigos profissionais, normalmente, muito codificados.

Antes de continuar e para aliviar a tensão, o Amigo José, militar, há dias lamentava a desconfiança e implicação da mulher que o levava a ter de lhe fazer todos os dias o SITREP e, mesmo assim, ela não ficava tranquila. Um dos presentes ficou cheio de curiosidade e perguntou, um pouco tímido: «Que raio de modalidade de carícia ou de posição é essa?». O José ficou surpreendido com a ignorância do amigo e explicou que é o «SITuation REPort», relatório da situação que, no caso, era a descrição de todos os seus movimentos e de tudo o que fez desde que saiu de casa até regressar.

Vejamos o que escreveu a professora Joana Amaral Dias no seu artigo no Correio da Manhã de ontem:

Cavaquês

A segurança jurídica e a competitividade e previsibilidade fiscal são elementos decisivos para as decisões dos agentes económicos e, logo, para o crescimento disse o Presidente da República no discurso do 25 de Abril.

A tinta que já correu sobre tal elocução: facciosa, paradoxal, divisionista. Mas já repararam no quão mal escrita está? Para quê tanta conjunção aditiva na frase citada, por exemplo? Para quê "decisivos para as decisões"? Não podia ser cruciais para as resoluções? Determinantes para os juízos?

Enfim, a coisa está pejada destas deselegâncias. Mas a maior de todas é o economês. Por alma de quem é que um PR, de todos os portugueses, no 25/04, enche 4 folhas A4 com expressões como "rácios de solvabilidade", "superavites primários" "desalavancagem dos bancos", "défice primário estrutural", "rácio da dívida pública", "pacotes normativos six-pack" e "two-pack" . Só lhe faltou citar Kant, Habermas, Arendt, como a Presidente da AR. Para que serviu o exibicionismo vernacular? Para ninguém entender? Ou teremos outro candidato a Ministro da Economia? Também tu, Cavaco? Ou, afinal, será mesmo das finanças?

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