segunda-feira, 25 de abril de 2016

25 DE ABRIL - REFLEXÔES

Completam-se hoje 42 anos sobre a data nacional mais importante dos últimos tempos. A sua importância não assenta apenas em factores positivos, mas principalmente em temas de reflexão que nos podem ajudar a compreender virtudes e defeitos humanos e concluir pela necessidade de uma mais adequada preparação de um futuro melhor estruturado e gerido.

Como a maior parte das revoluções, esta nasceu de um impulso que não assentou numa visão alargada e bem estruturada daquilo que se pretendia construir depois. O erro não foi original: a tão conhecida Revolução Francesa escolheu o lema liberdade, igualdade e fraternidade, sem ver que a liberdade e a igualdade não são compatíveis. Se numa formatura militar há igualdade de uniforme, não há liberdade de cada um estar vestido como mais deseja. E, quanto a fraternidade, ela tem sido apanágio de grandes filósofos como Cristo, mas não costuma ir muito mais longe na prática. O resultado foi o aparecimento da guilhotina contra a fraternidade e contra os que não seguiram a igualdade de pensamento, usando a liberdade.

Depois do golpe de 25 de Abril, veio o PREC, desorganizado, com a liberdade transformada em LIBERTINAGEM e o poder entregue a oportunistas com visões mal definidas e não explicadas, muitas vezes apontadas a pormenores de interesse pessoal, com desprezo pelos grandes objectivos nacionais que não tinham sido definidos. Esperava-se que estes e as grandes estratégias tomassem forma espontaneamente. Mas não surgiu a necessária convergência de patriotismo consensual que os definisse e às respectivas estratégias para os atingir. O homem de quem todos muito esperavam, mostrou ter ideias limitadas e pouco flexíveis baseadas fundamentalmente na sua vaidade pessoal, acabando por, ao fim de cinco meses, desistir da continuação do Portugal novo que ajudou a iniciar e indo tentar uma outra forma de lutar.

O poder foi entregue a pessoas ambiciosas por oportunidade de alimentar a sua vaidade, com ideias muito condicionadas mas sem um conhecimento adequado da vida nacional e da necessidade de dar uma estrutura conveniente ao País, quer internamente quer internacionalmente perante os parceiros que mais interessavam. A criação da própria Constituição pecou por uma imperfeita definição daquilo que se pretendia do País e da forma de o engrandecer e, em vez de linhas estratégicas de aplicação alargada, prendeu-se com pormenores muito condicionantes limitadores, para satisfazer às várias opiniões influentes.

Para dar um exemplo da impreparação daqueles que mais se evidenciaram no aproveitamento do poder. cito um artigo intitulado «Memória do 13 de Junho de 1974»

E para não me alongar, termino com o desejo de que estes 42 anos devem servir não para as habituais recriminações e tricas partidárias, mas para evitar cair em erros semelhantes e, pelo contrário, «pensar antes de decidir» as estruturas que permitirão colocar Portugal a par dos melhores Estados do Mundo em produção de riqueza e na sua distribuição socialmente mais moral e justa para que haja uma qualidade de vida tão boa quanto possível, com menores desigualdades, com maior fraternidade e com uma liberdade que respeite democraticamente os direitos dos outros.

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