(Public em DIABO nº 2386 de 23-09-2022, pág 16, por António João Soares)
Um Estado, para ter prestígio não lhe basta ter
elevado grau de desenvolvimento e Forças Militares poderosas, convém dispor de
Instituições bem estruturadas, e com actuações que se dão ao respeito e que
sejam efectivamente respeitadas e servidas por funcionários competentes e
coerentes e se baseiem numa preparação, quer técnica quer ética, que garanta
dignidade em todas as suas decisões e nas mínimas atitudes.
Uma fraca instituição cujos funcionários que, em vez
de fazerem afirmações bem elaboradas assentes em estudos e reflexões prévias,
mesmo que não sejam ainda decisões definitivamente elaboradas, e se limitarem a
suposições ou palpites ainda hipotéticos afirmados com ar autoritário,
desmerece o respeito das pessoas que sentem dificuldade em dialogar e apresentar
um raciocínio colaborante para a decisão final.
Sem cuidados de reflexão e de estudos inteligentes dos
assuntos, os responsáveis de instituições que devem merecer ser respeitadas
arriscam-se a ser tidos como palhaços. O caso recente mais notado foi o de uma
afirmação acerca de uma decisão já supostamente tomada acerca da construção do
aeroporto que substituirá o de Lisboa e que foi feita quando o PM estava
ausente, mas este, quando se apresentou, não hesitou em anular tal afirmação.
Curiosamente, não quis mostrar a sua autoridade perante o erro do seu
subordinado nem este pediu para abandonar a sua função. Não estávamos perante
instituições realmente respeitáveis! Nem estávamos em democracia, em que o povo
é quem mais ordena. Apenas alguns órgãos de comunicação social, de forma
extremamente obediente, referiram a bronca.
A propósito do referido caso, que existe há tantos
meses, ainda não sabemos qual é a instituição que estará a preparar a decisão
sobre a localização de tão importante obra pública. Temos ouvido diversas
opiniões, uma das quais bem recente refere que deve situar-se nas proximidades
de Santarém por ficar próxima e ficar com boas ligações à capital e ao centro e
Norte do país. A maior parte das hipóteses referem o Sul do Tejo o que, para
ligação ao âmago do país, torna indispensável a construção de mais uma ponte
ferro e rodoviária o que, além dos custos, exige demorado tempo, o que não se
ajusta à definição de «instituição».
E tem havido hesitações e falta de decisão em muitos
assuntos ligados às pandemias persistentes à inflacção, à corrupção e à
decadência progressiva em que estamos a continuar em relação aos países menos
desenvolvidos da Europa. Há muitos aspectos da vida sócio-económica que deviam
ser resolvidos mas são tratados com promessas que depois não passam de
fantasias publicitárias.
As ideias para serem respeitadas devem ser dotadas de
coerência, traduzirem competência e terem continuidade a fim de serem
acreditadas pelas pessoas que esperam vê-las concretizadas.
Já não saía do Centro de Apoio Social há muito tempo,
mas hoje tive de sair devido a um caso imprevisto e grave. Choveu na ida e no
regresso mas com mais intensidade na vinda. A dada altura, numa confluência de
trânsitos, houve necessidade de maior atenção de automobilistas e a seguir
desabafei com o motorista que os condutores têm de ser cuidadosos em qualquer
momento, principalmente quando o piso está molhado. Ele concordou mas não me
explicou a razão de nos últimos meses, com tempo extremamente seco, ter havido
enorme quantidade de acidentes. Talvez o excesso de calor tenha ocasionado a
falta de concentração dos motoristas e também a menor atenção de peões a
atravessar a via. E também por ser época de férias, tempo de descontracção.
Aquilo que no início se disse acerca das instituições
respeitáveis deve ser considerado válido para as pessoas sérias, honestas e com
sentido de responsabilidade e de respeito pelos outros, qualidades que devem
ser adoptadas por cada cidadão digno.
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