Public em DIABO nº 2334 de 24-09-2021, pág 16, por António João Soares
Há muita gente bem informada que pensa, escreve e publica que «vinte anos depois o mundo está mais perigoso», talvez se referindo aos efeitos da destruição das torres gémeas, mas a verdade parece ser mais dilatada no espaço e vir a ser mais abrangente no tempo. Não gosto de ser pessimista, mas a realidade obriga-nos a dar a devida importância a certas tendências pouco salutares que estão a afectar a vida social pelo mundo fora. Há que fazer tudo para ultrapassar as causas de tal pessimismo e desenvolver sensação de esperança e de optimismo a fim de o futuro se tornar mais risonho e prometedor.
Muitas pessoas pouco informadas mas esperançadas na
Providência Divina esperam que haja um milagre, mas Deus deseja
que os homens, com a liberdade que lhes é dada, decidam sensatamente o destino
da Humanidade. Por isso, cada passo, cada decisão, deve ser precedido de muita
ponderação e sensatez.
Num livro de «conversas
com Deus» editado há anos, o autor jornalista perguntou a Deus se faz milagres
e a resposta foi negativa porque não quer alterar as leis da Natureza que foi
bem estruturada. Conclui-se que os homens não podem adormecer e esquecer as
suas responsabilidades porque, depois, terão o resultado das suas acções e das
suas omissões.
Por isso, não são
aconselháveis, actos de terrorismo nem permanentes tricas internas que acabam
por afectar a vida sócio-política, o trabalho de empresas mais frágeis e, em
consequência, a justiça social, a economia nacional e o desenvolvimento do
País. A democracia (o povo é quem mais ordena) deve permitir e incentivar à
participação nos actos eleitorais e, nos seus intervalos, fazer críticas
adequadas, construtivas a fim de contribuir, democraticamente, para serem
tomadas as melhores decisões, estudadas e estruturadas por forma a que as
situações recebam o tratamento mais correcto com vista a obter efeito mais
inteligente no presente e no futuro de médio e longo prazo. Há que evitar
navegar à vista da costa, para não ser vítima de encalhes nos escolhos. Isto
sempre a pensar em conseguir o melhor futuro de todos os seres humanos e da
Natureza.
Todos temos que estar
atentos, criticar e sugerir aos governantes e votar em gente competente e
sensata. E esta prudência e sentido de responsabilidade e de amor ao país deve
começar pelos governantes que devem constituir o melhor exemplo a seguir pelos
cidadãos. Começa por deverem respeitar a função governativa e de administração
pública, logo no momento da escolha de colaboradores em que deve haver a máxima
garantia de que possuem boa preparação, experiência, respeito pela função e
pelo seu efeito nas vidas dos cidadãos, principalmente dos menos favorecidos pela
sorte que precisam de ser melhor preparados para merecerem sair do antro da
fome e da pobreza.
Ao admitirem-se funcionários públicos não se
deve dar prioridade aos seus laços familiares ou ao partido de que é servidor,
mas à sua capacidade de servir Portugal, acima de tudo, mesmo da sua vida e do
seu próprio património. O exemplo mais notável da actualidade é o do Exmo
Senhor Vice-Almirante Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo, cujo
trabalho tem estado a ser elogiado por muita gente séria e respeitadora dos
portugueses e ninguém lhe refere partido ou ideologia ou religião. O seu
respeito pelos portugueses, o sentido da responsabilidade das funções que
assumiu e o objectivo do seu trabalho têm sido a sua preocupação. Tem provado
ser um Português de muito valor e com muito mérito para bem da Nação.
Antes de encerrar o
texto, topei um escrito que refere um mal que pode advir da má conduta de um
governante que desrespeita a principal norma da democracia, priorizando a sua
religião, a sua ideologia, o seu partido e os seus familiares e amigos e, com
isso, regressa a um regime feudal há muito posto fora de moda, transformando esta
desejada democracia que foi bem intencionada.
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