quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A EVOLUÇÃO CIENTÍFICA PARTE DE DÚVIDAS

(Public em DIABO nº 2299 de 22-01-2021, pág 16. Por António João Soares)

Há pouco tempo, uma jovem sueca descobriu que a Terra está a aquecer por culpa do uso de combustíveis de origem mineral e que é preciso lutar contra as alterações climáticas. E isso foi afirmado com arrogância convincente de tal forma que a jovem apareceu perante assembleias públicas de conceituadas instituições e arrastou apoios de elevados estadistas que transmitiram aos seus súbditos a “certeza científica” de que somos capazes de condicionar o clima alterando os nossos comportamentos.

Agora, aparentemente no seguimento de tal “saber científico”, a temperatura desceu de forma muito diferente do habitual, tendo, por exemplo, a Espanha atingido os 16 graus negativos. Será que os altos dirigentes políticos que gostam de alimentar a sua vaidade com actos públicos, bem visíveis e reportados, irão proceder à condecoração dos activistas dos seus países que mais se destacaram nesta campanha da jovem sueca contra o aquecimento da Terra, por terem conseguido atingir os seus pretendidos “objectivos”? Seria bonito ver o nosso PR interromper a campanha eleitoral para proceder a tal acto, esperando angariar mais votos para ser reconduzido no cargo!

Mas a realidade não parece provar que este frio tivesse surgido em resultado de tal tão propagandeada luta. Trata-se de uma situação natural não prevista nem controlável pelo homem. E pensem que podem existir coisas certas nos diversos textos que aqui publiquei, de que refiro os seguintes títulos e as datas em que vieram a público: em 26-04-2019, “Alterações climáticas e defesa do ambiente”; em 05-07-2019, “Alteração climática é fenómeno natural”; em 06-06-2019, “Tempestades de granizo”; em 20-09-2019, “Contra a desertificação, pela natureza”; em 04-10-2019, “Alterações climáticas e ambiente”; em 11-11-2020, “Alterações climáticas”; em 11-12-2020, “Defender o ambiente e respeitar o espaço cósmico”.

Deus nos livre dos vaidosos pretensiosos “sábios” que só têm certezas e nunca aceitam dúvidas, ao contrário dos célebres cientistas que vivem cercados de dúvidas, e mesmo quando obtêm respostas credíveis para elas, continuam os estudos e as experiências para as confirmar. E é com a procura de respostas para as suas interrogações que avançam para as certezas que irão constituir o verdadeiro saber científico. A dúvida constitui o ponto de partida para a investigação e para o desenvolvimento da ciência. A evolução científica parte das dúvidas.

E quando apenas há certezas e se anunciam as futuras decisões, antes de se iniciarem os estudos para as questões que devem ser consideradas, então, provavelmente, caminha-se para uma sucessão de erros que degradam a economia e todo o ambiente circundante, incluindo a situação social de um país como o nosso que vê piorar, a par e passo, a sua situação relativa aos parceiros da União Europeia.

Quem só tem certezas e nunca tem dúvidas não passa de um estúpido pateta. Para obter conhecimento e contribuir para o desenvolvimento é conveniente usar humildade, aceitar dúvidas e tudo fazer para as eliminar e, assim, ficar seguro das realidades, dos problemas e dos seus factores e condicionamentos e, depois, poder tomar a decisão que mais lhe convier para a finalidade que deseja. Isto é mais seguro do que tomar decisões por palpite e apenas por convicção de momento.

Num curso em que se ensinava a preparar as decisões, o General Bettencourt Rodrigues, no momento de fazer a lista das possíveis modalidades de acção, dizia: “agora durante 5 minutos a asneira é livre”. Isto é, a decisão final deve ser uma escolha da melhor solução de entre todas as possíveis. Este curso destinava-se a formar oficiais que iriam integrar o Corpo do Estado-Maior do Exército. ■


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